terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Revolução Russa de fevereiro de 1917 (1ª Revolução Russa (Revolução menchevique - Fim do Czarismo).

Revolução Russa de fevereiro de 1917 (1ª Revolução Russa (Revolução  menchevique - Fim do Czarismo).

Revolução Russa de fevereiro de 1917

Os contrastes da sociedade russa

Do século XVI a 1917, a Rússia foi uma monarquia absolutista governada por um czar, a autoridade mais importante do império. O monarca russo tinha em suas mãos todos os poderes e o apoio da Igreja Ortodoxa Russa e da nobreza proprietária de terras.


Definição de Czarismo - Espécie de uma monarquia absolutista de origem divina, apoiada pela Igreja Ortodoxa e pela nobreza (que recebia terras e benefícios para apoiar o rei).

A partir da segunda metade do século XIX, o czar Alexandre II, com a ajuda de empréstimos externos, iniciou um programa de reformas liberais com o intuito de transformar a Rússia numa nação moderna e industrial. Ele aboliu a servidão, distribuiu terras aos camponeses, incentivou as atividades industriais e a fundação de bancos, melhorou o ensino e reorganizou o exército.


Czar Alexandre II da Rússia


Com a reforma liberal, Alexandre II queria transformar a Rússia numa nação moderna e industrial.


A modernização seria via empréstimos via investidores de países industrializados europeus. Ninguém emprestada dinheiro sem visar lucros e benefícios, não é?

   

Além da obtenção de juros, muitos investidores desejavam atuar em países mais pobres para poder explorar a mão-de-obra local, matéria-prima e mercado consumidor. 

As reformas iniciadas por Alexandre II transformaram a Rússia num país de grandes contrastes. De um lado, a sociedade russa possuía características que lembravam o feudalismo, com cerca de 80% da sua população vivendo no campo em condições miseráveis. De outro, reformas modernizantes, impulsionadas pelo Estado czarista, permitiram que o processo de industrialização avançasse no país, com a construção de ferrovias, a instalação de indústrias siderúrgicas, o crescimento acelerado da indústria têxtil e o incremento da produção de ferro, carvão e petróleo.


Boa parte da população russa vivia no campo e não possuíam terras para morar e plantar. Dependia da exploração dos donos de terras para sobreviverem.

O afluxo de capitais franceses, britânicos e belgas permitiu a abertura de grandes empresas, transformando Moscou e São Petersburgo nas cidades mais industrializadas da Rússia, além de Varsóvia, na Rússia polonesa. Entretanto, as outras cidades russas eram ilhas no interior de zonas rurais. Nesses locais, misturavam-se antigas relações de trabalho com práticas capitalistas de produção.


Afluxo de capital (empréstimos) de grandes economias imperialistas europeias na Rússia Czarista.


Moscou,  São Petersburgo e Varsóvia se transformaram em grandes centros industriais.


Outras cidades russas eram ilhas no interior de zonas rurais.

Nas fábricas, os operários eram submetidos a condições insalubres, tinham jornadas de trabalho de 12 a 16 horas por dia, recebiam baixos salários e estavam expostos a riscos de acidente. Além disso, não havia legislação trabalhista, direito de greve ou de organização sindical.


Condições insalubres e a exploração da mão de obra operária nas fábricas russas. 

A extrema exploração do trabalhador industrial propiciou a organização de greves e sindicatos, e a difusão das ideias socialistas de Karl Marx e Friedrich Engels no país.


Karl Marx e Friedrich Engels - criadores de várias ideais socialistas.

Definição de socialismo

Os sindicatos são organizações de representação dos interesses dos trabalhadores, criadas para compensar o poder dos empregadores na relação contratual, sempre desigual e reconhecidamente conflituosa, entre capital e trabalho.

O Domingo Sangrento e a Revolução de 1905

A política expansionista do czar Nicolau II, neto de Alexandre II, levou a Rússia à guerra contra o Japão pelo controle da Manchúria, no nordeste da China, em 1904. Com a derrota do exército russo, as tensões sociais aumentaram no país.


Czar Nicolau II, neto de Alexandre II


Guerra Rússia contra o Japão pelo controle da Manchúria (Vitória do Japão).


Japoneses na Muralha da China fazendo defesa do território da Manchúria da invasão russa.

Em janeiro de 1905, operários em greve e suas famílias dirigiram-se ao palácio do czar, em São Petersburgo, com um abaixo-assinado reivindicando direito de greve, melhores condições de vida e a convocação de uma Assembleia Constituinte. A manifestação foi fortemente reprimida pela guarda imperial, resultando na morte de centenas de manifestantes. Esse dia ficou conhecido como Domingo Sangrento.


A pobreza e a fome não parava de crescer na Rússia czarista


Operários em greve e suas famílias, com um abaixo assinado exigiam melhores condições de vida.


Trabalhadores partiram para o palácio do Czar para levar o abaixo assinado.


Domingo Sangrento - os trabalhadores foram fuzilados.

O acontecimento gerou uma onda de protestos e greves por toda a Rússia e impulsionou a formação dos sovietes, conselhos de representantes eleitos por operários, camponeses e soldados, que teriam um papel fundamental na história posterior da Rússia.


Sovietes

A oposição ao czarismo, dirigida por grupos socialistas, tinha fortes laços com os setores rurais. Contudo, influenciado por correntes políticas europeias, o movimento passou a contar com uma expressiva participação da classe operária, o que resultou na criação do Partido Operário Social-Democrata Russo, em 1898.


Partido Operário Social-Democrata Russo - POSDR

Entretanto, a divergência de ideias entre seus integrantes levou o partido a se dividir em dois grupos. Inspirados nas ideias de Marx, os bolcheviques (que significa “representantes da maioria”) defendiam a aliança entre os camponeses e o operariado para derrubar o czarismo e implantar o socialismo no país. Os mencheviques (que significa “representantes da minoria”), também marxistas, buscavam uma passagem gradual para o socialismo por meio de uma aliança dos operários e camponeses com a burguesia. O rompimento definitivo entre os dois grupos ocorreu em 1912.


Oposição ao czarismo dividida: Bolcheviques x Mencheviques


Bolcheviques (que significa “representantes da maioria”) defendiam a aliança entre os camponeses e o operariado para derrubar o czarismo e implantar o socialismo no país.


Mencheviques (que significa “representantes da minoria”), também marxistas, buscavam uma passagem gradual para o socialismo por meio de uma aliança dos operários e camponeses com a burguesia.

Pintura de 1905 que representa a guarda imperial atirando em manifestantes, no episódio conhecido como Domingo Sangrento.

A Rússia na Primeira Guerra Mundial

O principal objetivo de Nicolau II ao lançar a Rússia na Primeira Guerra era dominar o acesso do Mar Negro ao Mar Mediterrâneo e afastar a influência do Império Austro-Húngaro na Península Balcânica.


Objetivo da Rússia era dominar o acesso do Mar Negro ao Mar Mediterrâneo e afastar a influência do Império Austro-Húngaro na Península Balcânica.

No entanto, a Rússia estava despreparada para enfrentar o exército alemão: muitos soldados russos eram camponeses e combatiam o inimigo com armas tecnologicamente inferiores, além de a produção industrial e o sistema de transportes do país não atenderem às necessidades colocadas pela guerra.


A Rússia estava despreparada para participar da Primeira Grande Guerra Mundial (1914-1918).


O governo russo destinou boa parte dos recursos para a guerra e para a manutenção dos privilégios da nobreza e do clero. A população russa ficava cada vez mais pobre e faminta. 

Para a Rússia, a guerra trouxe consequências sérias: crescimento das rebeliões populares e das greves operárias, inflação desenfreada e redução da produção agrícola, situação que gerou revoltas de soldados que combatiam nas frentes de batalha e fome em todo o país.


Os Russos queriam que o Czar tirasse a Rússia da Primeira Guerra


Meninos soldados das tropas russas em 1917, último ano da participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial.

A Revolução de Fevereiro de 1917 - Nicolau II abdicou ao trono.


Primeira revolução russa (Revolução Burguesa de cunho liberal)

Em fevereiro de 1917, rebeliões populares, greves gerais, deserções e revoltas armadas de soldados contra seus comandantes, uma grave crise de abastecimento e a atuação de sovietes no campo e na cidade criaram uma situação revolucionária na Rússia. O soviete da cidade de Petrogrado*, controlado pelos mencheviques e socialistas-revolucionários*, assumiu a liderança desse processo e pressionou a Duma (Parlamento russo) a nomear um novo governo em torno de um programa liberal.


Duma


Significado da palavra liberal

Diante dos acontecimentos, o czar foi obrigado a abdicar, e a Rússia passou a ser dirigida por um Governo Provisório de orientação liberal. Inicialmente ministro da Guerra, o socialista-revolucionário Alexander Kerensky assumiu o cargo de primeiro-ministro em julho. Porém, a decisão do novo governo de manter a Rússia na Primeira Guerra gerou violenta oposição, liderada pelos bolcheviques.


O ministro da Guerra Alexander Kerensky assumiu o cargo de primeiro-ministro em julho.

* Petrogrado: nome que a cidade de São Petersburgo recebeu em 1914. Com a morte de Lênin, em 1924, a cidade passou a se chamar Leningrado. Após o fim da União Soviética, em 1991, a cidade voltou a se chamar São Petersburgo.

Socialista-revolucionário: com forte presença entre os camponeses russos, esse partido defendia a abolição da propriedade privada da terra e a formação de cooperativas no campo.


Revolução Russa mapa mental

Para revisar, vídeo abaixo:

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