As unificações da Itália e da Alemanha
Unificação italiana e alemã
A Itália para os italianos
Na primeira metade do século XIX, a Península Itálica estava dividida em vários reinos. O sul, dominado pelo Reino das Duas Sicílias, era basicamente agrícola. Já a região norte, que havia se industrializado, estava sob a influência direta do Império Austríaco.
Com as insurreições liberais de 1848, houve uma tentativa de unificação da península. Porém, ela fracassou. Primeiro porque os líderes do movimento não partilhavam do mesmo projeto unificador, dividindo-se entre monarquistas liberais e republicanos. Enquanto os monarquistas temiam a participação popular no movimento, os republicanos tentavam mobilizar os habitantes da península. Segundo porque a maioria não estava unida em torno de um sentimento de identidade nacional.
De norte a sul da península
Piemonte-Sardenha, o reino mais industrializado da península e liderado pelos monarquistas liberais, deu início a um novo processo de unificação italiana. Em 1859, seu primeiro-ministro, o conde de Cavour, apoiado por Napoleão III, da França, derrotou as forças austríacas e incorporou diversos territórios ao norte da península.
No sul, o republicano Giuseppe Garibaldi organizou os camponeses em um exército que ficou conhecido como camisas vermelhas. Em 1860, os camisas vermelhas desembarcaram em Marsala e, sob o comando de Garibaldi, apossaram-se do Reino das Duas Sicílias.
Com essa vitória, em 1861, o país foi unificado e Vítor Emanuel II foi proclamado rei da Itália. Em 1866, Veneza foi incorporada à nova nação. Roma, anexada em 1870, tornou-se capital da Itália, apesar do interesse da Igreja Católica em manter a cidade independente e separada do novo reino.
A formação da Alemanha
A história da unificação alemã teve muitas semelhanças com a experiência italiana. Assim como na Itália e em outras regiões europeias, as invasões napoleônicas despertaram o nacionalismo alemão. A principal diferença foi que, naquele período, muitos alemães estavam espalhados e misturados a outros povos em toda a Europa Central.
Desde o término do Congresso de Viena, em 1815, a Alemanha estava dividida em vários Estados, reunidos na Confederação Germânica. Essa associação era dominada pelo Império Austríaco e pela Prússia.
O reino prussiano era industrializado e estava em busca de novos mercados consumidores para seus produtos. Em 1834, a Prússia criou o Zollverein, um acordo comercial que suprimia as barreiras alfandegárias entre os Estados alemães. Essa união alfandegária, porém, excluía a Áustria.
O Zollverein impulsionou o desenvolvimento da indústria, do comércio e das comunicações de grande parte dos Estados germânicos. Com o potencial industrial crescendo, os grupos favoráveis à unificação se fortaleceram entre os alemães, principalmente porque a unificação representava a possibilidade de competir com os produtos ingleses.
Nas Revoluções de 1848, já havia ocorrido na Prússia um movimento por uma Alemanha unida e liberal, que reuniu burgueses, pequeno-burgueses e operários e obteve várias conquistas democráticas, como o sufrágio universal. A reação da nobreza conservadora, porém, pôs fim à revolução e revogou as conquistas liberais obtidas. Depois disso, a grande burguesia prussiana, temendo a mobilização popular, aliou-se à nobreza para conduzir a unificação.
Em 1862, por escolha de Guilherme I, rei da Prússia, Otto von Bismarck assumiu o cargo de *chanceler. Um dos principais líderes da Restauração conservadora de 1848, Bismarck transformou-se na figura mais importante da unificação alemã. O objetivo do chanceler era estimular o nacionalismo como estratégia para alcançar a unificação dos Estados germânicos.
* Chanceler: cargo equivalente ao de primeiro-ministro.
Pintura que representa as barricadas em Berlim, em 18 de março de 1848. Nessa data, as Revoluções de 1848 estouraram em Berlim, onde os rebeldes exigiam o fim da censura e a convocação de um Parlamento prussiano. Mesmo levantando barricadas para impedir o avanço dos soldados, 270 revolucionários morreram nos confrontos, a maior parte deles artesãos.
A unidade construída por meio da guerra
Bismarck escolheu o caminho da guerra para despertar (ou criar) o sentimento nacional nos alemães. Para isso, equipou e modernizou o exército prussiano, tornando-o a força armada mais poderosa da Europa. Seu primeiro movimento foi aliar-se aos austríacos e declarar guerra à Dinamarca, que dominava regiões ao norte, em 1864.
Dois anos mais tarde, o chanceler alemão aliou-se à Itália e declarou guerra à Áustria, avançando sobre o seu território. Vitorioso, ele conseguiu reunir, em 1867, todos os Estados do norte na chamada Confederação Germânica do Norte, liderada pela Prússia. A unificação caminhava a passos largos, mas ainda faltavam os Estados do sul.
Depois de uma série de provocações e atos hostis, Bismarck conseguiu o que planejava: Napoleão III, da França, declarou guerra à Prússia em 1870. A Guerra Franco-Prussiana, como ficou conhecida, não durou muito, pois o exército prussiano era uma grande potência militar, muito superior ao da França. Com a derrota, os franceses perderam a cobiçada região da Alsácia-Lorena, rica em carvão.
Em janeiro de 1871, Guilherme I foi coroado imperador da Alemanha, e Bismarck tornou-se chefe militar do país. É importante ressaltar que, apesar da importante liderança de Bismarck, a unificação alemã não foi uma obra individual. Ela resultou do desenvolvimento industrial da Prússia, da integração econômica de grande parte do território alemão e da expansão de uma cultura nacional e belicista.
Próxima aula
A expansão industrial na Europa e as novas teorias científicas
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