Revolução Russa de fevereiro de 1917 (1ª Revolução Russa (Revolução menchevique - Fim do Czarismo).
Os contrastes da sociedade russa
Do século XVI a 1917, a Rússia foi uma monarquia absolutista governada por um czar, a autoridade mais importante do império. O monarca russo tinha em suas mãos todos os poderes e o apoio da Igreja Ortodoxa Russa e da nobreza proprietária de terras.
A partir da segunda metade do século XIX, o czar Alexandre II, com a ajuda de empréstimos externos, iniciou um programa de reformas liberais com o intuito de transformar a Rússia numa nação moderna e industrial. Ele aboliu a servidão, distribuiu terras aos camponeses, incentivou as atividades industriais e a fundação de bancos, melhorou o ensino e reorganizou o exército.
A modernização seria via empréstimos via investidores de países industrializados europeus. Ninguém emprestada dinheiro sem visar lucros e benefícios, não é?
As reformas iniciadas por Alexandre II transformaram a Rússia num país de grandes contrastes. De um lado, a sociedade russa possuía características que lembravam o feudalismo, com cerca de 80% da sua população vivendo no campo em condições miseráveis. De outro, reformas modernizantes, impulsionadas pelo Estado czarista, permitiram que o processo de industrialização avançasse no país, com a construção de ferrovias, a instalação de indústrias siderúrgicas, o crescimento acelerado da indústria têxtil e o incremento da produção de ferro, carvão e petróleo.
O afluxo de capitais franceses, britânicos e belgas permitiu a abertura de grandes empresas, transformando Moscou e São Petersburgo nas cidades mais industrializadas da Rússia, além de Varsóvia, na Rússia polonesa. Entretanto, as outras cidades russas eram ilhas no interior de zonas rurais. Nesses locais, misturavam-se antigas relações de trabalho com práticas capitalistas de produção.
Nas fábricas, os operários eram submetidos a condições insalubres, tinham jornadas de trabalho de 12 a 16 horas por dia, recebiam baixos salários e estavam expostos a riscos de acidente. Além disso, não havia legislação trabalhista, direito de greve ou de organização sindical.
A extrema exploração do trabalhador industrial propiciou a organização de greves e sindicatos, e a difusão das ideias socialistas de Karl Marx e Friedrich Engels no país.
O Domingo Sangrento e a Revolução de 1905
A política expansionista do czar Nicolau II, neto de Alexandre II, levou a Rússia à guerra contra o Japão pelo controle da Manchúria, no nordeste da China, em 1904. Com a derrota do exército russo, as tensões sociais aumentaram no país.
Em janeiro de 1905, operários em greve e suas famílias dirigiram-se ao palácio do czar, em São Petersburgo, com um abaixo-assinado reivindicando direito de greve, melhores condições de vida e a convocação de uma Assembleia Constituinte. A manifestação foi fortemente reprimida pela guarda imperial, resultando na morte de centenas de manifestantes. Esse dia ficou conhecido como Domingo Sangrento.
A pobreza e a fome não parava de crescer na Rússia czarista
Operários em greve e suas famílias, com um abaixo assinado exigiam melhores condições de vida.
Trabalhadores partiram para o palácio do Czar para levar o abaixo assinado.
O acontecimento gerou uma onda de protestos e greves por toda a Rússia e impulsionou a formação dos sovietes, conselhos de representantes eleitos por operários, camponeses e soldados, que teriam um papel fundamental na história posterior da Rússia.
A oposição ao czarismo, dirigida por grupos socialistas, tinha fortes laços com os setores rurais. Contudo, influenciado por correntes políticas europeias, o movimento passou a contar com uma expressiva participação da classe operária, o que resultou na criação do Partido Operário Social-Democrata Russo, em 1898.
Entretanto, a divergência de ideias entre seus integrantes levou o partido a se dividir em dois grupos. Inspirados nas ideias de Marx, os bolcheviques (que significa “representantes da maioria”) defendiam a aliança entre os camponeses e o operariado para derrubar o czarismo e implantar o socialismo no país. Os mencheviques (que significa “representantes da minoria”), também marxistas, buscavam uma passagem gradual para o socialismo por meio de uma aliança dos operários e camponeses com a burguesia. O rompimento definitivo entre os dois grupos ocorreu em 1912.
* Petrogrado: nome que a cidade de São Petersburgo recebeu em 1914. Com a morte de Lênin, em 1924, a cidade passou a se chamar Leningrado. Após o fim da União Soviética, em 1991, a cidade voltou a se chamar São Petersburgo.
* Socialista-revolucionário: com forte presença entre os camponeses russos, esse partido defendia a abolição da propriedade privada da terra e a formação de cooperativas no campo.
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