quarta-feira, 22 de março de 2023

Pensadores iluministas (continuação iluminismo)

Pensadores iluministas

Para relembrar, o que é iluminismo?

O Iluminismo se iniciou como um movimento cultural europeu do século XVII e XVIII que buscava gerar mudanças políticas, econômicas e sociais na sociedade da época. Para isso, os iluministas acreditavam na disseminação do conhecimento, como forma de enaltecer a razão em detrimento do pensamento religioso.

Suas ideias e ideais

Chamado de “século das luzes”, o iluminismo trouxe ideias voltadas à razão para deslegitimar o modelo de estado predominante na época. Seu ideal era defender a liberdade, progresso, tolerância, fraternidade, governo constitucional e afastamento entre igreja e estado.

A importância da razão 

Na visão iluminista, a razão era a única ferramenta de que o ser humano dispunha para compreender e transformar o mundo. Isso significa que, em vez de guiar-se pelas superstições e crenças místicas, os indivíduos deveriam orientar suas vidas de acordo com as ferramentas da ciência.

Alguns pensadores ilumistas

Conheça, a seguir, alguns dos principais pensadores iluministas e as ideias que eles defendiam.

John Locke (1632-1704);
Charles-Louis de Secondat (barão de Montesquieu) (1689-1755);
François-Marie Arouet (Conhecido como Voltaire) (1694-1778);
Jean-Jacques Rousseau (conhecido como Rousseau) (1712-1778);
Marquês de Condorcet (1743-1794);
Adam Smith (1723 - 1790).

John Locke ( 1632 - 1704)

O filósofo inglês defendia que a liberdade, a felicidade e a propriedade são direitos naturais do homem. Visando proteger esses direitos, os indivíduos estabeleceram um pacto com um corpo político que está acima deles. Em outras palavras, eles aceitaram transferir parte da sua liberdade aos governos, que têm a força coercitiva, em troca de segurança. Os governantes, porém, poderiam ser destituídos caso não correspondessem aos interesses coletivos.

Contudo, John Locke admitia a supremacia do Estado, mas defendia que este deveria respeitar a lei natural e a lei civil.

* Na obra “Dois Tratados Sobre o Governo Civil” contesta, além do direito divino dos reis, o absolutismo e o autoritarismo de modo geral.

* Defendia que Estado e Igreja se separassem, dando espaço, então à liberdade religiosa. Por conta disso, foi fortemente contestado pela Igreja Católica.

* Teve contribuições importantes para o liberalismo ao propor ideias que distinguiam o público e o privado e que estes, deveriam ser regulamentados por leis distintas. Conforme a sua tese, o poder político não deveria ser determinados pelas condições de nascimento.

Montesquieu (1689 -1755)

O barão de Montesquieu, como ficou conhecido, defendia a liberdade dos indivíduos, que seria assegurada por um conjunto de leis, e a criação de três poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. O primeiro seria responsável pela administração pública, enquanto o segundo criaria as leis e o terceiro teria o poder de julgar os conflitos e aplicar as punições. Segundo ele, essa tripartição coibiria o abuso de poder por parte dos governantes e permitiria maior equilíbrio entre as esferas de poder. Dessa forma, a separação dos poderes impediria o surgimento de regimes despóticos, como o absolutista.

Voltaire (1694-1778)

Conhecido como Voltaire, o filósofo francês criticou em suas obras o absolutismo monárquico, o fanatismo religioso e a Igreja Católica. O autor foi um defensor incansável da liberdade política e da razão como meio de livrar o povo da superstição e da ignorância. Apesar de suas ideias, que o levaram a se exilar na Inglaterra, Voltaire foi um defensor da monarquia, não absolutista, mas sim de um governo monárquico orientado pelos ideais iluministas.

Rousseau (1712-1778)

Iluminista radical, afirmava que todo governo deveria subordinar-se à vontade soberana do povo, pois o poder pertence ao povo. Também acreditava que o ser humano, naturalmente bom, foi desvirtuado pela sociedade. Um dos caminhos para libertar os homens dos vícios sociais seria pela educação. A criança deveria ser educada com liberdade, de acordo com sua própria natureza, para tornar-se um adulto bom.

A importância da educação humanista e baseada na ciência na razão

Na obra Emílio, uma espécie de romance pedagógico, Rousseau desenvolve sua visão a respeito do papel da educação no desenvolvimento do indivíduo. Segundo ele, crianças educadas com liberdade e constantemente estimuladas com perguntas crescem felizes, boas e capazes de questionar o mundo.

“Amai a infância; favorecei suas brincadeiras, seus prazeres, seu amável instinto. Quem de vós não teve alguma vez saudade dessa época em que o riso está sempre nos lábios, e a alma está sempre em paz? Por que quereis retirar desses pequenos inocentes o gozo de um tempo tão duro que lhes foge, e de um bem tão precioso, de que não poderiam abusar? Por que quereis encher de amargura e de dores esses primeiros anos tão velozes, que não mais voltarão para eles, assim como não voltarão para nós? [...] fazei com que, a qualquer hora que Deus os chamar, não morram sem ter saboreado a vida.”

SOËTARD, Michel (Org.). Jean-Jacques Rousseau. Brasília: MEC; Recife: Fundação Joaquim Nabuco/Massangana, 2010. (Coleção Educadores)

Críticos da influência política e cultural da Igreja, muitos iluministas eram contrários ao ensino religioso e à administração das escolas por instituições religiosas. 

Marquês de Condorcet (1743-1794)

Pensadores do período, como o filósofo e matemático francês Marquês de Condorcet (1743-1794), defendiam que a educação elementar deveria ser obrigatória, dirigida pelo Estado e gratuita para todos. Propunham uma educação laica, com um currículo escolar independente de qualquer crença religiosa e orientado para o estudo das ciências, dos ofícios e das técnicas.

Esses princípios educacionais foram implantados na Europa ao longo dos séculos XVIII e XIX. Contudo, apesar de o iluminismo defender a extensão do ensino a todos os cidadãos, prevaleceu a divisão entre uma escola voltada para os burgueses e outra voltada para o povo.

Adam Smith (1723-1790).

No campo da economia, destacou-se o pensador escocês Adam Smith (1723-1790). Sua obra Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações, publicada em 1776, se tornou a base do liberalismo econômico.

O liberalismo econômico é uma ideologia baseada na organização da economia em linhas individualistas, rejeitando intervencionismo estatal, o que significa que o maior número possível de decisões econômicas são tomadas pelas empresas e indivíduos e não pelo Estado ou por organizações coletivas.

Criticando os fundamentos do mercantilismo, Smith defendia a livre-iniciativa individual e o fim da intervenção estatal na economia, política que era adotada pelos reinos mercantilistas. Sem o controle do Estado, o mercado se autorregularia, orientado pela lei da oferta e da procura.

Outra crítica de Smith ao mercantilismo era a crença de que os metais preciosos simbolizavam a riqueza dos Estados. Em lugar de ouro acumulado, ele acreditava que a verdadeira fonte geradora de riqueza de uma nação era a capacidade de produzir e comercializar mercadorias agrícolas e manufatureiras.

Em um período de crescimento econômico na Europa, as ideias de Adam Smith se difundiram facilmente entre a burguesia, que via a oportunidade de prosperar com a liberdade de produção e de comércio.

FIM

Próxima aula, valores iluministas 

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