domingo, 16 de julho de 2023

quarta-feira, 5 de julho de 2023

Crise da república romana ao início do Império Romano

Crise da República romana ao início do Império Romano.


 A crise da república romana
 


Homens livres e escravos pesando pães para os magistrados da república romana, detalhe de relevo romano de 50 a.C. encontrado no túmulo do padeiro Marco Virgílio Eurísace, em Roma. Eurísace foi um ex-escravo que conseguiu ascender socialmente e tornar-se padeiro, fornecendo pães para o Estado romano.


A república romana entrou em crise a partir do século II a.C. As principais causas dessa crise foram o acesso desigual às terras conquistadas e o empobrecimento do camponês, principal combatente nas guerras de conquista. Os projetos de reforma agrária dos irmãos Tibério e Caio Graco despertaram a forte reação dos grandes proprietários de terras, que dominavam o Senado.


O que abordava as reformas dos irmãos Graco?


As mudanças propostas por Tibério Graco em Roma diante dos problemas que as conquistas territoriais estabeleceia uma ampla reforma agrária, que limitava o tamanho das propriedades rurais e distribuía terras aos camponeses pobres, que lutavam nas guerras.


A aristocrata não queria uma república para todos.


 A reação dos senadores demonstrava que a elite aristocrática de Roma, a qual representavam, não estava disposta a transformar a res publica em um regime político popular. 


Falta de representação, dificuldades e revoltas.


 A elite senatorial derrotou os irmãos Graco, mas não conseguiu evitar as agitações populares, que se espalharam pelas cidades romanas. Nos territórios conquistados, escravos e camponeses pobres levantaram-se contra as elites dirigentes, em revoltas que foram violentamente reprimidas pelas tropas romanas. 


Aristocracia romana dividida (optimates x populares)


A própria elite aristocrática encontrava-se dividida: de um lado estavam os optimates, representando os grandes proprietários; de outro, os populares, que defendiam algumas reformas para controlar as tensões sociais. 


Polarização - Facções disputando o poder e intensificando a crise.


 A crise política se aprofundou no século I a.C., com chefes militares das duas facções em disputa pelo controle do Senado. A revolta dos iberos, na Hispânia, apoiada pelo grupo dos populares, durou oito anos e foi uma das mais sangrentas da república. Ao mesmo tempo, povos aliados na Península Itálica rebelaram-se contra Roma, situação que só foi controlada em 49 a.C., quando o governo concedeu a cidadania a todos os homens livres da península. 


As guerras de conquista e o fortalecimento do Exército e dos generais.


Por outro lado, o exército romano se fortalecia cada vez mais com as constantes guerras de conquista. Até o século II a.C., ele era formado de camponeses e trabalhadores rurais convocados para combater nas guerras. Depois disso, o exército se profissionalizou: os soldados passaram a se alistar de maneira voluntária e a receber salário. Esses novos combatentes eram mais ligados aos seus generais, pois deles recebiam terras, escravos e objetos saqueados. 


O primeiro Triunvirato romano (3 generais no poder)


Diante da crise social e do prestígio do exército, líderes militares começaram a ganhar mais poder político. O general Júlio César, muito habilidoso, soube manipular a situação para formar o Primeiro Triunvirato, em 60 a.C. Com essa aliança militar, César e outros dois generais romanos (Pompeu e Crasso) comprometiam-se a se auxiliar mutuamente para controlar o poder em Roma e nos territórios conquistados.


Morte de Crasso e a guerra civil entre Júlio Cesar e Pompeu


Com a morte de Crasso, o Triunvirato chegou ao fim. A disputa pelo poder transformou-se então em verdadeira guerra civil, que resultou na vitória de César sobre Pompeu. Fortalecido pelo sucesso na campanha da Gália, Júlio César foi declarado ditador pelo Senado. No governo, ele reformou a administração pública e atendeu a várias demandas sociais.


Vitória de Júlio César, concentração de poder e o seu assassinato.


O crescente poder de Júlio César preocupava a elite senatorial, que decidiu derrubá-lo. Em 44 a.C., ao entrar no Senado, César foi morto em uma conspiração. Após sua morte, formou-se o Segundo Triunvirato, composto pelos generais Marco Antônio, Otávio e Lépido, todos seguidores de César. Depois de uma luta sangrenta entre os exércitos desses generais, Otávio venceu Marco Antônio. De volta à capital, Otávio foi declarado, pelo Senado, imperador de Roma, em 27 a.C. A república romana chegava ao fim.



Júlio César, Ato III, Cena I: O Assassinato, pintura de William Holmes, 1888. A obra representa o momento da peça de William Shakespeare, Júlio César (c. 1600), em que o ditador é vítima de algozes no Senado. 


 O governo de Augusto e a pax romana 


O imperador Otávio Augusto (também conhecido como César Augusto) governou os territórios romanos durante cerca de 40 anos, concentrando todos os poderes em suas mãos. As instituições republicanas de Roma continuaram existindo, mas o imperador tinha o poder de vetar leis, nomear os magistrados e comandar o exército. 


 A habilidade administrativa de Augusto inaugurou o período conhecido como pax romana (paz romana), que se estendeu até o final do século II. As guerras de conquista não foram interrompidas nesses anos (veja o mapa abaixo), mas o principal objetivo dos imperadores romanos foi a proteção das fronteiras e a repressão das revoltas populares. 


 Uma complexa rede de estradas pavimentadas se expandiu pelo império para facilitar a circulação de correspondências, produtos e soldados. A Península Itálica, centro do império, enriqueceu ao receber mão de obra e matérias-primas das províncias e exportar para elas vinhos, azeite, cerâmicas, objetos de metal e outros artigos. 


 Os sucessores de Augusto, procurando associar a riqueza de Roma à sua própria imagem, embelezavam a cidade com praças, aquedutos e arcos do triunfo. Estes últimos eram monumentos construídos para celebrar uma vitória, geralmente militar, e homenagear o general que a comandou. A Antiguidade Clássica Antiguidade Clássica é o período da história europeia que se estende do século VIII a.C. ao V d.C. e corresponde às civilizações grega e romana. O termo foi criado por pensadores dos séculos XV e XVI que viam a cultura greco-romana como a fundadora do mundo ocidental e um modelo a ser seguido no campo das artes, das ciências, da literatura e da educação. 

Além disso, o Fórum, centro da vida pública romana, ganhou novos edifícios, e os mais antigos foram remodelados. O Império Romano em sua máxima extensão (século II).



Fonte: Atlas of World History: concise edition. Nova York: Oxford University, 2007. p. 54-55. 


Os centros de lazer


Os imperadores romanos também se preocuparam em mandar construir diversas áreas de lazer para a população, como termas, circos e anfiteatros. As atividades realizadas nesses locais eram gratuitas, e na entrada era distribuído pão ao povo. Essa política, conhecida como “pão e circo” e que tem raízes na república romana, visava oferecer alimento e diversão às camadas populares a fim de acalmar seus ânimos e tentar diminuir as revoltas. 


 Nos circos e anfiteatros, eram realizados diferentes espetáculos de entretenimento. Destacavam-se as corridas de quadrigas e as lutas de gladiadores, que eram geralmente escravos. Os patrícios patrocinavam os eventos, em busca de popularidade e ostentação de sua riqueza. Muitos plebeus e escravos preenchiam as plateias dos anfiteatros para torcer pelos lutadores. 


O espetáculo se iniciava com o desfile dos gladiadores, que entravam na arena saudando o imperador; em seguida, travava-se o combate. A “luta boa” era a que se encerrava com a morte de um gladiador. Terminado o confronto, os escravos arrastavam os corpos com ganchos e trocavam a areia ensanguentada por areia limpa. 


O maior local de espetáculos era o Anfiteatro Flaviano, mais conhecido como Coliseu, construído em Roma entre 72 e 80 d.C. As arquibancadas do edifício estavam divididas conforme a posição social do indivíduo: o primeiro andar era reservado ao imperador, aos senadores e aos cônsules; o segundo acomodava a aristocracia rural; restava para o povo as fileiras do alto. Havia, ainda, uma área exclusiva para mulheres, localizada no topo. 


A romanização cultural 

A cultura romana se estendeu por várias regiões. Em geral, o governante romano de cada província procurava organizá-la espelhando-se nas instituições, no ensino, na arquitetura e nas artes de Roma. Veja alguns exemplos. 

 * Língua latina. Os romanos criaram escolas nas províncias para os filhos das elites locais, onde aprendiam latim, gramática, retórica, cálculo e política. O latim vulgar, falado pelos colonos e soldados nas províncias, misturou-se às línguas das populações dominadas, o que deu origem às línguas neolatinas: francês, português, espanhol, italiano etc. 

 * Instituições romanas. Os governantes estabeleciam nas províncias instituições similares às romanas (magistrados, assembleias, Senado, exército, sistema de impostos, legislação), o que explica o fato de essas instituições terem se espalhado por todo o mundo ocidental. 

 * Arquitetura. Inspirada nos modelos grego e etrusco, a arquitetura romana ficou famosa pela grandiosidade de seus templos, anfiteatros, aquedutos, pontes e estradas. Seu estilo expandiu-se pelos territórios conquistados e ainda hoje está presente em muitas construções do Ocidente. 

Os povos conquistados, porém, não ficaram passivos à dominação cultural romana. Por meio da resistência e da negociação, eles mantiveram costumes da sua cultura, a exemplo do monoteísmo do povo judeu e do culto à corça dos iberos. E, quando incorporaram costumes e instituições romanos, fizeram à sua própria maneira, adaptando-os à realidade local. 

 Além disso, os romanos também absorveram elementos culturais dos povos dominados, como o culto às divindades gregas, que receberam novos nomes, e aos deuses egípcios Ísis e Osíris. 

Os arcos romanos: uma inovação tecnológica 

Os romanos, inspirados em técnicas etruscas, construíram aquedutos para levar água limpa a residências, banhos públicos, jardins e outras áreas urbanas. O mais antigo deles data do século IV a.C. (Aqua Appia).


A principal característica desses aquedutos é a utilização do arco, aperfeiçoado pelos romanos e amplamente utilizado como elemento de sistemas estruturais nas construções. O arco permite distribuir melhor o peso da construção e elevar a água para que ela atinja as áreas mais altas.


Os aquedutos foram uma importante inovação para solucionar o problema do abastecimento de água durante séculos. Com o tempo, eles foram substituídos por sistemas mais modernos de distribuição de água. Porém, permanecem como marcos de memória, e seu uso atende a outras finalidades, como o turismo ou o transporte.




Arcos da Lapa, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Foto de 2016. Os Arcos da Lapa (ou Aqueduto da Carioca) foram inaugurados em 1750 para levar água do Rio Carioca para a cidade do Rio de Janeiro, como faziam os aquedutos romanos na Antiguidade. Desde 1896 eles têm sido utilizados como viaduto para o bonde que liga o bairro de Santa Teresa ao centro. 


O calendário juliano 

Você sabia que as palavras que usamos para nomear os dias da semana, os meses do ano e o próprio calendário são originárias do latim e da cultura romana antiga? 

O calendário romano mais antigo foi elaborado ainda na época monárquica. Mas ele não era muito preciso, pois apresentava um descompasso com o ano solar, que tem como base o movimento de translação da Terra. Com o passar dos anos, essa diferença foi se acumulando. Assim, as datas dos festivais religiosos, as estações do ano, o início do plantio e da colheita, por exemplo, passaram a não coincidir mais com o calendário romano, causando uma grande confusão na vida cotidiana das pessoas. 

Quando o general Júlio César se tornou ditador (século I a.C.), ele decidiu reformar o calendário. Para dirigir essa tarefa, César convidou o astrônomo Sosígenes, da cidade de Alexandria. 

O calendário juliano entrou em vigor em 45 a.C. O ano passou a ter 365 dias e seis horas e foi dividido em 12 meses, com 31 e 30 dias intercalados, à exceção de fevereiro, que tinha 29 dias. Para o novo calendário coincidir com o ano solar, acrescentou-se, a cada quatro anos, um dia ao mês de fevereiro. Surgiu assim o ano bissexto. 

Mais tarde, sob César Augusto, o oitavo mês foi renomeado de agosto em sua homenagem, e passou de 30 para 31 dias. O dia adicionado ao mês de agosto foi retirado de fevereiro, que passou a ter 28 dias.




Mosaico do século III representando o mês de novembro, localizado na antiga colônia romana de Thysdrus, no norte da atual Tunísia.


Aula 01 - República romana em crise (Do fracasso das reformas dos irmãos Graco ao Primeiro Triunvirato).



Exercícios

01- 

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Próxima aula
Tema: O povo hebreu e a dominação romana

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