segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Francos


Os Francos (Reino Franco e o Império Carolíngio)



Os francos


 Quem são os Francos?


Os Francos foram uma confederação de tribos germânicas que se estabeleceram na região que hoje é conhecida como França durante a Idade Média. Eles desempenharam um papel significativo na história da Europa, estabelecendo o Reino Franco e contribuindo para a formação do que viria a ser a França moderna. Seu líder mais famoso foi Carlos Magno, que foi coroado Imperador do Sacro Império Romano pelo Papa Leão III em 800 d.C.



Os francos, povo de origem germânica, esses faziam parte dos povos não romanos, chamados preconceituosamente de bárbaros. Acima, contexto histórico antes de 476 d.C.


Clóvis I - Primeiro rei franco e o responsável pelo início da cristianização da Europa



Clóvis I - Nobre que uniu as tribos francas e auxiliou na formação do reino franco.


Clóvis I, também conhecido como Clóvis, o Grande, foi o primeiro rei dos francos a unir todas as tribos francas sob um único governo durante a Antiguidade Tardia. Ele reinou de 481 a 511 d.C. Clóvis é famoso por sua conversão ao cristianismo, especificamente ao catolicismo, após a vitória na Batalha de Tolbiac contra os alamanos. Sua conversão teve um impacto significativo na história europeia, estabelecendo o cristianismo como a religião dominante entre os francos e pavimentando o caminho para a posterior cristianização da Europa Ocidental. Clóvis também é conhecido por fundar a dinastia merovíngia, que governou os francos até o século VIII.


Dinastia merovíngia



Clóvis e seus sucessores - a dinastía merovíngia (481 - 751 d.C)


A dinastia merovíngia, também conhecida como os merovíngios, foi uma dinastia de reis francos que governou os francos de 481 a 751 d.C. Seu nome deriva de Meroveu, um lendário líder franco do século V e ancestral de Clóvis I, o fundador da dinastia. Os reis merovíngios eram geralmente fracos e dependentes de seus prefeitos do palácio, que exerciam o poder real de fato. Essa situação contribuiu para o surgimento do período dos "reis indolentes". A dinastia merovíngia chegou ao fim com a deposição de Childerico III por Pepino, o Breve, que iniciou a dinastia carolíngia. A dinastia merovíngia é significativa tanto pela sua importância na história dos francos quanto pelo seu papel na transição para a dinastia carolíngia, que eventualmente se tornaria o Sacro Império Romano.


Período dos Reis Indolentes 


O "Período dos Reis Indolentes" refere-se a um período durante a história do Reino Franco, que durou de cerca de 640 a 751 d.C. Durante esse tempo, os reis merovíngios, que descendiam de Clóvis I, tornaram-se cada vez mais fracos e dependentes de seus prefeitos do palácio (também conhecidos como mordomos do palácio), que eram os verdadeiros governantes de fato. Esses prefeitos do palácio eram frequentemente mais ativos e poderosos do que os próprios reis, e a dinastia merovíngia ficou conhecida por sua falta de liderança eficaz, daí o termo "reis indolentes". O período culminou com a ascensão de Pepino, o Breve, que depôs o último rei merovíngio (deposição de Childerico III) e instituiu a dinastia carolíngia.


Carlos Martel (o Prefeito do Palácio responsável pela vitória na Batalha de Poitiers)



Carlos Martel


Carlos Martel, também conhecido como Carlos, o Martelo, foi um líder franco que viveu durante o século VIII. Ele foi o prefeito do palácio dos francos de 718 a 741 e desempenhou um papel crucial na história dos francos e da Europa Ocidental. Carlos é mais conhecido por sua vitória decisiva na Batalha de Poitiers em 732, onde ele derrotou um exército muçulmano invasor liderado por Abderramão Alguebli, governador omíada da Península Ibérica. Esta batalha é frequentemente vista como um ponto de viragem na expansão muçulmana na Europa Ocidental, pois Carlos Martel conseguiu conter o avanço muçulmano para o norte. Sua liderança militar eficaz e sua capacidade de unir os francos contribuíram para a consolidação do poder franco na região e para o início da dinastia carolíngia, da qual seu filho, Pepino, o Breve, e seu neto, Carlos Magno, fizeram parte.


Pepino, o breve



Pepino III


Pepino, o Breve, também conhecido como Pepino III, foi um rei dos francos que governou de 751 a 768. Ele foi fundamental na fundação da dinastia carolíngia, que dominou a Europa Ocidental durante a Idade Média. Pepino foi o pai de Carlos Magno e é mais conhecido por sua colaboração com o Papa Zacarias para depor o último rei merovíngio e instituir a dinastia carolíngia. Ele também expandiu os domínios francos e consolidou o poder real.



Coroação de Pepino em 751, por Bonifácio, Arcebispo de Mainz


A dinastia carolíngia e Carlos Magno 



Carlos Magno


A dinastia carolíngia foi uma família real que governou o Reino Franco e transformou esse no Império Franco e dominando parte considerável da Europa Ocidental durante a Idade Média. A dinastia foi fundada por Pepino, o Breve, que depôs o último rei merovíngio (Childerico III) em 751 e foi coroado rei dos francos pelo Papa Zacarias. O nome "Carolíngia" deriva do nome de seu membro mais famoso, Carlos Magno (Carolus Magnus em latim, que significa "Carlos, o Grande").



Ascensão dos francos


Carlos Magno foi responsável por dar continuidade ao legado dos seus antecessores  (Carlos Martel e Pepino) expandiu consideravelmente o reino franco durante seu reinado, que durou de 768 a 814. Ele foi coroado Imperador do Sacro Império Romano-Germânico pelo Papa Leão III em 800, simbolizando uma aliança entre a dinastia carolíngia e a Igreja Católica. Carlos Magno é conhecido por seu grande patrocínio à educação e cultura, bem como por suas conquistas militares.



Em 25 de dezembro de 800, o rei franco Carlos Magno foi coroado imperador romano pelo papa Leão 3º. Seu domínio ia do Mar do Norte aos Abruzos, do Rio Elba até o Ebro, do Lago Balaton até a Bretanha.


Renascimento carolíngio



Características renascimento carolíngio


O Renascimento Carolíngio foi um período de renovação cultural, intelectual e artística que ocorreu durante o reinado de Carlos Magno, entre os séculos VIII e IX. Durante esse período, houve um ressurgimento do interesse nas artes, educação, literatura e aprendizado clássico, que foi incentivado e apoiado pelo próprio Carlos Magno.


Carlos Magno estabeleceu escolas e bibliotecas em todo o seu império, convidando estudiosos de toda a Europa para se reunirem em seu palácio em Aachen (Aix-la-Chapelle), onde eles poderiam traduzir e preservar textos clássicos, bem como produzir novas obras literárias e históricas.


O renascimento cultural sob Carlos Magno foi influenciado pela tradição literária e intelectual romana e também pela tradição cristã. Muitas obras literárias antigas foram preservadas e copiadas durante esse período, e novas obras foram criadas em latim e em vernáculo.



Freiras e monges copistas. Os monges copistas eram aqueles monges que trabalhavam nos scriptoria escrevendo ou copiando os livros. Também chamados de amanuenses, comumente a estes monges é atribuída grande importância histórica, já que seu trabalho possibilitou que o conhecimento dos antigos chegasse até nossos dias.


O Renascimento Carolíngio teve um impacto duradouro no desenvolvimento da cultura e da educação na Europa Ocidental, estabelecendo as bases para o posterior desenvolvimento do Renascimento e para o ressurgimento do aprendizado clássico na Idade Média e no Renascimento.


A morte do imperador Carlos Magno e o declínio do império


Após a morte de Carlos Magno, seus sucessores governaram o império, mas gradualmente o império começou a se fragmentar devido a divisões territoriais e disputas internas. A dinastia carolíngia chegou ao fim em 987 com a morte do último rei carolíngio, Luís V, e o início da dinastia capetiana na França. No entanto, o legado dos carolíngios teve um impacto duradouro na Europa Ocidental, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento do feudalismo e da cultura renascentista carolíngia.


Tratado de Verdum e os sucessores de Carlos Magno


Carlos Martel > Pepino III > Carlos Magno > Luís (o Piedoso) > SEUS TRÊS FILHOS (Lotário I, Luís, Carlos o Calvo)



Tratado de Verdun


O Tratado de Verdun foi um acordo assinado em 843 d.C. na cidade de Verdun-sur-Meuse, no atual nordeste da França, que dividiu o Império Carolíngio em três partes entre os três filhos de Luís, o Piedoso, que era o filho e sucessor de Carlos Magno. Este tratado é frequentemente considerado como o início do processo de divisão do império carolíngio e como um evento crucial na história da Europa, pois estabeleceu as bases para a formação de futuros reinos e estados na Europa Ocidental.


Tratado de Verdum > Divisão do Império > Divisões que proporcionaram os futuros Estados Nacionais.


De acordo com o Tratado de Verdun, o filho mais velho, Lotário I, recebeu a região central do império, que incluía o que é hoje a França, a Bélgica, os Países Baixos, a Suíça e partes da Itália. O filho do meio, Luís, o Germânico, recebeu a região oriental, que eventualmente se tornaria o núcleo do Sacro Império Romano-Germânico, enquanto o filho mais novo, Carlos, o Calvo, recebeu a região ocidental, que se desenvolveu no que hoje é conhecido como França Ocidental.


Essa divisão teve importantes repercussões políticas e culturais na Europa, contribuindo para o desenvolvimento de identidades regionais e para a formação de futuros estados europeus. O Tratado de Verdun é frequentemente considerado como o evento que marcou o início da separação entre a França e a Alemanha como entidades políticas distintas.

-  Luís, o Germânico, recebeu a região oriental, que eventualmente se tornaria o núcleo do Sacro Império Romano-Germânico = Alemanha e outras regiões.

- Carlos, o Calvo, recebeu a região ocidental, que se desenvolveu no que hoje é conhecido como França Ocidental = França.


Além da divisão, outros fatores que levaram ao fim do Império Carolíngio


O fim do Império Carolíngio pode ser atribuído a uma série de fatores ao longo do tempo, mas um evento significativo foi a divisão do império após a morte de Luís, o Piedoso, filho de Carlos Magno. O Tratado de Verdun, assinado em 843 d.C., dividiu o império entre os três filhos de Luís, dando origem aos reinos da França, Alemanha e Itália, que se desenvolveram de forma independente.


Além da divisão do império, outros fatores contribuíram para o enfraquecimento e eventual fim do Império Carolíngio, incluindo:


1. Fragmentação interna: As divisões territoriais entre os herdeiros de Luís, o Piedoso, levaram a conflitos internos e lutas pelo poder entre os diferentes reinos e territórios.


2. Ataques externos: O império enfrentou ataques frequentes de invasores externos, como vikings, sarracenos e magiares, que enfraqueceram ainda mais a autoridade central e levaram à fragmentação do poder.


3. Fraqueza dos reis: Muitos dos reis carolíngios posteriores eram fracos e incapazes de controlar efetivamente seus territórios, levando à perda de poder e autoridade centralizada.


4. Desenvolvimento do feudalismo: O crescimento do sistema feudal descentralizou o poder, com os nobres locais exercendo mais controle sobre suas terras e recursos, enfraquecendo assim o poder real.


5. Contestação papal: O conflito entre os reis e o papado também contribuiu para a instabilidade política e a perda de poder dos reis carolíngios.


No século X, o Império Carolíngio estava essencialmente fragmentado em uma série de reinos menores e territórios, e o título de imperador deixou de ter uma autoridade efetiva sobre todo o império. O fim do Império Carolíngio é geralmente considerado como tendo ocorrido em 888 d.C., com a morte do último imperador carolíngio legítimo, Carlos III, o Gordo, e o início de uma era de fragmentação política na Europa Ocidental.


Próxima aula

Sacro Império Romano-Germânico

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