sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Tráfico do Atlântico (Tráfico negreiro entre África x Américas)

Tráfico negreiro do Atlântico - comércio de escravos entre África e Américas.



Clique no link abaixo e veja o vídeo sobre a grandiosa história africana ao longo da antiguidade e idade média.


https://youtu.be/hSDhPrMz7IQ?si=sdVcnMYsgMp4RUcE


O tráfico transatlântico



Africanos em um navio negreiro.


Quais foram os principais resultados do tráfico transatlântico?



Dançarinos de conga se apresentam nas ruas de Havana, em Cuba. Foto de 2016. 


A diáspora africana



Significado (definição) palavra diáspora.


Até recentemente, o termo diáspora era aplicado para nomear a dispersão forçada dos judeus pelo mundo após a destruição de Jerusalém pelos romanos, no século I d.C. Sabemos, porém, que processos semelhantes de dispersão territorial ocorreram com outros povos. Por isso, desde o final do século XX, muitos livros e artigos têm feito referência à diáspora africana, o movimento de migração forçada mais intenso de que se tem notícia.



Diáspora 


O deslocamento territorial de milhões de africanos através do Oceano Atlântico foi motivado pelos lucros obtidos com o tráfico negreiro e com a exploração do trabalho escravo na América. 



Diáspora africana 


Escravidão promovida por europeus que focavam nos altíssimos lucros obtidos pelo tráfico.


Praticado por quase quatro séculos, o tráfico de escravizados teve como maior consequência para o continente africano a perda demográfica. Na Europa, o seu principal resultado foi o acúmulo de grandes lucros. Na América, para onde a maior parte dos africanos escravizados foi levada, o tráfico atlântico e a escravidão produziram sofrimento, mortes e um legado de preconceito difícil de superar. Porém, eles também promoveram encontros e trocas entre diversas sociedades e culturas, ocorridos tanto nos navios negreiros como nos espaços que os sujeitos escravizados encontraram fora da África. 


Nas terras ligadas pelo Atlântico, os africanos escravizados estabeleceram novos vínculos afetivos e familiares, construindo, na relação com outros povos, expressões culturais afro-americanas. Seus descendentes, em razão das barreiras étnico-sociais geradas pela escravidão, hoje lutam para se inserir como cidadãos plenos na sociedade.


“Para pensar a diáspora africana é preciso destacar as regiões portuárias. Tais regiões marcaram a entrada desses indivíduos em novos mundos, e por serem locais de chegada, eram também marcados pelo contato e […] pela diversidade cultural, étnica e social. [...] 


Um mundo de trocas e sociabilidade se construiu a partir da experiência num novo local. Formas de ver o mundo, domínio de diferentes tecnologias, ideias e crenças são exemplos destas trocas. Africanos de todas as partes do continente precisaram construir novas formas de viver a vida em terras (hoje) brasileiras. 


Assim, a diáspora não é apenas sinônimo da imigração à força, mas também [...] a construção de novas formas de ser, agir e pensar no mundo. Os castigos físicos e o sofrimento fizeram parte da vida de homens e mulheres escravizados. Mas as lutas diárias, os novos elos afetivos, os vínculos familiares também.” 


ANDRADE, Ana Luíza Mello Santiago. Diáspora africana. Geledés, 14 fev. 2017. Disponível em <http://mod.lk/67yhg>. Acesso em 16 mar. 2020. 



Rancho na região da serra do Caraça, gravura de Spix & Martius, 1817-1820.


Escravo ou escravizado?


Segundo alguns pesquisadores, do ponto de vista semântico, o termo “escravo” naturaliza a condição do cativo, como alguém que se acomodou a uma condição estabelecida desde sempre. Por isso, o termo mais correto seria “escravizado”. Ele permite perceber que a pessoa cativa estava naquela condição, criada e não natural, por decisão do opressor.


A expansão portuguesa na África


Os portugueses foram pioneiros no comércio de pessoas escravizadas da África para a América. Em 1443, a Coroa portuguesa criou, no Arquipélago de Arguim, a primeira feitoria em terras africanas. O entreposto de Arguim seria utilizado para a obtenção de ouro, goma arábica e escravizados, além de servir de base para a expansão portuguesa em direção ao Atlântico Sul.


Porém, o grande impulso ao tráfico veio com a colonização da América, a partir do século XVI. A crescente demanda de mão de obra estimulou a criação de rotas diretas entre a África e a América, transformando o tráfico negreiro em um negócio transatlântico.


No século XVI, com o apoio de guerreiros imbangalas, os portugueses derrotaram reinos mais ao sul do continente africano, que resistiam à sua presença, e fundaram as colônias de Luanda e Benguela. Aos poucos, formou-se uma nova sociedade colonial portuguesa, voltada à captura e venda de escravizados.


À medida que cresciam os lucros com o comércio negreiro, as guerras entre os reinos africanos passaram a ser motivadas cada vez mais pelo interesse em adquirir escravizados e comercializá-los com os europeus. Dessa maneira, a solução para o fornecimento de mão de obra na América tornou-se um lucrativo negócio, tanto para os europeus quanto para os chefes e líderes africanos.



Navio negreiro, gravura colorizada de Johann Moritz Rugendas, 1835.


O funcionamento do tráfico negreiro


Clique no link abaixo e veja o vídeo sobre o tráfico negreiro

https://youtu.be/D8OYVuwquCs?si=jG1U_8TDbPwB1F_E


O tráfico transatlântico de escravizados foi responsável pelo maior deslocamento forçado de pessoas, a longa distância, da história. Das primeiras viagens realizadas no início do século XVI até 1866, ano da partida do último navio negreiro para a América, cerca de 12,5 milhões de africanos foram escravizados e obrigados a embarcar, em sua maioria, em direção às colônias americanas do outro lado do Oceano Atlântico. 


As propriedades monocultoras de cana-de-açúcar na América, conhecidas como plantations, foram fundamentais para a expansão do tráfico negreiro, pois 80% de todos os escravizados que saíram da África entre os séculos XVI e XIX foram levados para trabalhar nessas áreas de produção de açúcar. Entre os que desembarcaram em portos americanos, 95% foram levados para o Caribe e a América do Sul.


O tráfico era lucrativo para todos os agentes nele envolvidos. Na maior parte da costa africana, o comércio entre europeus, colonos americanos e traficantes locais se assentava em praças mercantis, portos e fortalezas. Os navios negreiros partiam de vinte portos principais, de onde quase três quartos de todos os cativos retirados da África foram transportados em naus para diversas localidades (veja o mapa abaixo).


Os principais portos de embarque de pessoas escravizadas se localizavam na África Ocidental. Ao longo de quase quatro séculos de tráfico negreiro, a maior parte dos cativos partiu da região centro-ocidental. Na porção oriental da costa africana, Madagascar e Moçambique destacaram-se a partir do final do século XVIII até meados do século XIX, período em que o tráfico começou a declinar e as rotas convencionais foram proibidas.


Visão geral do tráfico de escravizados (1501-1866)




Fonte: Slave Voyages: The Trans-Atlantic Slave Trade Database. Disponível em <http://mod.lk/zon3v>. Acesso em 9 mar. 2020.


O discurso que justificava a escravidão


O volume do tráfico de africanos escravizados superou em muito o comércio de cativos na Antiguidade. Diferentemente do escravismo antigo, a escravidão moderna alcançou uma dimensão intercontinental, criando sociedades escravistas em várias partes da América.


Os reinos europeus que comerciavam escravizados no Atlântico criaram leis para regulamentar o tráfico e a escravidão, definindo, por exemplo, até onde ia o poder do senhor sobre seus cativos, quais eram as condições de compra e venda, que castigos eram toleráveis etc. Procuravam também determinar em quais situações os escravizados poderiam alcançar a alforria.


Para legitimar a prática da escravidão do ponto de vista moral e jurídico, os europeus procuravam justificativas nas ideias de pensadores da Igreja, nos textos de Aristóteles e no direito romano. Assim, eles criaram um discurso que tratava um ato cruel e hediondo como uma prática justa, natural e necessária (leia o boxe no final desta página).




Filhos de Caim


Um dos discursos criados pelos europeus para justificar a escravidão consistia em associar os negros aos descendentes de Caim, personagem bíblico que assassinou seu irmão Abel e por isso foi amaldiçoado por Deus.

“Os africanos seriam os descendentes de Caim, e, portanto, trazendo ainda na carne o sinal da maldição divina imposta ao primeiro homicida, segundo a narrativa bíblica. [...] Na tradição popular os negros passaram a ser considerados como raça maldita de Caim, sendo a negritude de sua pele um sinal imposto pelo próprio Deus.”

AZZI, Riolando. In: OLIVIERA, Cleiton. A prole de Caim e os descendentes de Cam. Dissertação de Mestrado em História apresentada à Unifal, 2018. p. 32.

ERIC LAFFORGUE/CORBIS/GETTY IMAGES - COLEÇÃO PARTICULAR



Representação em baixo-relevo de um religioso católico pregando para africanos em Angola, s/d.


Os agentes do tráfico


No século XVI e na primeira metade do século XVII, portugueses e espanhóis dominaram o tráfico de africanos escravizados. A partir da expansão da economia açucareira no Caribe, a competição aumentou com a participação de franceses, ingleses e holandeses e, em menor escala, de dinamarqueses, suecos e alemães.

O século XVIII foi marcado pelo domínio dos ingleses no Atlântico Norte e de comerciantes portugueses e luso-brasileiros no Atlântico Sul. Nos países mais atuantes no tráfico negreiro foram criadas instituições que regulamentavam o funcionamento dessa atividade, estabeleciam impostos e tarifas e disputavam o monopólio do comércio de escravizados no Atlântico.

No Atlântico, essa grande rede de comércio de pessoas era composta pela elite mercantil, comerciantes, capitães de navios, marinheiros e armadores, financiados por banqueiros europeus. No interior da África, esses agentes do tráfico dependiam de guias, intérpretes, carregadores de mercadorias, moradores e funcionários reais que se estabeleciam nas proximidades dos portos e nas colônias. Também havia traficantes locais, que poderiam ser até mesmo ex-escravizados e europeus estabelecidos na África.

Os soberanos e chefes africanos também participavam do tráfico, pois eram eles que monopolizavam o fornecimento de cativos. Esses líderes locais passaram a promover guerras e expedições contra vilas, aldeias e reinos rivais para aprisionar e escravizar pessoas.

Em troca dos cativos, os europeus ofereciam mercadorias apreciadas pelas autoridades africanas, como cauris e zimbos (conchas que circulavam como moedas); objetos de ferro e cobre; tecidos finos do Oriente; tabaco; cavalos; armas de fogo; vinho; rum e cachaça. Os europeus negociavam os africanos escravizados no Caribe, nas treze colônias inglesas e na América do Sul e depois partiam para a Europa levando açúcar, tabaco e rum. Esse circuito ficou conhecido como comércio triangular.


Gravura colorizada do século XIX que representa africanos cativos sendo conduzidos, em comboio, para os postos de venda de escravizados na costa do continente.


A dimensão humana da travessia atlântica


Por trás dos números, dos mapas e das tabelas relacionados ao tráfico negreiro, estão as pessoas que foram vítimas da crueldade desse comércio. O terror, o medo e a tortura eram as características mais evidentes da escravização e do tráfico negreiro.


Dos cerca de 12,5 milhões de africanos que embarcaram nos navios com destino à América, quase 2 milhões não sobreviveram. Sucumbiram em razão das precárias condições da viagem, que durava em média quarenta dias: embarcações lotadas, disseminação de doenças como tuberculose e disenteria, alimentos estragados e sujeira. Também foram vítimas de castigos físicos, privações e violência sexual.


Nos navios, os africanos resistiam com frequência, promovendo motins na tentativa de se libertar. Em um a cada dez navios ocorreu algum tipo de rebelião de escravizados ou ataque na costa africana. As fugas, as revoltas armadas e a formação de comunidades de fugitivos são alguns exemplos da resistência à escravização que acontecia ainda no interior do continente africano.


As pressões dos agentes envolvidos na economia escravista para aumentar a cada dia o fornecimento de escravizados levaram as elites africanas a criar e incrementar meios para a obtenção de cativos, como o sequestro, a captura ilegal de livres e libertos e a escravização de pessoas acusadas de algum crime. Os resultados desse processo foram o despovoamento de regiões inteiras, a instabilidade política de reinos, vilas e aldeias e a desagregação social das populações locais.



O motim no Amistad, pintura mural de Hale Woodruff, 1938. A cena representa a rebelião de africanos escravizados ocorrida em 1838 no navio Amistad. 


A escravidão atlântica 

http://mod.lk/cf2h7006


Fotos quadro


Abaixo, foto do quadro aula 01 e 02


Aula01


Foto da aula Tráfico do Atlântico (tráfico negreiro entre a África e o continente americano)

Abaixo, foto do quadro aula 02 


Foto aula 02 Tráfico Negreiro do Atlântico.


Próxima aula

Escravidão africana no Brasil


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