quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Idade Média: A Influência da Igreja Católica, expansão do Islamismo e as Cruzadas.


A Idade Média: Igreja, Islão e as Cruzadas


1. O que foi a Idade Média?

A Idade Média é um período histórico tradicionalmente compreendido entre a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C., e a tomada de Constantinopla pelos turcos-otomanos em 1453. Longe de ser uma "idade das trevas", como ficou pejorativamente conhecida durante o Renascimento, foi uma era complexa e dinâmica, marcada pela síntese entre a cultura clássica romana, as tradições germânicas e a espiritualidade cristã. A Igreja Católica emergiu como a instituição mais estável e influente do período, tornando-se o eixo em torno do qual a sociedade medieval girava.

2. A Divisão: Alta e Baixa Idade Média

Para melhor compreensão, os historiadores dividem a Idade Média em dois grandes subperíodos:

· Alta Idade Média (séculos V ao X): Caracterizada pela desagregação do poder centralizado de Roma, ruralização da sociedade, economia basicamente agrária e de subsistência (o Feudalismo), e constantes invasões bárbaras. O poder era fragmentado entre os senhores feudais.
· Baixa Idade Média (séculos XI ao XV): Período de transformações e renascimento. Houve um crescimento populacional, o renascimento comercial e urbano, o fortalecimento do poder real e o surgimento de uma nova classe social: a burguesia. É neste contexto que as Cruzadas se inserem e atuam como um dos catalisadores dessas mudanças.

3. A Influência da Igreja Católica e do Clero

A Igreja Católica foi a instituição onipresente e dominante na Europa Medieval. Sua influência permeava todas as esferas da vida:

· Política: O Papa era uma figura de autoridade rival aos imperadores e reis. A Teoria do Dualismo (poder espiritual do Papa e poder temporal do Imperador) era constantemente disputada. A Coroação de Carlos Magno pelo Papa Leão III em 800 é um símbolo máximo dessa relação. O clero era o setor letrado da sociedade, responsável pela administração e redação de documentos.
· Filosofia e Educação: A filosofia medieval foi dominada pela Escolástica, que buscava conciliar a fé cristã com a razão, principalmente através da obra de Aristóteles. Figuras como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino são centrais. A educação era monopólio da Igreja, ministrada em mosteiros e, posteriormente, nas primeiras universidades.
· Artes: A arte era essencialmente religiosa e didática, destinada a glorificar a Deus e educar uma população majoritariamente analfabeta. A arquitetura é o maior legado, evoluindo do estilo Românico (sólido, baixo e com poucas aberturas) para o Gótico (vertiginoso, com vitrais e arcos ogivais, simbolizando a ascensão a Deus).
· Economia e Sociedade: A Igreja era a maior proprietária de terras na Europa, exercendo grande poder econômico. Ela também estruturava a sociedade através da Teoria dos Três Estados: Oratores (os que rezam - clero), Bellatores (os que combatem - nobreza) e Laboratores (os que trabalham - servos).

4. A Expansão Islâmica e os Califados

Paralelamente ao desenvolvimento da Europa Cristã, o Islão surgia na Península Arábica no século VII, com a revelação do profeta Maomé. Após sua morte em 632, a comunidade muçulmana foi liderada pelos califas (sucessores), que iniciaram uma expansão territorial vertiginosa.

Sob os califados Omíada e Abássida, os exércitos islâmicos conquistaram vastos territórios, incluindo o Norte da África, Península Ibérica (Al-Andalus), Palestina, Síria, Pérsia e partes da Índia. Essa expansão não foi apenas militar, mas também cultural e científica. Cidades como Bagdá (no Oriente) e Córdoba (no Ocidente) tornaram-se centros de conhecimento, onde se preservou e se avançou sobre a filosofia, matemática, astronomia e medicina da Antiguidade Clássica, conhecimentos que, em grande parte, haviam se perdido na Europa.

5. As Cruzadas: Conflito e Encontro

As Cruzadas foram expedições militares e religiosas organizadas pela Igreja Católica, entre os séculos XI e XIII, com o objetivo declarado de reconquistar a Terra Santa (Jerusalém e arredores) do domínio muçulmano.

· Motivos: Os motivos eram uma complexa teia de fatores:
  · Religioso: A reconquista de Jerusalém, local de peregrinação sagrado. A Igreja também prometia a remissão dos pecados aos cruzados.
  · Político: O Papa buscava reunificar a cristandade (inclusive com a Igreja Ortodoxa do Oriente) e aumentar seu poder temporal.
  · Econômico e Social: A nobreza europeia mais jovem via nas Cruzadas uma oportunidade de obter terras e riquezas. Para os comerciantes italianos (de Veneza e Gênova), representava a abertura de novas rotas comerciais.
· Participantes e Quantidade: Houve oito Cruzadas principais, além de outras menores. Participaram reis, nobres, cavaleiros, camponeses e até crianças (na "Cruzada das Crianças").
· Consequências:
  · Para o Oriente: Gerou um legado de desconfiança e hostilidade entre cristãos e muçulmanos que perdura até hoje. Causou grande destruição e morte nas populações locais.
  · Para o Ocidente: Apesar do fracasso militar final (os cristãos não mantiveram o controle permanente da Terra Santa), as consequências para a Europa foram profundas e transformadoras.

6. Cruzadas e o Renascimento Cultural, Comercial e Econômico

As Cruzadas foram um dos principais motores do declínio da Alta Idade Média e do advento das transformações da Baixa Idade Média.

· Renascimento Comercial: O contato com o Oriente reativou o comércio no Mediterrâneo. Os europeus passaram a demandar produtos de luxo como especiarias, sedas, porcelanas e açúcar. As cidades italianas, que forneciam transporte e financiamento, enriqueceram enormemente, tornando-se os principais intermediários desse comércio.
· Renascimento Cultural e Intelectual: O contato, por vezes violento, com a civilização islâmica permitiu que os europeus redescobrissem os textos clássicos de Aristóteles, Platão e outros filósofos e cientistas, que haviam sido preservados e comentados pelos sábios árabes. Traduções do árabe para o latim reintroduziram conhecimentos em matemática (algarismos arábicos), medicina, astronomia e química na Europa, fertilizando o solo para o futuro Renascimento.
· Declínio do Feudalismo: A circulação de moedas, o renascimento do comércio e o crescimento das cidades (burgos) enfraqueceram a economia agrária e autossuficiente do feudo. Muitos servos aproveitaram as Cruzadas para deixar os feudos, e a nova economia monetária começou a corroer as relações de vassalagem, baseadas na terra.

Conclusão

O período medieval, portanto, não pode ser entendido sem a compreensão da simbiose entre o poder espiritual da Igreja Católica, o dinamismo e a erudição do mundo islâmico e o impacto catalisador das Cruzadas. Este grande conflito, embora de natureza religiosa, abriu caminho para o fluxo de ideias, mercadorias e conhecimentos que quebraram a estagnação relativa da Alta Idade Média e pavimentaram a estrada para as grandes transformações dos séculos seguintes: o Renascimento Cultural, a formação dos Estados Nacionais e a expansão marítima europeia.

terça-feira, 28 de outubro de 2025

EJA 03 - Período Regencial Brasileiro (1831 - 1840) Aula 2025

Período Regencial (1831 - 1840) Versão EJA






O Período Regencial (1831-1840): Uma Era de Turbulências e Transformações


O Período Regencial foi uma das fases mais complexas, conturbadas e decisivas da história do Brasil. Ele funcionou como um verdadeiro laboratório político, onde as disputas pelo poder e os projetos de nação foram testados, frequentemente à força, moldando o destino do país.


Definição e Duração

O Período Regencial foi uma regência trina e una que governou o Brasil entre a abdicação de Dom Pedro I, em 7 de abril de 1831, e a coroação de Dom Pedro II, com o Golpe da Maioridade, em 23 de julho de 1840. Como o herdeiro do trono, Dom Pedro II, tinha apenas 5 anos de idade em 1831, a Constituição de 1824 previa que o Império fosse governado por regentes até que o imperador atingisse a maioridade.

Fato Histórico que Iniciou o Período

O marco inicial do período foi a Abdicação de Dom Pedro I, em 7 de abril de 1831. Pressões políticas internas, descontentamento popular, a impopularidade da Guerra da Cisplatina e a crise econômica fragilizaram sua posição. A gota d'água foi o conflito com a elite política brasileira (os "brasileiros"), que não aceitava seu autoritarismo e seu vínculo com Portugal. Forçado, Dom Pedro I abdicou em favor de seu filho de cinco anos, Pedro de Alcântara.

Fato Histórico que Concluiu o Período

O período regencial foi encerrado pelo Golpe da Maioridade, em 23 de julho de 1840. Liderado pelos políticos do Partido Liberal, o golpe antecipou a maioridade de Dom Pedro II, que na época tinha apenas 14 anos. O objetivo principal da elite política era conter a onda de revoltas e instabilidade que ameaçava a unidade do Império, acreditando que a figura de um imperador, mesmo jovem, traria centralização, autoridade e paz.

Periodização: As Regências

O período é dividido em três fases principais:

1. Regência Trina Provisória (Abril a Junho de 1831): Assumiu o poder imediatamente após a abdicação, com o objetivo de convocar eleições para uma regência permanente.
2. Regência Trina Permanente (1831-1835): Governada por três regentes eleitos pela Assembleia Geral. Foi um período de intensa agitação, marcado pelo avanço de ideias liberais e federalistas, culminando na criação do Ato Adicional de 1834.
3. Regência Una de Diogo Antônio Feijó (1835-1837): O Ato Adicional substituiu a regência trina por uma regência una, elegendo o padre Diogo Antônio Feijó como Regente. Seu governo foi marcado pelo agravamento das revoltas provinciais.
4. Regência Una de Araújo Lima (1837-1840): Após a renúncia de Feijó, assumiu Pedro de Araújo Lima (futuro Marquês de Olinda). Seu governo representou uma reação conservadora, com a reforma do Ato Adicional em 1840 (Lei de Interpretação do Ato Adicional), centralizando o poder novamente. Este foi o último governo regencial.

Características Gerais do Período

· Crise e Instabilidade: Foi um período de profunda crise política e social.
· Experiência Liberal: Foi o momento de maior autonomia provincial e avanço de ideias liberais no Império.
· Vácuo de Poder: A ausência da figura do imperador criou um vácuo de poder, intensificando as disputas entre as facções políticas.
· Rebeliões Regionais: Eclodiram inúmeras revoltas em várias províncias, contestando o poder central.
· Centralização vs. Federalismo: O grande debate do período era entre centralizar o poder no Rio de Janeiro ou conceder mais autonomia às províncias.

Grupos Políticos do Período

Três grupos principais disputavam o poder:

1. Restauradores (Caramurus): Defendiam a volta de Dom Pedro I ao trono e um governo centralizado. Eram em sua maioria portugueses e burocratas ligados ao antigo imperador.
2. Liberais Moderados (Chimangos): Formado pela maioria da elite agrária brasileira. Defendiam a monarquia, mas com maior autonomia para as províncias e um governo representativo. Eram a força política dominante durante a maior parte do período.
3. Liberais Exaltados (Farroupilhas ou Jurujubas): Eram os liberais radicais. Defendiam a descentralização total, a federação, e alguns até a proclamação de uma república. Tinham forte apoio nas camadas médias urbanas e nas províncias.

O Ato Adicional de 1834

Foi a principal reforma constitucional do período, criada para atender às demandas por descentralização. Suas principais medidas foram:

· Substituição da Regência Trina pela Regência Una.
· Criação das Assembleias Legislativas Provinciais, que ganharam autonomia para legislar sobre assuntos locais (impostos, educação, estradas).
· Extinção do Conselho de Estado, órgão de caráter conservador.
· Foi uma vitória dos liberais, mas sua excessiva descentralização é apontada como uma das causas da explosão de revoltas.

Principais Fatos Históricos e Revoltas

O período foi marcado por uma série de conflitos que refletiam as tensões sociais, econômicas e regionais:

· Cabanagem (1835-1840) - Grão-Pará: Revolta popular de indígenas, mestiços e negros libertos contra a elite local e o governo central. Foi uma das revoltas mais sangrentas, com os rebelados chegando a tomar o poder na província.
· Sabinada (1837-1838) - Bahia: Liderada por Francisco Sabino, foi uma rebelião de classe média urbana (militares, jornalistas, profissionais liberais) que proclamou uma "República Baiana" enquanto Dom Pedro II não atingisse a maioridade.
· Balaiada (1838-1841) - Maranhão: Movimento social envolvendo vaqueiros, escravizados fugidos e artesãos (como o fabricante de balaios, Manoel Francisco dos Anjos, o "Balaio") contra a elite rural e a miséria generalizada.
· Guerra dos Farrapos (1835-1845) - Rio Grande do Sul: A mais longa rebelião. Liderada pela elite estancieira gaúcha, proclamou a República Rio-Grandense e a República Juliana (em Santa Catarina). Motivada por altos impostos e questões políticas, foi essencialmente um conflito de elites regionais contra o governo central.

Conclusão

O Período Regencial foi muito mais do que um simples "interregno" entre dois imperadores. Foi uma fase de definição do Estado nacional brasileiro, onde as forças centrífugas (descentralização e revoltas) foram contidas pelas forças centrípetas (centralização e unidade). O Golpe da Maioridade, ao colocar Dom Pedro II no trono, representou a vitória da elite em busca de ordem e estabilidade, mas as lições e tensões desse período marcariam profundamente o resto do Segundo Reinado.



ATIVIDADE PONTUADA (1,0)

Exercício: O Período Regencial Brasileiro (1831-1840)

Parte 1: Questões Discursivas

1. Defina, em suas próprias palavras, o que foi o Período Regencial no Brasil.

2. Qual foi o fato histórico que deu início ao Período Regencial e quais foram as suas causas principais?

3. Explique o que foi o "Golpe da Maioridade" e por que a elite política da época o articulou.

4. Diferencie os principais interesses dos grupos políticos Liberais Exaltados (Farroupilhas) e Restauradores (Caramurus).

5. Quais foram as duas principais mudanças instituídas pelo Ato Adicional de 1834?

6. A Cabanagem e a Balaiada são frequentemente caracterizadas como revoltas de cunho popular. Explique por quê.

7. Por que o Período Regencial pode ser considerado uma "experiência liberal" na história do Brasil Imperial?

8. A Regência Una de Araújo Lima (1837-1840) é associada a uma "reação conservadora". O que isso significa e qual medida legal simbolizou essa reação?

Parte 2: Questões de Múltipla Escolha

9. O Período Regencial na história do Brasil compreendeu os anos de:
a)1822 a 1831
b)1831 a 1840
c)1840 a 1889
d)1835 a 1845

10. O Ato Adicional de 1834 foi uma emenda constitucional que introduziu mudanças significativas. Uma de suas principais medidas foi:
a)A proclamação da República.
b)A criação da Guarda Nacional.
c)A criação das Assembleias Legislativas Provinciais.
d)A extinção da escravidão.

11. A Revolta Farroupilha (1835-1845), eclodida no Rio Grande do Sul, teve como uma de suas principais causas:
a)A oposição à cobrança de altos impostos sobre o charque e o couro.
b)A demanda pela expulsão de todos os portugueses do comércio.
c)A insatisfação com a proibição do tráfico de escravizados.
d)A luta pela libertação imediata e incondicional dos escravos.

12. Qual grupo político do Período Regencial era composto principalmente por portugueses e burocratas ligados a Dom Pedro I e defendia o seu retorno ao trono?
a)Liberais Moderados (Chimangos)
b)Liberais Exaltados (Farroupilhas)
c)Restauradores (Caramurus)
d)Republicanos Federalistas

13. A Sabinada (1837-1838), ocorrida na Bahia, caracterizou-se por:
a)Ser um movimento de elite agrária que desejava a independência da província.
b)Proclamar uma república provisória, que duraria até a maioridade de Dom Pedro II.
c)Lutar pela libertação dos escravos e reforma agrária radical.
d)Ser liderada por indígenas e mestiços que tomaram a capital da província.

14. O Golpe da Maioridade, que pôs fim ao Período Regencial, foi articrado principalmente porque:
a)Dom Pedro II já tinha 18 anos e era legalmente apto a assumir o trono.
b)A elite acreditava que a figura de um imperador traria estabilidade e conteria as revoltas.
c)Os regentes haviam sido depostos por uma revolta popular no Rio de Janeiro.
d)Os Restauradores ameaçavam trazer Dom Pedro I de volta ao Brasil.

15. A Regência Trina Permanente (1831-1835) foi sucedida pela Regência Una, cujo primeiro regente foi:
a)Padre Diogo Antônio Feijó
b)Pedro de Araújo Lima
c)Dom Pedro I
d)José Bonifácio

16. Qual das seguintes revoltas NÃO ocorreu durante o Período Regencial?
a)Cabanagem
b)Balaiada
c)Guerra de Canudos
d)Sabinada

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domingo, 26 de outubro de 2025

Brasil 1945 - 1964. Uma breve história Democrática. Período Democrático entre duas ditaduras

Brasil 1945 - 1964. Um período de democracia e de desenvolvimento.

A Breve Primavera Democrática (1945-1964): Brasil entre Duas Ditaduras


O período que vai de 1945 a 1964 representa um dos capítulos mais complexos e dinâmicos da história do Brasil Republicano. Marcado por uma experiência democrática frágil e intensa, foi uma era de grandes esperanças, profundas contradições e agudos conflitos, encravada entre a ditadura do Estado Novo (1937-1945) e a ditadura militar que se iniciaria em 1964. Foi uma época em que o país se urbanizava rapidamente, industrializava-se e via suas massas populares ingressarem na vida política de forma irreversível.

O Fim da Era Vargas e o Declínio do Estado Novo

A ditadura do Estado Novo, chefiada por Getúlio Vargas, começou a ruir no contexto da Segunda Guerra Mundial. A contradição de o Brasil combater o fascismo na Europa ao lado dos Aliados, enquanto mantinha um regime de caráter autoritário em casa, tornou-se insustentável. A pressão interna por redemocratização crescia, liderada por setores da imprensa, por estudantes universitários (como a UNE) e por políticos liberais.

Vargas, um político astuto, percebeu a maré mudar. Em 1945, decretou uma anistia ampla, marcou eleições presidenciais e permitiu a organização de partidos políticos. Foram criadas duas grandes agremiações que dominariam a cena política pelos próximos vinte anos: o Partido Social Democrático (PSD), que reunia interventores estaduais e aliados da techno-burocracia varguista, e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), focado nos sindicatos urbanos e na massa trabalhadora organizada pela legislação trabalhista de Vargas. A oposição liberal e conservadora se aglutinou na União Democrática Nacional (UDN).

Um movimento militar, conhecido como "O Movimento de 29 de Outubro", forçou a renúncia de Vargas, temendo que ele articulasse um golpe para se manter no poder. O fim do Estado Novo abriu caminho para as eleições diretas e o início do período democrático.

O Governo Eurico Gaspar Dutra (1946-1951)

Eleição e Política: Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra de Vargas e candidato pela coligação PSD-PTB, venceu as eleições de 1945. Seu governo foi marcado pela tentativa de normalização institucional, com a promulgação de uma nova Constituição em 1946, democrática e liberal, que restabeleceu os direitos individuais e o voto secreto.

Economia: Inicialmente, Dutra adotou uma política econômica liberal, abolindo o controle estatal sobre importações e cambial. As reservas acumuladas durante a guerra foram rapidamente gastas em importações de bens de consumo supérfluos, esgotando-se em pouco tempo. Com a crise de divisas, o governo foi forçado a retomar o controle sobre as importações, privilegiando bens de capital para a indústria. Foi um período de contradição: liberalismo inicial seguido de um retorno à intervenção.

Cultura e Sociedade: Foi uma época de abertura cultural, com a influência norte-americana se tornando massiva através do cinema, da música (o jazz e o rock começavam a chegar) e dos costumes. No entanto, o governo também adotou uma postura conservadora, cassando o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e rompendo relações com a União Soviética no contexto da Guerra Fria.

O Segundo Governo Vargas (1951-1954)

Eleição e Política: Getúlio Vargas retornou ao poder em 1951, desta vez pelo voto direto, como candidato do PTB com apoio do PSP (de Adhemar de Barros). Seu governo foi marcado por uma intensa polarização. De um lado, as forças trabalhistas e nacionalistas que o apoiavam; do outro, a oposição ferrenha da UDN, que o via como um ditador populista e corrupto. Seu principal algoz era o jornalista e deputado udenista Carlos Lacerda, dono do jornal Tribuna da Imprensa, que fazia oposição sistemática e pessoal a Vargas, acusando-o de corrupção e de preparar um novo golpe.

Economia e o Nacional-Desenvolvimentismo: A tônica do governo foi o nacional-desenvolvimentismo. Sob a batuta de seu ministro do Trabalho, João Goulart, e com a criação de estatais estratégicas como a Petrobras (1953) – sob o lema "O petróleo é nosso!" –, Vargas defendia que a industrialização pesada do país deveria ser liderada pelo Estado, com capital nacional. Esta visão se chocava frontalmente com a dos setores liberais e estrangeiros, que acusavam Vargas de "entreguista" em alguns momentos e, em outros, de criar obstáculos ao capital internacional. A crise econômica, com alta da inflação e descontentamento popular, alimentava a oposição.

Crise e Suicídio: A tensão atingiu seu ápice com o "Atentado da Rua Tonelero", em agosto de 1954, quando pistoleiros ligados à guarda presidencial tentaram assassinar Carlos Lacerda, mas mataram seu acompanhante, o major-aviador Rubens Vaz. As investigações apontaram para a cumplicidade do chefe da guarda presidencial de Vargas, Gregório Fortunato. Isolado e sob forte pressão militar para se demitir, Vargas optou pelo caminho mais dramático. Na madrugada de 24 de agosto de 1954, suicidou-se com um tiro no coração no Palácio do Catete. Deixou uma carta-testamento acusando "forças e interesses contra o povo" e declarando ter "lutado contra a espoliação do Brasil". Sua morte causou uma comoção nacional enorme, com manifestações de massa que impediram, por um tempo, a escalada golpista.

O Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)

Eleição e Política: Juscelino Kubitschek (PSD) venceu as eleições de 1955 com Jango Goulart (PTB) como vice, sob a plataforma do "Plano de Metas", cujo lema era "Cinquenta anos em cinco". Para garantir a posse, diante de uma tentativa de golpe da UDN (o "Movimento de 11 de Novembro"), os militares legalistas, liderados pelo general Henrique Teixeira Lott, garantem a ordem através de um "contragolpe".

Economia e o Plano de Metas: JK foi o grande realizador do desenvolvimentismo. Seu governo foi um período de otimismo e crescimento econômico acelerado. O Plano de Metas concentrou investimentos em energia, transporte, indústria de base e alimentícia. A indústria automobilística foi implantada, mudando para sempre a paisagem urbana do país. A abertura ao capital estrangeiro foi uma característica marcante, atraindo multinacionais para setores-chave.

Cultura e Sociedade: Foi a "Era de Ouro" da cultura brasileira. A Bossa Nova surgia, sintetizando o jazz com o samba. O cinema ganhava força com a comédia da "Vera Cruz" e o início do Cinema Novo. A arquitetura modernista florescia. Era a imagem de um país moderno, confiante e voltado para o futuro.

Brasília e Endividamento: Sua obra máxima foi a construção de Brasília, inaugurada em 1960. A nova capital simbolizava a marcha para o interior e a superação de um passado colonial. No entanto, o custo foi altíssimo. O endividamento externo disparou, e a inflação, contida artificialmente, começou a sair do controle, plantando as sementes da crise que assomaria os governos seguintes.

O Governo Jânio Quadros (1961)

Eleição e Política: Jânio Quadros, um político excêntrico e carismático, venceu as eleições de 1960 com um discurso moralizador (símbolo da vassoura) e de oposição a JK. Sem base partidária sólida, governou de forma errática e isolada.

Economia e Sociedade: Tentou implementar uma política de austeridade para conter a inflação e o déficit, mas suas medidas foram impopulares, como a proibição do jogo e das brigas de galo.

Política Externa: Sua política externa independente foi o aspecto mais marcante. Buscou o não alinhamento na Guerra Fria, reatando relações com a União Soviética e condecorando o revolucionário Che Guevara. Isso alarmou os setores conservadores e militares.

Crise e Renúncia: Em 25 de agosto de 1961, após apenas sete meses no governo, Jânio Quadros renunciou em uma manobra política arriscada, acreditando que seria reconduzido ao poder pelo clamor popular. O cálculo falhou. A renúncia abriu uma crise constitucional, pois o vice-presidente, João Goulart, era visto com extrema desconfiança pelos militares por suas ligações com os sindicatos e a esquerda trabalhista.

O Governo João Goulart (1961-1964)

Chegada ao Poder e Parlamentarismo: Os ministros militares tentaram impedir a posse de Jango, alegando que ele seria "um Mandela brasileiro". A resistência civil, liderada pelo cunhado de Jango, Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul (na "Cadeia da Legalidade"), e a pressão de setores militares legalistas, forçaram um compromisso: Goulart assumiria, mas sob um sistema parlamentarista, que reduzia seus poderes.

Política e as Reformas de Base: Em 1963, um plebiscito restaurou o presidencialismo. Jango, então, lançou seu projeto de Reformas de Base. Estas incluíam reformas de grande alcance: agrária (desapropriação de latifúndios), urbana, fiscal, eleitoral (extensão do voto aos analfabetos e soldados) e universitária. O projeto era apoiado pelas esquerdas, sindicatos e movimentos sociais (como as Ligas Camponesas), mas era visceralmente rejeitado pela direita, pelos empresários, pela grande imprensa e pelos militares, que o viam como um caminho para o comunismo.

Economia e Sociedade: A economia estava em frangalhos, com inflação galopante e estagnação. O governo perdia o controle. A polarização atingiu níveis extremos. De um lado, Jango era pressionado pela esquerda a radicalizar; do outro, a direita organizava marchas conservadoras, como a "Marcha da Família com Deus pela Liberdade".

Crise e Golpe de 1964: Em 13 de março de 1964, Jango realizou um grande comício na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, decretando a nacionalização de refinarias privadas e a desapropriação de terras, radicalizando seu discurso. Em resposta, a oposição organizou a "Marcha da Família" em São Paulo. O estopim final foi o discurso de Jango para sargentos no Automóvel Clube do Brasil, em 30 de março, visto pelos militares como uma incitação à quebra da hierarquia. Na madrugada de 31 de março para 1º de abril de 1964, tropas militares de Minas Gerais, sob o comando do general Olímpio Mourão Filho, iniciaram o movimento que depôs João Goulart, que, sem apoio militar significativo, refugiou-se no Sul e depois no exílio. A experiência democrática de 1945 chegava ao fim, e iniciava-se uma ditadura militar que duraria 21 anos.

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Este período, apesar de sua instabilidade, foi fundamental para a formação do Brasil moderno. Nele, a industrialização se consolidou, os direitos trabalhistas se expandiram, a cultura floresceu e a população se tornou ator político. Suas contradições e conflitos, no entanto, revelavam as profundas divisões de uma sociedade em rápida transformação, que não soube, ou não pôde, conciliar seus projetos em disputa de forma pacífica.

ATIVIDADE PONTUADA (+1,0)

Exercício: A História do Brasil no Período Democrático (1945-1964)

Parte 1: Questões Discursivas

Instruções: Responda às questões abaixo de forma clara e completa, utilizando os conhecimentos construídos a partir do texto base.

1. Explique por que a ditadura do Estado Novo, chefiada por Getúlio Vargas, entrou em declínio em 1945.

2.Descreva a principal contradição da política econômica adotada no governo Eurico Gaspar Dutra (1946-1951).

3.O que foi o "nacional-desenvolvimentismo" no segundo governo de Vargas (1951-1954) e qual foi sua principal realização no setor de infraestrutura?

4.Qual foi o papel de Carlos Lacerda no segundo governo Vargas e qual evento culminante intensificou a crise política que levou ao suicídio do presidente?

5.Qual era o lema do "Plano de Metas" de Juscelino Kubitschek e quais foram seus dois principais eixos de atuação para alcançá-lo?

6.A construção de Brasília durante o governo JK é carregada de simbolismos. Explique o significado político e social da nova capital.

7.A política externa independente de Jânio Quadros causou forte reação. Dê dois exemplos de ações que caracterizaram essa política.

8.Por que a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, desencadeou uma grave crise política?

9.O que eram as "Reformas de Base" propostas pelo governo João Goulart? Cite três exemplos.

10.Descreva o contexto imediato (os dois eventos-chave) que serviu de estopim para o Golpe Militar de 1964.

Parte 2: Questões de Múltipla Escolha

Instruções: Para cada questão, marque a alternativa correta.

11. Os dois principais partidos políticos criados no final do Estado Novo e que dominaram a cena política no período 1945-1964 foram:

a)UDN e PCB
b)PSD e PTB
c)PTB e PCB
d)PSD e UDN

12. A Constituição promulgada em 1946, durante o governo Dutra, caracterizou-se por ser:

a)Outorgada e centralizadora, mantendo os princípios do Estado Novo.
b)Democrática e liberal, restabelecendo direitos individuais e o voto secreto.
c)Socialista, inspirada no modelo da União Soviética.
d)Monárquica, restaurando os poderes do Imperador.

13. O lema "O petróleo é nosso!" está associado à criação de qual estatal durante o segundo governo Vargas?

a)Eletrobras
b)Petrobras
c)Vale do Rio Doce
d)Chesf

14. O evento dramático que marcou o fim do segundo governo Vargas, em 24 de agosto de 1954, foi:

a)Seu impeachment pelo Congresso Nacional.
b)Seu assassinato por opositores políticos.
c)Seu suicídio no Palácio do Catete.
d)Sua renúncia forçada pelos militares.

15. O "Plano de Metas" do governo Juscelino Kubitschek tinha como slogan:

a)"Ordem e Progresso"
b)"Cinquenta anos em cinco"
c)"Trabalhadores do Brasil, uni-vos!"
d)"Independência ou Morte"

16. A política externa independente de Jânio Quadros foi marcada por:

a)Um alinhamento automático aos Estados Unidos.
b)A ruptura de relações com todos os países socialistas.
c)A condecoração do revolucionário Che Guevara.
d)A entrada do Brasil no Pacto de Varsóvia.

17. Para assumir a presidência após a renúncia de Jânio Quadros, João Goulart foi submetido a um sistema de governo que reduzia seus poderes. Esse sistema era:

a)O Presidencialismo.
b)O Parlamentarismo.
c)O Coronelismo.
d)O Comunismo.

18. As "Reformas de Base" propostas por João Goulart incluíam uma reforma que previa a desapropriação de grandes propriedades rurais. Essa reforma era a:

a)Reforma Urbana.
b)Reforma Eleitoral.
c)Reforma Agrária.
d)Reforma Bancária.

19. Qual foi o movimento de rua, organizado pela oposição conservadora, que demonstrou o apoio da classe média ao Golpe de 1964?

a)Marcha da Vitória.
b)Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
c)Passeata dos Cem Mil.
d)Marcha do Silêncio.

20. O Golpe Militar de 1964 que depôs João Goulart teve início com a movimentação de tropas do general Olímpio Mourão Filho em qual estado?

a)São Paulo
b)Rio Grande do Sul
c)Minas Gerais
d)Rio de Janeiro

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sábado, 25 de outubro de 2025

Os Arabes e o Islamismo - Aula 2025

Árabes e o Islamismo 

A História dos Árabes e o Surgimento do Islamismo

Introdução: Quem são os Árabes?
Os árabes são um povo de origem semita,cuja gênese está profundamente ligada à Península Arábica. Tradicionalmente, a genealogia árabe remonta a Ismael, filho do patriarca Abraão (Ibrahim no Islã) com sua serva Hagar. Ismael é considerado o progenitor das tribos árabes, que se estabeleceram na região. Etnicamente, os árabes são um grupo diverso, mas unificado pela língua árabe e, posteriormente, pela cultura e religião islâmica. Sua vida era marcada pelo nomadismo, com os beduínos sendo a espinha dorsal da sociedade pré-islâmica. Estes eram pastores de camelos, ovelhas e cabras, cuja sobrevivência dependia do conhecimento das rotas do deserto e da lealdade tribal.


A Península Arábica: Um Berço Inóspito

A Península Arábica é caracterizada por um ambiente majoritariamente árido e desértico.Seu clima é extremamente severo, com altas temperaturas diurnas e frio intenso durante a noite no deserto. Os recursos hídricos eram escassos, concentrando-se em oásis e no litoral. Essa geografia hostil moldou a sociedade local, onde o controle de um poço ou oásis significava poder e riqueza. A cidade de Meca, por exemplo, surgiu em um cruzamento de rotas comerciais e em torno do poço de ZamZam, tornando-se um centro vital.

Os Árabes Antes de Maomé: A "Jahiliyya"

O período anterior ao Islã é conhecido comoJahiliyya ("Era da Ignorância"). Nesta época:

· Política e Sociedade: A organização era tribal e clânica. A lealdade à tribo (e ao seu xeique) era o valor supremo, frequentemente levando a ciclos intermináveis de guerras e vinganças de sangue. Não havia um Estado centralizado.

· Economia: Baseava-se no comércio de caravanas que ligavam o Iêmen à Síria, na criação de animais (beduínos) e em alguma agricultura nos oásis.

· Religião: Era predominantemente politeísta e animista. Centenas de ídolos e divindades eram cultuados, muitas vezes associadas a tribos específicas. No entanto, havia também comunidades de hanifs – monoteístas que buscavam a religião de Abraão – e comunidades judaicas e cristãs.

Meca, os Coraixitas e a Caaba

A cidade de Meca era o centro religioso e comercial mais importante.Ela era dominada pela tribo dos Coraixitas (Quraysh), que controlavam o comércio e o santuário da Caaba. A Caaba era (e ainda é) um edifício cúbico que abrigava a Pedra Negra, um meteorito reverenciado como sagrado. Era um local de peregrinação para todas as tribos árabes, que para lá se dirigiam para cultuar seus ídolos, garantindo trégua nas hostilidades e movimentando a economia de Meca. Os Coraixitas, portanto, detinham enorme poder político e religioso.

Maomé: O Profeta do Islã

Maomé(Muhammad) nasceu em Meca por volta de 570 d.C., membro do clã Banu Hashim da tribo Coraixita. Órfão desde cedo, tornou-se comerciante e era conhecido por sua honestidade. Aos 40 anos, durante um retiro espiritual, ele recebeu a primeira revelação do anjo Gabriel (Jibril). Maomé começou a pregar uma mensagem radicalmente nova para a Arábia:

· O que ele pregava: O monoteísmo absoluto (crença em um único Deus, Alá), a iminente chegada do Dia do Juízo Final, a responsabilidade individual pelas ações e a importância da caridade e da justiça social.

· Quem o seguiu: Inicialmente, seus seguidores foram sua esposa Khadija, parentes próximos e pessoas das camadas mais pobres e marginalizadas de Meca, atraídas pela mensagem igualitária.

A Hégira: A Saída de Meca e a Importância de Medina

A elite coraixita viu a mensagem de Maomé como uma ameaça direta.O monoteísmo desafiaria o politeísmo que sustentava a economia de peregrinação de Meca, e a nova fé questionava a estrutura social baseada no sangue e na riqueza. A perseguição se intensificou, levando Maomé e seus seguidores a fugirem de Meca em 622 d.C. Esse evento, conhecido como Hégira, marca o início do calendário islâmico.

Eles foram para Yathrib, posteriormente renomeada Medina ("a Cidade do Profeta"). Medina era uma cidade dividida por conflitos tribais, e Maomé foi convidado como um mediador imparcial. Lá, ele estabeleceu a primeira comunidade muçulmana (Umma), criando uma Constituição que unia muçulmanos, judeus e outras tribos sob uma única autoridade política e religiosa. Medina tornou-se o primeiro Estado Islâmico.

O Retorno a Meca e a Consolidação

Após anos de conflitos e negociações com Meca,Maomé percebeu que a conversão da sua cidade natal era crucial. Em 630 d.C., ele reuniu um exército de 10.000 seguidores e marchou sobre Meca. Diante dessa demonstração de força, a cidade se rendeu praticamente sem luta. Maomé entrou em Meca e realizou um ato de grande significado: destruiu os ídolos da Caaba, rededicando o santuário ao Deus único, Abraão. Esse gesto não foi uma derrota para Meca, mas uma conquista espiritual que unificou o centro religioso tradicional com a nova fé.

O Islamismo: Fundamentos e Características

OIslã (que significa "submissão à vontade de Deus") é uma religião monoteísta abraâmica.

· O Profeta: Maomé é considerado o "Selo dos Profetas", o último e mais importante de uma linhagem que inclui Abraão, Moisés e Jesus.

· Alcorão: É o livro sagrado, considerado a palavra literal de Deus, revelada a Maomé ao longo de 23 anos. É a fonte primária da lei e da teologia islâmica.

· Características e Práticas: Os Cinco Pilares do Islã formam o núcleo da prática religiosa:
  1. Shahada (Profissão de Fé): "Não há outro deus além de Alá, e Maomé é seu mensageiro."
  2. Salat (Oração): Realizada cinco vezes ao dia, voltada para Meca.
  3. Zakat (Es-mola Legal): Doação de uma parte da riqueza aos pobres.
  4. Sawm (Jejum): Jejuar durante o mês sagrado do Ramadã.
  5. Hajj (Peregrinação): Peregrinação a Meca, pelo menos uma vez na vida, para quem tiver condições.

A Morte de Maomé e o Cisma Sucessório

Maomé faleceu em 632 d.C.Sua morte criou uma crise de sucessão: quem lideraria a Umma? A comunidade se dividiu em duas principais facções:

· Sunitas: Acreditavam que o sucessor (Califa) deveria ser eleito entre os mais capazes da comunidade. Eles formam a vasta maioria (cerca de 85-90%) dos muçulmanos hoje.

· Xiitas: Acreditavam que a liderança deveria permanecer na família do Profeta, começando por seu primo e genro, Ali ibn Abi Talib. Para os xiitas, os líderes legítimos são os Imames, figuras divinamente guiadas.

Expansionismo Árabe e a Era dos Califas

Os primeiros líderes após Maomé,os Califas ("sucessores"), iniciaram um processo de expansão vertiginoso. Motivados por fatores como a unificação tribal sob o Islã, a busca por saque e terras, e a propagação da fé, os exércitos árabes conquistaram impérios enfraquecidos.

· Sob os primeiros califas, eles tomaram o Império Sassânida (Pérsia) e vastos territórios do Império Bizantino, incluindo a Síria, o Egito e o Norte da África.

· Os árabes na Europa cruzaram o Estreito de Gibraltar e conquistaram a Península Ibérica em 711 d.C., estabelecendo Al-Andalus, um centro de florescimento cultural, científico e filosófico que durou séculos.

Jihad Islâmica

O conceito deJihad ("esforço") é complexo. Primariamente, significa o esforço interior de cada muçulmano para ser uma pessoa melhor e viver de acordo com os princípios islâmicos (a "Grande Jihad"). Secundariamente, pode se referir à defesa da comunidade muçulmana contra agressões ("Pequena Jihad"). Embora tenha sido usada para justificar a expansão militar, a Jihad não é equivalente a "guerra santa" no sentido de conversão forçada; o Alcorão proíbe a coerção em matéria de fé.

Conclusão

A história dos árabes e do Islã é a narrativa de uma transformação profunda.De uma sociedade tribal e fragmentada na periferia dos grandes impérios, a Arábia unificou-se sob a bandeira de uma nova fé monoteísta. Em poucas décadas, os árabes não apenas criaram um império, mas também forjaram uma civilização brilhante que preservou e expandiu o conhecimento clássico, legando ao mundo avanços em matemática, medicina, astronomia e filosofia, cujos ecos são sentidos até hoje.

ATIVIDADE PONTUADA (1,5)

Exercício: A História dos Árabes e o Islamismo

Nome: _________________________________________ Data: //______

Instruções: Leia atentamente as questões a seguir e responda com clareza e precisão.

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Parte 1: Questões Discursivas

1. Explique quem eram os beduínos e qual era a sua importância para a sociedade árabe pré-islâmica.

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2. Descreva as características geográficas e climáticas da Península Arábica e como elas influenciavam a organização social e econômica de seus povos.

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3. O que era a "Jahiliyya"? Descreva brevemente a organização política e religiosa dos árabes nesse período.

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4. Qual era a importância da cidade de Meca antes do surgimento do Islamismo? Explique o papel da tribo Coraixita e do santuário da Caaba.

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5. A Hégira (622 d.C.) é um evento central para a história islâmica. Explique o que foi esse evento, seus motivos e suas consequências imediatas.

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6. Quais são os Cinco Pilares do Islamismo? Liste e explique brevemente cada um deles.

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7. O que provocou a divisão entre sunitas e xiitas após a morte do Profeta Maomé? Explique o argumento central de cada um dos dois grupos.

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8. O conceito de Jihad é frequentemente mal compreendido. Explique o seu significado primário (a "Grande Jihad") e o seu significado secundário (a "Pequena Jihad").

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Parte 2: Questões de Múltipla Escolha

Instruções: Marque com um "X" a alternativa correta.

9. A origem étnica e geográfica do povo árabe está historicamente ligada à:
() Península do Sinai.
() Península Arábica.
() Planície da Mesopotâmia.
() Planalto da Anatólia.

10. Antes do Islamismo, a religião predominante na Arábia era:
() O monoteísmo cristão.
() O politeísmo e o animismo.
() O zoroastrismo.
() O judaísmo rabínico.

11. A Pedra Negra, objeto de grande reverência religiosa, está localizada:
() No Domo da Rocha, em Jerusalém.
() Na Mesquita do Profeta, em Medina.
() No interior da Caaba, em Meca.
() No Palácio dos Califas, em Damasco.

12. A elite de Meca, da tribo Coraixita, via as pregações de Maomé inicialmente como uma ameaça porque ele:
() Defendia o fim do comércio de caravanas.
() Pregava o monoteísmo, o que ameaçava a economia de peregrinação da cidade.
() Queria transferir a capital religiosa para Medina.
() Era a favor do domínio político do Império Bizantino.

13. O calendário islâmico tem como marco zero o ano:
() Do nascimento de Maomé.
() Da primeira revelação do Alcorão.
() Da Hégira (fuga de Maomé para Medina).
() Da conquista de Meca por Maomé.

14. Qual foi a ação simbólica mais significativa de Maomé ao retornar vitorioso para Meca em 630 d.C.?
() Coroar-se como rei da Arábia.
() Prender e executar todos os seus opositores.
() Destruir os ídolos politeístas no interior da Caaba.
() Decretar Medina como a nova capital permanente.

15. O livro sagrado do Islamismo, que contém as revelações de Deus a Maomé, é chamado de:
() Torá
() Bíblia
() Alcorão
() Suna

16. A rápida expansão do Império Árabe após a morte de Maomé resultou na conquista de territórios na Europa, notadamente:
() A Península Itálica.
() A Península Balcânica.
() As Ilhas Britânicas.
() A Península Ibérica.

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sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Estudo dirigido Idade Média 1° Ano 24/10/25 ATIVIDADE PONTUADA

Estudo dirigido - Idade Média - Primeiro Ano - CIEP 432. 



Atividade individual ou em dupla.

Em folha solta.

Faça uma redação,  no modelo dissertativo-argumentativo com o tema " A Idade Média"

Nessa redação, a quantidade de linhas mínimas de 20 linhas.

Conteúdos esperados

Definição Idade Média 

Início e fim do período, além dos fatos históricos que marcam os respectivos o começar e o término desta era.

Características da Idade Média 

Política do período 

Economia 

Sociedade

Religião 

Principais fatos históricos 

Legado e contribuições 

A importância do estudo da História medieval no ensino médio. 

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Era Varga (1930 - 1945) Aula 2025

Era Vargas (1930 - 1945)



A Era Vargas: O Brasil entre a Revolução, o Autoritarismo e os Direitos Trabalhistas


O que foi a Era Vargas?
A Era Vargas foi um dos períodos mais decisivos e transformadores da história do Brasil,compreendendo os anos de 1930 a 1945 e, posteriormente, de 1951 a 1954. Caracterizou-se por uma forte centralização do poder nas mãos do Estado, pela modernização da economia e do aparato estatal, e pela criação de uma legislação trabalhista que moldaria as relações de trabalho no país por décadas. Foi uma época de profundas contradições, mesclando avanços sociais com autoritarismo político.


Quem foi Getúlio Vargas?
Getúlio Dornelles Vargas(1882-1954) foi um político gaúcho que se tornou a figura central da política nacional por quase vinte anos. Advogado e grande estancieiro, sua carreira política iniciou-se na Assembleia Legislativa e depois no Ministério da Fazenda. Era conhecido por seu estilo calculista, pragmático e por sua habilidade em negociações, o que lhe rendeu a alcunha de "O Chefe". Sua imagem foi construída em torno de duas facetas: a do "Pai dos Pobres", benfeitor das massas trabalhadoras, e a do ditador autoritário do Estado Novo.


Contexto Histórico e a Chegada ao Poder
Vargas chegou ao poder em 1930,no contexto da crise do sistema oligárquico da República Velha, dominado pela "política do café com leite" (alternância de poder entre São Paulo e Minas Gerais). A economia agroexportadora, dependente do café, foi severamente abalada pela Crise de 1929, que derrubou os preços das commodities no mercado internacional.

A insatisfação com o domínio das oligarquias era crescente, alimentada por setores da classe média urbana, tenentes militares reformistas e pela burguesia industrial emergente. A gota d'água foi a ruptura do pacto do café com leite, quando o presidente Washington Luís (paulista) indicou outro paulista, Júlio Prestes, para sucedê-lo, ignorando o candidato mineiro.


Derrotado nas eleições, Getúlio Vargas tornou-se o líder da Revolução de 1930, um movimento armado que depôs o presidente Washington Luís e impediu a posse de Júlio Prestes. Vargas assumiu a chefia do "Governo Provisório", marcando o fim da República Velha.

Divisão Histórica da Era Vargas (1930-1945)
A Era Vargas pode ser dividida em três fases principais:

1. Governo Provisório (1930-1934): Período de centralização do poder, dissolução do Congresso e nomeação de interventores nos estados.
2. Governo Constitucional (1934-1937): Vargas é eleito presidente indiretamente pela Assembleia Constituinte de 1934, que promulgou uma nova Constituição. Foi um período de intensa agitação política, com a ascensão de grupos fascistas (Ação Integralista Brasileira - AIB) e movimentos de esquerda (Aliança Nacional Libertadora - ANL).
3. Estado Novo (1937-1945): Período ditatorial, iniciado com um golpe de Estado liderado pelo próprio Vargas, que fechou o Congresso Nacional e outorgou uma nova Constituição autoritária.


Características Gerais da Era Vargas
As principais características do período foram:

· Fortalecimento do Estado: O Estado assumiu o papel de principal agente da economia e do controle social.
· Nacionalismo Econômico: Defesa dos recursos nacionais e criação de empresas estatais.
· Industrialização por Substituição de Importações: Incentivo à produção interna para reduzir a dependência externa.
· Populismo: Estabelecimento de um vínculo direto entre o líder e as massas, bypassando as instituições tradicionais.
· Autoritarismo e Centralização: Supressão das liberdades democráticas, especialmente durante o Estado Novo.
· Culto à Personalidade: Construção da imagem de Vargas como um líder paternalista e indispensável.

Economia, Política, Sociedade e Cultura

· Economia: O Estado promoveu a industrialização, criando bases para setores como siderurgia (Companhia Siderúrgica Nacional - CSN) e mineração (Companhia Vale do Rio Doce). O intervencionismo estatal era a regra, com órgãos como o Conselho Federal de Comércio Exterior (CFCE) controlando as atividades econômicas.
· Política: A política foi marcada pela supressão dos partidos políticos e pela centralização do poder no Executivo. O pluripartidarismo foi extinto, e o poder legislativo foi fechado ou severamente controlado.
· Sociedade: Houve uma significativa transição de uma sociedade rural para uma sociedade urbana. A criação das leis trabalhistas integrou o operariado ao sistema, cooptando seus anseios e evitando movimentos revolucionários.
· Cultura: O Estado promoveu uma cultura nacionalista e ufanista, com o samba, o futebol e as rádios sendo utilizados como instrumentos de propaganda e unificação nacional. O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) foi o principal órgão de censura e difusão da ideologia varguista.

O Trabalhismo e a Imagem de "Pai dos Pobres"
Vargas construiu cuidadosamente a imagem de"Pai dos Pobres", um líder benevolente que concedia direitos aos trabalhadores. O trabalhismo foi a base dessa relação. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943, sintetizou uma série de direitos, como:

· Carteira de Trabalho
· Jornada de 8 horas
· Descanso semanal remunerado
· Férias
· Salário Mínimo
· Previdência Social (criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões)

Essas conquistas, embora muitas vezes fossem uma forma de controle estatal sobre os sindicatos (através do peleguismo), garantiram a Vargas um apoio massivo das classes populares.

A Festa do Trabalho e o Estádio de São Januário
Em 1º de maio de 1940,Vargas anunciou o Salário Mínimo em um grande comício no Estádio de São Januário, do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro. Esse evento simbolizou a apropriação pelo Estado do Dia do Trabalho, que deixou de ser uma data de protesto operário para se tornar uma festa cívica, onde o governo anunciava novas benesses trabalhistas, reforçando o mito do "pai dos pobres".

Principais Opositores e a Revolução Constitucionalista de 1932
Os opositores de Vargas eram diversos:

· Oligarquias Tradicionais: Especialmente as paulistas, que perderam poder com a Revolução de 1930. Esse descontentamento levou à Revolução Constitucionalista de 1932, um movimento armado em São Paulo que exigia uma constituição e o fim do governo provisório. Embora derrotado militarmente, o movimento pressionou Vargas a convocar a Assembleia Constituinte de 1934.
· Integralistas (AIB): De inspiração fascista, foram aliados de Vargas no início, mas foram suprimidos por ele após o golpe do Estado Novo.
· Comunistas (PCB) e Liberais: Eram perseguidos sistematicamente pelo regime, vistos como ameaças à ordem.

O Plano Cohen e o Golpe do Estado Novo
Em 1937,às vésperas das eleições presidenciais, o governo divulgou um suposto plano comunista para tomar o poder, o Plano Cohen (posteriormente revelado como uma farsa forjada por integralistas com conivência do governo). Usando esse "perigo vermelho" como justificativa, Vargas deu um golpe de Estado, fechou o Congresso e outorgou a Constituição de 1937, de caráter claramente autoritário e inspirada no fascismo, inaugurando o Estado Novo.

Autoritarismo, Censura e Perseguição
O Estado Novo foi um regime ditatorial.Suas principais características foram:

· Censura Prévia: O DIP controlava todos os meios de comunicação.
· Perseguição Política: Opositores eram presos, torturados e exilados. A polícia política de Vargas, chefiada por Filinto Müller, era notória por sua brutalidade.
· Supressão de Direitos: A Constituição de 1937 conferia poderes quase absolutos ao presidente e suspendia as eleições diretas.

Vargas e o Fascismo
Embora o Estado Novo tivesse elementos similares ao fascismo(nacionalismo, autoritarismo, culto ao líder, controle da mídia), ele não era uma réplica exata. Vargas era, acima de tudo, um pragmático. Ele se aproveitou da simbologia e dos métodos fascistas para se manter no poder, mas sua base de sustentação era mais diversificada, incluindo os militares e as massas trabalhadoras.

Brasil na Segunda Guerra Mundial
Aqui reside uma grande contradição:enquanto mantinha um regime autoritário em casa, o Brasil se aliou aos Aliados (Estados Unidos e Reino Unido) na luta contra o Eixo (Alemanha, Itália e Japão) na Segunda Guerra. A participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália, somada à pressão interna, criou um ambiente insustentável: era difícil combater o fascismo na Europa enquanto se mantinha uma ditadura no Brasil. O "senta a pua" da FEB contrastava com o "senta a pua" que os opositores de Vargas sofriam no país.

Fim da Era Vargas (1945)
A contradição da guerra acelerou o fim do Estado Novo.A pressão por redemocratização tornou-se irresistível. Em 1945, Vargas foi forçado a marcar eleições para presidente. Temendo que Vargas tentasse se perpetuar no poder através de um novo golpe ("queremismo"), os militares, liderados pelos generais Góes Monteiro e Eurico Dutra, depuseram Vargas em 29 de outubro de 1945, encerrando assim seu primeiro período no poder.

Legado
A Era Vargas deixou um legado ambíguo e duradouro.Por um lado, modernizou o país, criou as bases da indústria nacional e instituiu direitos sociais fundamentais. Por outro, consolidou uma tradição de autoritarismo, centralização e intervencionismo estatal. Getúlio Vargas, uma figura complexa e controversa, continua sendo um dos personagens mais fundamentais para se compreender o Brasil do século XX.

ATIVIDADE PONTUADA (1,5)

Claro! Aqui está um exercício com 16 questões baseado no texto sobre a Era Vargas, seguindo a estrutura solicitada.

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Exercício: A Era Vargas

Instruções:

· Questões 01 a 08: Responda de forma discursiva, utilizando as informações do texto.
· Questões 09 a 16: Marque a alternativa correta.

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Parte 1: Questões Discursivas

01. O que foi a Era Vargas e quais são suas principais características gerais?
02.Quem foi Getúlio Vargas e quais as duas facetas de sua imagem pública?
03.Explique o contexto histórico que permitiu a chegada de Getúlio Vargas ao poder em 1930.
04.Quais são as três fases em que se divide a Era Vargas no período de 1930 a 1945?
05.O que foi o trabalhismo e como ele contribuiu para a construção da imagem de Vargas como "Pai dos Pobres"?
06.Qual o significado histórico do evento realizado no Estádio de São Januário no dia 1º de maio de 1940?
07.Quem foram os principais grupos de oposição a Vargas e por quais motivos se opunham a ele?
08.O que foi o Plano Cohen e qual a sua relação com a implantação do Estado Novo?

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Parte 2: Questões de Múltipla Escolha

09. A Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder, foi motivada principalmente:
a)Pela vitória eleitoral de Vargas e sua posse imediata na presidência.
b)Pela crise do sistema oligárquico, agravada pela Crise de 1929, e pela ruptura do pacto do café com leite.
c)Pelo apoio integral das oligarquias paulistas ao candidato derrotado.
d)Pelo sucesso do modelo agroexportador, que exigia um governo centralizador.

10. A Constituição promulgada durante o Governo Constitucional de Vargas (1934-1937) tinha como uma de suas principais características:
a)A outorga pelo presidente, sem a participação de uma assembleia constituinte.
b)O estabelecimento de um estado de exceção permanente e a supressão de todos os direitos individuais.
c)A eleição indireta de Vargas para presidente pela Assembleia Constituinte.
d)A inspiração explícita no modelo fascista italiano.

11. A política econômica da Era Vargas foi marcada pelo(a):
a)Liberalismo econômico e desregulamentação total do mercado.
b)Fortalecimento do setor agroexportador como única prioridade nacional.
c)Nacionalismo econômico, intervencionismo estatal e industrialização por substituição de importações.
d)Abertura completa do mercado para empresas multinacionais.

12. O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), durante o Estado Novo, tinha como função principal:
a)Defender a liberdade de imprensa e a pluralidade de opiniões.
b)Promover a cultura nacionalista e exercer a censura aos meios de comunicação.
c)Organizar sindicatos livres e independentes do controle estatal.
d)Gerenciar exclusivamente as campanhas publicitárias das estatais.

13. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943, sintetizou uma série de direitos. Assinale a alternativa que NÃO representa um direito garantido pela CLT no período:
a)Jornada de trabalho de 8 horas.
b)Seguro-desemprego.
c)Salário Mínimo.
d)Férias remuneradas.

14. A Revolução Constitucionalista de 1932, ocorrida em São Paulo, teve como principal motivação:
a)Apoiar a continuidade do Governo Provisório de Vargas indefinidamente.
b)Exigir a promulgação de uma constituição e o fim do governo provisório.
c)Implementar um regime de inspiração comunista no Brasil.
d)Separar o estado de São Paulo do restante do país.

15. Uma das grandes contradições do governo Vargas durante o Estado Novo foi:
a)Combater o fascismo na Segunda Guerra Mundial enquanto mantinha um regime autoritário no Brasil.
b)Apoiar economicamente os países do Eixo enquanto declarava guerra a eles.
c)Promover eleições diretas para presidente enquanto fechava o Congresso.
d)Defender o liberalismo econômico enquanto criava diversas empresas estatais.

16. O fim do Estado Novo e a deposição de Vargas em 1945 foram resultado, principalmente:
a)De uma nova revolução liderada pelas oligarquias paulistas.
b)Da vitória do Brasil na Segunda Guerra e da pressão por redemocratização.
c)De um impeachment realizado pelo Congresso Nacional.
d)Da renúncia voluntária de Vargas para se candidatar novamente.

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quarta-feira, 22 de outubro de 2025

EJA 03 AULA 08 - Primeiro Reinado PARTE 01- Início, Autoritarismo e conflitos

Primeiro Reinado (1822 - 1831) AULA 01 - INÍCIO DO REINADO, CONSTITUIÇÃO, AUTORITARISMO E CONFLITOS 2025  - EJA 03



Aula 01 Primeiro Reinado (1822 - 1831)  NEJA 03

Primeiro Reinado - INÍCIO, AUTORITARISMO E CONFLITOS 

O Primeiro Reinado Brasileiro (1822-1831): A Construção Turbulenta de uma Nação


O Primeiro Reinado é o período da história do Brasil que se estende da Proclamação da Independência, em 7 de setembro de 1822, até a abdicação de Dom Pedro I, em 7 de abril de 1831. Foi uma fase de formação do Estado nacional, marcada por intensos conflitos políticos, crises econômicas e a difícil tarefa de unir um território vasto e diverso sob um único governo.


O que é um Reinado?

Um reinado é um período de governo em que o chefe de Estado é um monarca, um rei ou uma imperatriz, cujo poder é geralmente hereditário. No sistema monárquico, o soberano exerce a função máxima do Poder Executivo, e seu governo dura até sua morte ou abdicação.

O que foi o Primeiro Reinado no Brasil?

Foi o governo de Dom Pedro I como imperador do Brasil, logo após a separação política de Portugal. Este período representou a transição de uma colônia para uma nação independente, mas manteve a estrutura monárquica e a figura do imperador como peça central do poder. O grande desafio era consolidar a independência, criar instituições nacionais e evitar a fragmentação do território.

Características do Reinado de Dom Pedro I

O governo de D. Pedro I foi marcado por traços contraditórios e conflituosos:

· Autoritarismo: D. Pedro I concentrou grande poder em suas mãos, agindo de forma impetuosa e, muitas vezes, contrariando os desejos das elites políticas brasileiras.

· Centralização Política: O poder era exercido a partir do Rio de Janeiro, com o imperador nomeando os presidentes das províncias, subordinando-as ao governo central.

· Crise Econômica: A independência gerou enormes dívidas, tanto com a guerra contra Portugal quanto com o reconhecimento internacional, principalmente pela Inglaterra. A economia ainda era dependente da agricultura de exportação (como o café) e do trabalho escravista.

· Instabilidade Política: O imperador constantemente se chocava com os representantes da elite brasileira, que desejavam mais autonomia e influência nas decisões do país.

A Assembleia Constituinte e a "Constituição da Mandioca"

Em 1823, foi convocada uma Assembleia Constituinte com o objetivo de elaborar a primeira Constituição do Brasil independente. Os deputados, em sua maioria representantes das elites agrárias, começaram a redigir um projeto que ficou conhecido, de forma pejorativa, como "Constituição da Mandiocada".

O apelido surgiu porque o projeto estabelecia que para ser eleitor ou deputado, o cidadão deveria ter uma renda mínima anual calculada pela produção de alqueires de mandioca. Na prática, isso garantia que o poder político permanecesse nas mãos dos grandes proprietários de terra.

Por que a Assembleia de 1823 foi dissolvida?

Dom Pedro I ficou profundamente descontente com o projeto da Constituinte. Ele via no texto uma tentativa de limitar excessivamente seus poderes, transformando-o em uma figura meramente decorativa, semelhante a um "rei de baralho" (como ele mesmo disse). Em novembro de 1823, em um ato de força, o imperador ordenou que tropas do Exército cercassem o prédio da Assembleia e a dissolveram violentamente, prendendo e exilando vários deputados, entre eles os irmãos Andrada (José Bonifácio e Martim Francisco).

A Constituição de 1824

Após fechar a Assembleia, D. Pedro I nomeou um Conselho de Estado para elaborar uma nova Constituição, que foi outorgada (imposta) em 25 de março de 1824. Esta se tornou a primeira Constituição brasileira.

Características da Constituição de 1824

· Poder Moderador: A principal e mais polêmica característica. Era um quarto poder, exclusivo do imperador, que lhe permitia intervir nos outros três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Com ele, D. Pedro I podia, por exemplo, dissolver a Câmara dos Deputados, nomear senadores e vetar decisões judiciais. Era a legalização do seu autoritarismo.

· Voto Censitário: O direito ao voto era limitado por renda, excluindo a grande maioria da população, incluindo mulheres, escravizados e homens livres pobres.

· Estado Confessional: O Catolicismo era a religião oficial do Império. Outras religiões eram permitidas, mas apenas para culto doméstico, sem templos.

· Governo Centralizado: Fortaleceu o poder do imperador sobre as províncias.

Principais Grupos Políticos do Primeiro Reinado

· Partido Português (ou dos "Caramurus"): Formado por comerciantes e funcionários públicos portugueses residentes no Brasil, defendiam a centralização do poder na figura de D. Pedro I e a manutenção de fortes laços com Portugal.

· Partido Brasileiro: Dividia-se em duas facções:

  · Moderados: Defendiam uma monarquia, mas com mais autonomia para as províncias e limites ao Poder Moderador.

  · Exaltados (ou "Farroupilhas"): Eram mais radicais, pregavam a descentralização total, a federação e, em alguns casos, até a proclamação de uma república.

O Autoritarismo de Dom Pedro I e a Insatisfação das Elites

O fechamento da Assembleia Constituinte, a imposição da Constituição de 1824 e o uso constante do Poder Moderador geraram um profundo descontentamento entre as elites brasileiras. Elas se sentiam excluídas do processo decisório e viam no imperador um governante mais português do que brasileiro, que privilegiava seus compatriotas em cargos públicos e no Exército.

Revoltas Internas e Externas

O descontentamento se traduziu em uma série de revoltas que abalaram o Primeiro Reinado:

· Confederação do Equador (1824): A mais significativa revolta interna. Eclodiu em Pernambuco e se espalhou por outras províncias do Nordeste. Era um movimento de caráter republicano e separatista, que pregava a formação de um estado independente no Nordeste, livre do autoritarismo de D. Pedro I. A repressão foi brutal, com a execução de seus principais líderes, como o frei Caneca.

· Guerra da Cisplatina (1825-1828): Um conflito externo contra as Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina) pelo controle da Província Cisplatina (atual Uruguai). A guerra foi um desastre para o Brasil: economicamente custosa, mal administrada e terminou com a independência do Uruguai, mediada pela Inglaterra. O Brasil perdeu um território estratégico, abalando ainda mais a imagem do imperador.

Por que Dom Pedro I perdeu a popularidade e seu Reinado entrou em crise?

A crise que levou à abdicação de D. Pedro I foi resultado de uma combinação de fatores:

1. Autoritarismo e Desrespeito às Elites: A constante intervenção nos assuntos políticos através do Poder Moderador afastou os mesmos grupos que o apoiaram na Independência.

2. Crise Econômica: A dívida pública crescente e os custos da Guerra da Cisplatina levaram o país à bancarrota, causando insatisfação geral.

3. Derrota na Cisplatina: A perda do território foi vista como uma humilhação nacional e uma demonstração de incompetência militar e diplomática do governo.

4. Questão Portuguesa: Com a morte de D. João VI, em 1826, D. Pedro I herdou o trono de Portugal, tornando-se Dom Pedro IV. Embora tenha abdicado para a filha, D. Maria da Glória, sua ligação com Portugal levantou suspeitas de que ele priorizava os interesses lusitanos, especialmente quando seu irmão, D. Miguel, usurpou o trono português. As elites temiam que o imperador usasse recursos brasileiros para resolver a questão em Portugal.

5. Assassinato de Líbero Badaró (1830): O assassinato do jornalista oposicionista, atribuído a partidários do governo, chocou a opinião pública.

6. A Noite das Garrafadas (1831): Uma série de conflitos de rua no Rio de Janeiro entre brasileiros (que criticavam o imperador) e portugueses (que o defendiam) mostrou o clima de tensão insustentável.

A gota d'água foi quando D. Pedro I demitiu um ministério que contava com apoio popular e nomeou o "Ministério dos Marqueses", composto quase que exclusivamente por nobres portugueses. A reação foi imediata. Pressioando por militares, políticos e por uma grande mobilização popular, D. Pedro I viu-se sem apoio e foi forçado a abdicar do trono brasileiro em 7 de abril de 1831, em favor de seu filho de cinco anos, Pedro de Alcântara. Assim, terminava o conturbado Primeiro Reinado e iniciava-se o Período Regencial.

Foto do quadro AULA 01 PRIMEIRO REINADO 

ATIVIDADE PONTUADA (+1,5)



Exercício: O Primeiro Reinado Brasileiro (1822-1831)

Instruções:

· Leia atentamente as questões.
· As questões de 01 a 08 são discursivas e exigem respostas completas.
· As questões de 09 a 16 são de múltipla escolha; selecione a alternativa correta.

PARTE 1: QUESTÕES DISCURSIVAS

01. Defina, com suas próprias palavras, o que foi o Primeiro Reinado no contexto da história do Brasil.

02. Quais eram as principais características políticas do governo de Dom Pedro I durante o Primeiro Reinado?

03. O que foi a Assembleia Constituinte de 1823 e por que o projeto de constituição elaborado por ela ficou conhecido como "Constituição da Mandioca"?

04. Explique o principal motivo que levou Dom Pedro I a dissolver a Assembleia Constituinte de 1823.

05. A Constituição outorgada em 1824 é considerada um marco do autoritarismo de D. Pedro I. Qual era a principal característica dessa Constituição que legitimava esse poder absoluto do imperador? Explique seu funcionamento.

06. Identifique e descreva brevemente os dois principais grupos políticos que atuavam durante o Primeiro Reinado.

07. A Confederação do Equador (1824) foi uma das principais revoltas do período. Qual era o seu objetivo político e qual foi o desfecho desse movimento?

08. A Guerra da Cisplatina (1825-1828) foi um evento crucial para a crise do Primeiro Reinado. Por que esse conflito foi considerado um desastre para o governo de Dom Pedro I?

PARTE 2: QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA

09. O Primeiro Reinado brasileiro compreende o período entre:
a)1808 e 1821, com a vinda da Família Real.
b)1822 e 1831, da Independência à abdicação de D. Pedro I.
c)1831 e 1840, durante o Período Regencial.
d)1840 e 1889, com o governo de D. Pedro II.

10. A dissolução da Assembleia Constituinte de 1823 por Dom Pedro I demonstrou:
a)Seu compromisso com a democracia e a vontade popular.
b)Seu autoritarismo e a intenção de controlar o processo político.
c)A influência decisiva do Partido Brasileiro no governo.
d)A vitória dos projetos republicanos e federalistas.

11. A característica mais marcante e centralizadora da Constituição de 1824 era o(a):
a)Voto universal e direto para todos os cidadãos.
b)Separação total entre Estado e Igreja.
c)Poder Moderador, exercido pelo imperador.
d)Sistema federativo que dava autonomia às províncias.

12. O grupo político do Primeiro Reinado formado principalmente por portugueses, que defendia a centralização do poder na figura de D. Pedro I, era o:
a)Partido Republicano.
b)Partido Brasileiro (Exaltados).
c)Partido Liberal.
d)Partido Português (Caramurus).

13. A Confederação do Equador (1824) foi um movimento que:
a)Apoiou a centralização política e a Constituição de 1824.
b)Defendeu o retorno do Brasil à condição de colônia de Portugal.
c)Pregou o republicanismo e a separação do Nordeste do Império.
d)Lutou pela abolição imediata da escravidão em todo o país.

14. Qual foi o resultado da Guerra da Cisplatina para o Brasil?
a)A anexação de novos territórios ao sul.
b)A vitória decisiva sobre as Províncias Unidas do Rio da Prata.
c)A perda do território, que se tornou o independente Uruguai.
d)A consolidação da hegemonia brasileira na região do Prata.

15. Um dos fatores que contribuiu para a crise final e a abdicação de D. Pedro I em 1831 foi:
a)O sucesso econômico e a popularidade do "Ministério dos Marqueses".
b)A forte aproximação política do imperador com as elites brasileiras.
c)A suspeita de que o imperador priorizava os interesses de Portugal.
d)A vitória brasileira na Guerra da Cisplatina, que esgotou os cofres públicos.

16. O episódio conhecido como "Noite das Garrafadas" (1831) representou:
a)A celebração da coroação de D. Pedro II.
b)O conflito de rua entre apoiadores brasileiros e portugueses do imperador.
c)A reunião que decretou a dissolução da Assembleia Constituinte.
d)A assinatura do tratado que encerrou a Guerra da Cisplatina.

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domingo, 19 de outubro de 2025

Guerra Fria PARTE 01- O Mundo polarizado entre EUA (capitalismo) x URSS (comunismo) Aula 2025

Guerra Fria - Aula 2025



A Guerra Fria: O Mundo Dividido por uma Cortina de Ferro


A Guerra Fria foi um período de intensa rivalidade geopolítica, ideológica e militar que moldou o mundo na segunda metade do século XX. Mais do que um conflito armado direto, foi uma "guerra fria" de ameaças, espionagem, propaganda e corridas tecnológicas.


1. Início da Guerra Fria (1945-1947)

Não há uma data única, mas o período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e 1947 é considerado o marco inicial. A aliança entre os EUA e a URSS contra a Alemanha Nazista desfez-se rapidamente com o fim do inimigo comum.


Fatos históricos marcantes do início:

· 1945 (Fevereiro): Conferência de Yalta: Líderes dos EUA (Roosevelt), URSS (Stálin) e Reino Unido (Churchill) reúnem-se para decidir o destino da Europa pós-guerra, mas as discordâncias sobre a influência soviética na Europa Oriental já eram evidentes.
· 1945 (Julho): Conferência de Potsdam: A tensão aumenta com o novo presidente americano, Harry Truman, que adota uma postura mais dura contra Stálin.
· 1946: Discurso da "Cortina de Ferro": O ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill declara que uma "cortina de ferro" desceu sobre a Europa, dividindo o continente entre o Ocidente capitalista e o Oriente comunista.
· 1947: Doutrina Truman e Plano Marshall: Os EUA lançam a Doutrina Truman, uma política de "contenção" ao comunismo, e o Plano Marshall, um maciço programa de ajuda econômica para reconstruir a Europa Ocidental e evitar a influência soviética.
· 1947: Criação do Cominform: A URSS responde criando o Cominform, uma organização para coordenar os partidos comunistas europeus sob sua liderança.

2. Fim da Guerra Fria (1989-1991)

O fim foi um processo, mas dois eventos são centrais:

· 9 de Novembro de 1989: Queda do Muro de Berlim: Este é o símbolo mais potente do colapso do bloco soviético. Representou o fim da divisão física e ideológica da Europa.
· 26 de Dezembro de 1991: Dissolução Oficial da URSS: Mikhail Gorbachev, com suas reformas da Perestroika (reestruturação econômica) e Glasnost (transparência política), não conseguiu salvar a União Soviética, que foi oficialmente dissolvida, pondo fim à Guerra Fria.


3. Definição de Guerra Fria

A Guerra Fria foi um conflito indireto entre os Estados Unidos (e seus aliados, bloco capitalista) e a União Soviética (e seus aliados, bloco comunista) que se estendeu de meados dos anos 1940 até o início dos anos 1990. Foi uma disputa global pela hegemonia política, econômica e militar, sem um confronto armado direto e em larga escala entre as duas superpotências (o que provavelmente levaria a uma guerra nuclear).


4. Características da Guerra Fria

· Conflito Indireto: Guerras por procuração, onde EUA e URSS apoiavam lados opostos em conflitos regionais (Coreia, Vietnã, Afeganistão).
· Corrida Armamentista e Nuclear: Acumulação desenfreada de armas, especialmente nucleares, baseada na Doutrina da Destruição Mútua Assegurada (MAD).
· Corrida Espacial: Competição por prestígio e superioridade tecnológica através de conquistas no espaço.
· Divisão do Mundo em Blocos: Mundo Bipolar.
· Propaganda e Espionagem: Uso intenso da mídia para difamar o adversário e ações de agências de espionagem como a CIA (EUA) e a KGB (URSS).
· Paz Armada: Um estado de tensão permanente, com ambos os lados preparados para a guerra, que nunca eclodiu diretamente.


5. Definição de Mundo Bipolar

O mundo bipolar foi a estrutura geopolítica durante a Guerra Fria, caracterizada pela divisão do poder global em dois polos principais e antagônicos, liderados pelos Estados Unidos e pela União Soviética. As demais nações eram, em grande medida, forçadas a se alinhar a um dos dois blocos, perdendo autonomia em sua política externa.

6. Capitalismo vs. Comunismo: Definições e Características

Capitalismo:

· Definição: Sistema econômico e social baseado na propriedade privada dos meios de produção (fábricas, terras, empresas), na livre iniciativa e na busca pelo lucro.

· Características:
  · Economia de mercado (a lei da oferta e da procura determina preços e produção).
  · Liberdade individual e consumo.
  · Concorrência entre empresas.
  · Lucro como principal motivação.

Comunismo (na prática soviética):

· Definição: Sistema político-econômico que visa uma sociedade sem classes, onde os meios de produção são propriedade coletiva (controlados pelo Estado). Na prática, a URSS implementou uma versão autoritária deste ideal.

· Características:
  · Economia planificada (o Estado decide o que, quanto e como produzir).
  · Propriedade estatal dos meios de produção.
  · Partido único (Partido Comunista).
  · Supressão das liberdades individuais em prol do "bem coletivo".

7. Diferenças e Semelhanças entre Comunismo, Socialismo e Estado de Bem-Estar Social

· Comunismo: Objetivo final é uma sociedade sem Estado e sem classes. Na prática soviética, era um sistema revolucionário e autoritário, com controle total do Estado sobre a economia e a sociedade.

· Socialismo: Muitas vezes visto como uma etapa de transição para o comunismo. Envolve a socialização dos meios de produção, mas pode existir em formas democráticas (ex.: Social-Democracia).

· Estado de Bem-Estar Social (Welfare State): Não é socialismo. É uma característica do capitalismo em que o Estado intervém na economia para promover justiça social, oferecendo serviços públicos universais (saúde, educação, previdência) e regulando o mercado. É a base de países como Suécia e Dinamarca, que são economias capitalistas com forte proteção social.

Semelhança: Todos os três visam, em teoria, reduzir as desigualdades sociais.
Diferença Principal:O Estado de Bem-Estar Social opera dentro de uma estrutura capitalista, enquanto o comunismo e o socialismo soviético buscavam substituir o capitalismo.

8. Relações entre EUA e URSS

As relações foram sempre de desconfiança, antagonismo e competição. Passaram por momentos de extrema tensão (como a Crise dos Mísseis em Cuba) e por breves períodos de "degelo" (como durante a Détente nos anos 1970), mas a rivalidade ideológica e estratégica foi a constante.

9. Fatos Históricos que Marcaram a Guerra Fria

· Bloqueio de Berlim e Ponte Aérea (1948-49)
· Guerra da Coreia (1950-53)
· Crise dos Mísseis em Cuba (1962) - o momento mais próximo de uma guerra nuclear.
· Guerra do Vietnã (1955-75)
· Corrida Espacial (Sputnik 1957, homem na Lua 1969)
· Invasão soviética do Afeganistão (1979-89)
· Queda do Muro de Berlim (1989)

10. Contribuições da Guerra Fria

A competição forçou avanços tecnológicos sem precedentes:

· Corrida Espacial: Satélites, GPS, previsão do tempo, painéis solares, alimentos liofilizados.
· Tecnologia: Internet (origem na ARPANET, uma rede militar americana), microchips, computadores.
· Medicina: Avanços em diagnóstico por imagem e telemedicina, derivados da tecnologia espacial.
· Esportes: A rivalidade se transferiu para as Olimpíadas, onde EUA e URSS competiam pelo quadro de medalhas, levando a novos recordes e métodos de treinamento.

11. Países Não-Alinhados

Eram nações que, durante a Guerra Fria, recusaram-se a alinhar-se formalmente com qualquer um dos dois blocos. Buscavam manter sua autonomia e promover a cooperação entre nações em desenvolvimento.

Exemplos: Índia (de Jawaharlal Nehru), Iugoslávia (de Josip Broz Tito), Egito (de Gamal Abdel Nasser), Indonésia e Gana.

12. A Influência da Guerra Fria no Brasil e na América Latina

A região foi um palco importante da Guerra Fria, vista pelos EUA como seu "quintal estratégico".

· Golpe de 1964 no Brasil: Os EUA apoiaram o golpe militar que derrubou João Goulart, temendo uma "virada" esquerdista e uma "nova Cuba" no continente.
· Regimes Militares: A Doutrina de Segurança Nacional, apoiada pelos EUA, justificou a instalação de ditaduras militares anticomunistas em vários países (Brasil, Argentina, Chile, Uruguai).
· Revolução Cubana (1959): A vitória de Fidel Castro e a aliança subsequente com a URSS transformaram Cuba no primeiro Estado comunista das Américas, aprofundando a intervenção dos EUA na região.

13. A Influência da Guerra Fria Hoje

O legado da Guerra Fria ainda é profundamente sentido:

· Tensões EUA x Rússia: A desconfiança mútua permanece, visível em crises como a anexação da Crimeia (2014) e a invasão da Ucrânia (2022).
· Armas Nucleares: O arsenal nuclear mundial é um resquício direto da corrida armamentista.
· Coreia Dividida: A península coreana permanece dividida entre a Coreia do Sul (capitalista) e a Coreia do Norte (comunista).
· Cuba: Continua sob um regime comunista e sob embargo norte-americano.
· Espionagem e Guerra Cibernética: As práticas de espionagem evoluíram para o campo digital.
· Narrativas Políticas: Termos como "fake news" e a desconfiança em instituições midiáticas têm ecos na guerra de propaganda da era Cold War.

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Em resumo, a Guerra Fria foi muito mais do que um simples conflito; foi uma era que redefiniu as relações internacionais, acelerou o progresso tecnológico e deixou marcas geopolíticas que continuam a influenciar o mundo do século XXI.


ATIVIDADE PONTUADA (+1,0 )


Exercício: A Guerra Fria

Parte 1: Questões Discursivas

Instruções: Responda às questões abaixo com base no texto fornecido, utilizando suas próprias palavras e demonstrando compreensão do tema.

1. Qual foi o principal fator que levou ao fim da aliança entre EUA e URSS após a Segunda Guerra Mundial?

2.Explique por que a Guerra Fria é caracterizada como um "conflito indireto".

3.Descreva o que foi o "Mundo Bipolar" no contexto da Guerra Fria.

4.Quais são as duas características fundamentais de uma economia capitalista?

5.Diferencie o conceito de Estado de Bem-Estar Social do comunismo praticado pela URSS.

6.Além da Corrida Espacial, cite e explique UMA outra contribuição tecnológica ou científica que surgiu como consequência da rivalidade da Guerra Fria.

7.O que eram os Países Não-Alinhados? Dê um exemplo.

8.De que forma a Doutrina de Segurança Nacional, apoiada pelos EUA, influenciou a política na América Latina durante a Guerra Fria?

Parte 2: Questões de Múltipla Escolha

Instruções: Leia cada questão com atenção e selecione a alternativa correta.

9. O período entre 1945 e 1947 é apontado como o início da Guerra Fria. Qual dos eventos abaixo NÃO está corretamente associado a esse início?

a)A Conferência de Potsdam.
b)A implantação do Plano Marshall.
c)A queda do Muro de Berlim.
d)O discurso da "Cortina de Ferro" de Winston Churchill.

10. O fim simbólico da Guerra Fria é frequentemente atribuído a um evento específico. Qual foi ele?

a)A dissolução da Iugoslávia.
b)A Queda do Muro de Berlim.
c)A Crise dos Mísseis em Cuba.
d)O fim da Guerra do Vietnã.

11. Uma das principais características da Guerra Fria foi a "Corrida Armamentista". Qual conceito garantia que um ataque nuclear de uma superpotência seria respondido com a aniquilação total do agressor, evitando assim o conflito direto?

a)Doutrina Truman.
b)Política de Apaziguamento.
c)Destruição Mútua Assegurada (MAD).
d)Glasnost.

12. Sobre as características do comunismo na prática soviética, é CORRETO afirmar:

a)A economia era baseada na lei da oferta e da procura.
b)Havia liberdade de imprensa e multipartidarismo.
c)Os meios de produção eram de propriedade privada.
d)A economia era planificada e controlada pelo Estado.

13. Qual foi o principal objetivo do Plano Marshall, lançado pelos Estados Unidos em 1947?

a)Punir os países derrotados na Segunda Guerra Mundial.
b)Reconstruir economicamente a Europa Ocidental e conter o avanço comunista.
c)Estabelecer uma aliança militar direta com a União Soviética.
d)Financiar exclusivamente o desenvolvimento de armas nucleares.

14. Durante a Guerra Fria, o Brasil e outros países da América Latina foram profundamente influenciados pela rivalidade entre EUA e URSS. Qual evento histórico no Brasil está diretamente ligado a esse contexto?

a)A Proclamação da República.
b)O Golpe Militar de 1964.
c)A Independência do Brasil.
d)A Revolução de 1930.

15. Qual das seguintes alternativas apresenta um legado direto da Guerra Fria no mundo atual?

a)A existência de um grande arsenal nuclear mundial.
b)O fim de todos os conflitos no Oriente Médio.
c)A unificação política e econômica de toda a Europa.
d)A ausência de qualquer tensão entre Rússia e Estados Unidos.

16. Os Países Não-Alinhados buscavam:

a)Criar um terceiro bloco militarmente poderoso para rivalizar com EUA e URSS.
b)Alinhar-se incondicionalmente à política externa norte-americana.
c)Manter sua autonomia e não se alinhar formalmente a nenhum dos dois blocos.
d)Promover a expansão global do modelo socialista soviético.

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República Velha (1889 - 1930) República de Espada (1889 - 1894) e República do Café com Leite (1894 - 1930)

A República Velha (1889-1930): Das Espadas ao Café com Leite O que é uma República?  República, do latim "res publica"...