A expansão imperialista na Ásia
Quais eram os interesses das potências imperialistas na Ásia?
Definição e características do imperialismo
O Império Britânico na Índia
O termo Índia britânica é a denominação não oficial para o domínio colonial do Império Britânico sobre o subcontinente indiano, aqui entendido como a área geográfica que inclui os territórios atuais de Índia, Paquistão, Bangladesh (ex-Paquistão Oriental) e Myanmar (antes chamado "Birmânia"). Pode ser designado também pelo termo Raj britânico, do hindustâni rāj, "reino".
Desde o século XVIII, muitos principados indianos estavam submetidos à administração da Companhia Britânica das Índias Orientais. Essa empresa conseguiu introduzir, com êxito, os tecidos ingleses de algodão na Índia, afetando a produção artesanal indiana. Isso porque os tecidos manufaturados britânicos podiam ser vendidos a preços mais baixos. Em consequência, muitas tecelagens indianas faliram e antigos centros de produção têxtil, como a cidade de Dacca, sofreram forte queda populacional.

A Companhia das Índias Orientais (EIC), também conhecido como a Honorável Companhia das Índias Orientais (HEIC) ou a Companhia Britânica das Índias Orientais e informalmente como John Company, foi uma companhia inglesa e mais tarde britânica, que foi formada para prosseguir o comércio com as Índias Orientais, mas acabou por negociar principalmente com o subcontinente indiano e a China Qing. Sendo uma companhia majestática formada por comerciantes de Londres, em 1600, com o nome de “Company of Merchants of London Trading to the East Indies”, a quem a rainha Isabel I concedeu o monopólio do comércio com as “Índias orientais” por um período de 15 anos.
No século XIX, quase toda a Índia já era controlada pela companhia, que também restringiu a autonomia das lideranças locais, impôs a criação de um sistema judiciário e administrativo único, padronizou o sistema de pesos e medidas e instituiu a cobrança de altos impostos.
As políticas estabelecidas pelos britânicos desestabilizaram muitas sociedades tradicionais e causaram o empobrecimento da maior parte da população local. Mas os indianos não aceitaram essa situação pacificamente.
A captura do rei e de seus filhos pelo capitão William Hodson, gravura de 1858. O rei capturado, Bahadur Shah Zafar II, foi acusado de incitar os indianos a rebelar-se contra os ingleses. Foi exilado em Burma, onde faleceu em 1862.
A resistência indiana
A companhia britânica tinha seu próprio exército na região, constituído basicamente por indianos, os chamados sipaios. Em 1857, os britânicos passaram a utilizar gordura animal para impermeabilizar suas munições. Como o sacrifício animal era inaceitável tanto para indianos hindus quanto para indianos muçulmanos, os soldados se amotinaram. Esse fato, aliado às crises de abastecimento e à fome, levou à eclosão da Revolta dos Sipaios, ocorrida em 1857 e 1858.
Os sipais (cipais, sipaios ou cipaios, do híndi shipahi, "soldado") eram soldados indianos que serviam no exército da Companhia Britânica das Índias Orientais, sob as ordens de oficiais britânicos.
A Rebelião Indiana de 1857 ou Revolta Indiana de 1857 foi um período prolongado de levantes armados e rebeliões na Índia setentrional e central contra a ocupação britânica daquela porção do subcontinente em 1857 a 1858.
Para reprimir a rebelião, o Parlamento inglês dissolveu a companhia, e a Coroa britânica assumiu o comando da Índia. Em seguida, os britânicos conquistaram a Birmânia e a Malásia.
O imperialismo na China
Charge imperialismo na China
A China era uma região de grande interesse para as potências imperialistas, pois sua população representava um importante mercado consumidor. Além disso, era um país com enorme extensão territorial, onde podiam ser investidos capitais na indústria e nos transportes. Porém, o governo chinês era muito centralizador, o que colocava inúmeros obstáculos à invasão estrangeira.
Apesar de não exercer o domínio político sobre a China, a Companhia das Índias Orientais comercializava em território chinês, principalmente o ópio. Estima-se que, em 1836, mais de 12 milhões de chineses consumiam ópio regularmente.
O ópio, historicamente conhecido como anfião no comércio oitocentista português com a China, é uma mistura de alcaloides extraídos de uma espécie de papoila (Papaver somniferum), de ação analgésica, narcótica e hipnótica.
Ópio: produto extraído da papoula, planta cultivada na Ásia. Ele tem ação anestésica e narcótica e é utilizado para a produção de drogas como a heroína, que leva facilmente à dependência e, em vários casos, à morte.
O vício destruiu indivíduos e famílias, e muitos camponeses deixaram de cultivar alimentos para plantar papoulas. Além disso, o comércio de ópio causou um grave problema financeiro para a China. Os chineses pagavam a mercadoria com moedas de prata, o que levou à fuga do metal precioso do país.
Chineses consumindo o ópio
Na primeira metade do século XIX, o governo chinês tentou impedir a comercialização do ópio na China, medida que não foi aceita pelos britânicos.
As Guerras do Ópio, ou Guerra Anglo-Chinesa, foram conflitos armados ocorridos entre o Grã-Bretanha e a China nos anos de 1839-1842 e 1856-1860.
Para assegurar o seu negócio na China, a Grã-Bretanha iniciou a Guerra do Ópio (1839-1842). Os ingleses bombardearam algumas cidades na costa sudeste e destruíram navios chineses. A China rendeu-se e assinou, em agosto de 1842, o Tratado de Nanquim, que estabelecia a abertura de alguns portos chineses ao comércio com a Grã-Bretanha e transferia Hong Kong ao domínio britânico.
O Tratado de Nanquim foi um tratado firmado entre a China da Dinastia Manchu e a Grã-Bretanha em 29 de agosto de 1842, pelo imperador Daoguang, que encerrou a primeira das chamadas Guerras do Ópio.
Entre 1879 e 1905, britânicos, franceses, estadunidenses, russos, alemães e japoneses se instalaram na China e obtiveram alguns direitos de comércio.
O imperialismo na Ásia e na Oceania (1900)
A resistência chinesa
Nas décadas finais do século XIX, a população camponesa da China havia empobrecido muito, e houve aumento do banditismo. Além disso, missionários alemães empreenderam violentas ações contra os não cristãos, gerando forte sentimento antimissionário entre os chineses.
População empobrecida e com diversos problemas de saúde.
Para defender seus interesses políticos e econômicos, combater a ação dos bandidos e expulsar os estrangeiros do país, muitos chineses passaram a organizar sociedades secretas. Uma das mais importantes, a Sociedade dos Punhos Harmoniosos e Justiceiros, combinava duas tradições dos camponeses: o boxe chinês e o xamanismo.
Os Boxers, oficialmente conhecidos como a Sociedade dos Punhos Justos e Harmoniosos entre outros nomes, eram uma sociedade secreta chinesa baseada no norte da China que realizou o Levante dos Boxers de 1899 a 1901.
Os boxers, como ficaram conhecidos os membros dessa sociedade, ocuparam parte da cidade de Pequim em junho de 1900, incendiando diversas áreas e isolando as representações diplomáticas estrangeiras. O governo chinês apoiou a revolta e declarou guerra às potências imperialistas. Grã-Bretanha, França, Japão, Rússia, Alemanha e Estados Unidos organizaram uma ação conjunta para combater a rebelião, invadindo Pequim.
O Levante dos Boxers, chamado também de Movimento Yihetuan, foi uma revolta anti-estrangeira, anti-colonial e anti-cristã na China entre 1899 e 1901, no final da dinastia Qing, pela Sociedade dos Punhos Harmoniosos e Justiceiros (Yìhéquán), conhecidos como "Boxers" em inglês porque muitos de seus membros praticavam artes marciais chinesas, que na época eram chamadas de "boxe chinês".
Apenas em 1901, um acordo de paz foi assinado. Derrotados, os boxers foram perseguidos e várias autoridades chinesas foram fuziladas. As nações imperialistas ocidentais exigiram uma indenização de 333 milhões de dólares da China, a serem pagos em quarenta anos, com juros altíssimos.

Ilustração atual representando um grupo de boxers na China.
ATIVIDADE PONTUADA
Questões Discursivas (8)
1. Explique o que se entende por neocolonialismo e como ele difere da colonização das grandes navegações.
2. Analise os principais fatores que levaram as potências europeias a intensificar a expansão colonial na África no final do século XIX.
3. Descreva como era a presença europeia na África antes da era do neocolonialismo. Por que isso se restringia, principalmente, ao litoral?
4. Explique o impacto da crise econômica de 1873–1896 na expansão imperialista europeia na África.
5. Justifique por que apenas a Etiópia e a Libéria permaneceram independentes durante o período de intensa colonização.
6. Quais foram os principais interesses econômicos envolvidos no impulso imperialista na África? Como eles se relacionam com o capitalismo industrial da época?
7. Explique de que forma a expansão imperialista africana refletia o estágio avançado do capitalismo industrial e financeiro.
8. A partir do texto, discuta os efeitos que a imposição de fronteiras arbitrárias pelos europeus pode ter causado nas sociedades africanas (considerando o conhecimento geral sobre o tema).
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Questões de Múltipla Escolha (8)
9. A nova onda de imperialismo europeu na África no fim do século XIX ficou conhecida como:
a) Imperialismo clássico
b) Colonialismo moderno
c) Neocolonialismo
d) Reconquista
10. Antes do neocolonialismo, a presença europeia na África se limitava a:
a) Grandes impérios no interior
b) Feitorias e colônias costeiras
c) Estradas e ferrovias continentais
d) Governos independentes com reis estrangeiros
11. A crise econômica que impulsionou a expansão colonial europeia ocorreu entre:
a) 1850–1870
b) 1873–1896
c) 1900–1920
d) 1808–1830
12. Quais foram os principais objetivos das potências europeias ao intensificarem a neocolonização da África?
a) Expandir o cristianismo e estabelecer escolas
b) Buscar novas fontes de matéria-prima, mercados consumidores e investimentos
c) Promover a democracia nas colônias
d) Evitar guerras entre tribos africanas
13. As únicas nações africanas que mantiveram sua independência durante a partilha do continente foram:
a) Egito e Etiópia
b) Libéria e Sudão
c) Etiópia e Libéria
d) Marrocos e Tunísia
14. O texto indica que o neocolonialismo teve como expressão:
a) Um retorno aos métodos coloniais do século XVI
b) Uma colonização comercial sem envolvimento direto do Estado
c) Uma resposta às necessidades de expansão do capital industrial e financeiro
d) Uma política de isolamento das metrópoles
15. A presença europeia reduzida ao litoral antes do neocolonialismo ocorria porque:
a) Não havia interesse em explorar o continente interior
b) A comunicação com o interior ainda era difícil e arriscada
c) Havia tratados que proibiam a expansão para o interior
d) As potências africanas já dominavam completamente o interior
16. O conceito de neocolonialismo serve para:
a) Nomear a colonização do século XV
b) Descrever a colonização do século XIX com foco em competição econômica e dominação política
c) Indicar uma colonização pacífica e educacional
d) Se referir à colonização após a Segunda Guerra Mundial
Questões Discursivas
1. Descreva como a Revolução Industrial influenciou as rivalidades entre as potências europeias no início do século XX.
Pontos esperados: demanda por matérias-primas, expansão de mercados, novas rotas comerciais.
2. Analise de que maneira os avanços tecnológicos (como ferrovias, meios de comunicação e armamentos modernos) contribuíram para a letalidade e globalização da Primeira Guerra Mundial.
3. Explique o conceito de neoimperialismo no contexto do século XIX e como ele difere do colonialismo tradicional.
4. Discuta a importância da Conferência de Berlim (1884–1885) no processo de partilha da África e suas consequências para as tensões entre as potências.
5. Define neocolonialismo e exemplifique como ele se manifestava, mencionando ao menos uma estratégia econômica, política ou militar usada nesse sistema.
6. Comente sobre a disputa entre Reino Unido e Rússia (“Grande Jogo”) na Ásia Central e como isso ilustra o neocolonialismo.
7. Descreva as crises marroquinas (1905 e 1911) como um exemplo de rivalidade entre França e Alemanha no contexto imperialista.
8. Relacione o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando ao contexto maior de tensões econômicas, coloniais e de alianças que culminaram na Primeira Guerra Mundial.
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Próxima aula
Os Estados Unidos no século XIX - Um país dividido pela escravidão
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