Tráfico negreiro do Atlântico - comércio de escravos entre África e Américas.
Clique no link abaixo e veja o vídeo sobre a grandiosa história africana ao longo da antiguidade e idade média.
https://youtu.be/hSDhPrMz7IQ?si=sdVcnMYsgMp4RUcE
O tráfico transatlântico
Quais foram os principais resultados do tráfico transatlântico?
Dançarinos de conga se apresentam nas ruas de Havana, em Cuba. Foto de 2016.
A diáspora africana
Até recentemente, o termo diáspora era aplicado para nomear a dispersão forçada dos judeus pelo mundo após a destruição de Jerusalém pelos romanos, no século I d.C. Sabemos, porém, que processos semelhantes de dispersão territorial ocorreram com outros povos. Por isso, desde o final do século XX, muitos livros e artigos têm feito referência à diáspora africana, o movimento de migração forçada mais intenso de que se tem notícia.
Diáspora
O deslocamento territorial de milhões de africanos através do Oceano Atlântico foi motivado pelos lucros obtidos com o tráfico negreiro e com a exploração do trabalho escravo na América.
Diáspora africana
Escravidão promovida por europeus que focavam nos altíssimos lucros obtidos pelo tráfico.
Praticado por quase quatro séculos, o tráfico de escravizados teve como maior consequência para o continente africano a perda demográfica. Na Europa, o seu principal resultado foi o acúmulo de grandes lucros. Na América, para onde a maior parte dos africanos escravizados foi levada, o tráfico atlântico e a escravidão produziram sofrimento, mortes e um legado de preconceito difícil de superar. Porém, eles também promoveram encontros e trocas entre diversas sociedades e culturas, ocorridos tanto nos navios negreiros como nos espaços que os sujeitos escravizados encontraram fora da África.
Nas terras ligadas pelo Atlântico, os africanos escravizados estabeleceram novos vínculos afetivos e familiares, construindo, na relação com outros povos, expressões culturais afro-americanas. Seus descendentes, em razão das barreiras étnico-sociais geradas pela escravidão, hoje lutam para se inserir como cidadãos plenos na sociedade.
“Para pensar a diáspora africana é preciso destacar as regiões portuárias. Tais regiões marcaram a entrada desses indivíduos em novos mundos, e por serem locais de chegada, eram também marcados pelo contato e […] pela diversidade cultural, étnica e social. [...]
Um mundo de trocas e sociabilidade se construiu a partir da experiência num novo local. Formas de ver o mundo, domínio de diferentes tecnologias, ideias e crenças são exemplos destas trocas. Africanos de todas as partes do continente precisaram construir novas formas de viver a vida em terras (hoje) brasileiras.
Assim, a diáspora não é apenas sinônimo da imigração à força, mas também [...] a construção de novas formas de ser, agir e pensar no mundo. Os castigos físicos e o sofrimento fizeram parte da vida de homens e mulheres escravizados. Mas as lutas diárias, os novos elos afetivos, os vínculos familiares também.”
ANDRADE, Ana Luíza Mello Santiago. Diáspora africana. Geledés, 14 fev. 2017. Disponível em <http://mod.lk/67yhg>. Acesso em 16 mar. 2020.
Rancho na região da serra do Caraça, gravura de Spix & Martius, 1817-1820.
Escravo ou escravizado?
Segundo alguns pesquisadores, do ponto de vista semântico, o termo “escravo” naturaliza a condição do cativo, como alguém que se acomodou a uma condição estabelecida desde sempre. Por isso, o termo mais correto seria “escravizado”. Ele permite perceber que a pessoa cativa estava naquela condição, criada e não natural, por decisão do opressor.
A expansão portuguesa na África
Os portugueses foram pioneiros no comércio de pessoas escravizadas da África para a América. Em 1443, a Coroa portuguesa criou, no Arquipélago de Arguim, a primeira feitoria em terras africanas. O entreposto de Arguim seria utilizado para a obtenção de ouro, goma arábica e escravizados, além de servir de base para a expansão portuguesa em direção ao Atlântico Sul.
Porém, o grande impulso ao tráfico veio com a colonização da América, a partir do século XVI. A crescente demanda de mão de obra estimulou a criação de rotas diretas entre a África e a América, transformando o tráfico negreiro em um negócio transatlântico.
No século XVI, com o apoio de guerreiros imbangalas, os portugueses derrotaram reinos mais ao sul do continente africano, que resistiam à sua presença, e fundaram as colônias de Luanda e Benguela. Aos poucos, formou-se uma nova sociedade colonial portuguesa, voltada à captura e venda de escravizados.
À medida que cresciam os lucros com o comércio negreiro, as guerras entre os reinos africanos passaram a ser motivadas cada vez mais pelo interesse em adquirir escravizados e comercializá-los com os europeus. Dessa maneira, a solução para o fornecimento de mão de obra na América tornou-se um lucrativo negócio, tanto para os europeus quanto para os chefes e líderes africanos.
Navio negreiro, gravura colorizada de Johann Moritz Rugendas, 1835.
O funcionamento do tráfico negreiro
Clique no link abaixo e veja o vídeo sobre o tráfico negreiro
https://youtu.be/D8OYVuwquCs?si=jG1U_8TDbPwB1F_E
O tráfico transatlântico de escravizados foi responsável pelo maior deslocamento forçado de pessoas, a longa distância, da história. Das primeiras viagens realizadas no início do século XVI até 1866, ano da partida do último navio negreiro para a América, cerca de 12,5 milhões de africanos foram escravizados e obrigados a embarcar, em sua maioria, em direção às colônias americanas do outro lado do Oceano Atlântico.
As propriedades monocultoras de cana-de-açúcar na América, conhecidas como plantations, foram fundamentais para a expansão do tráfico negreiro, pois 80% de todos os escravizados que saíram da África entre os séculos XVI e XIX foram levados para trabalhar nessas áreas de produção de açúcar. Entre os que desembarcaram em portos americanos, 95% foram levados para o Caribe e a América do Sul.
O tráfico era lucrativo para todos os agentes nele envolvidos. Na maior parte da costa africana, o comércio entre europeus, colonos americanos e traficantes locais se assentava em praças mercantis, portos e fortalezas. Os navios negreiros partiam de vinte portos principais, de onde quase três quartos de todos os cativos retirados da África foram transportados em naus para diversas localidades (veja o mapa abaixo).
Os principais portos de embarque de pessoas escravizadas se localizavam na África Ocidental. Ao longo de quase quatro séculos de tráfico negreiro, a maior parte dos cativos partiu da região centro-ocidental. Na porção oriental da costa africana, Madagascar e Moçambique destacaram-se a partir do final do século XVIII até meados do século XIX, período em que o tráfico começou a declinar e as rotas convencionais foram proibidas.
Visão geral do tráfico de escravizados (1501-1866)
Fonte: Slave Voyages: The Trans-Atlantic Slave Trade Database. Disponível em <http://mod.lk/zon3v>. Acesso em 9 mar. 2020.
O discurso que justificava a escravidão
O volume do tráfico de africanos escravizados superou em muito o comércio de cativos na Antiguidade. Diferentemente do escravismo antigo, a escravidão moderna alcançou uma dimensão intercontinental, criando sociedades escravistas em várias partes da América.
Os reinos europeus que comerciavam escravizados no Atlântico criaram leis para regulamentar o tráfico e a escravidão, definindo, por exemplo, até onde ia o poder do senhor sobre seus cativos, quais eram as condições de compra e venda, que castigos eram toleráveis etc. Procuravam também determinar em quais situações os escravizados poderiam alcançar a alforria.
Para legitimar a prática da escravidão do ponto de vista moral e jurídico, os europeus procuravam justificativas nas ideias de pensadores da Igreja, nos textos de Aristóteles e no direito romano. Assim, eles criaram um discurso que tratava um ato cruel e hediondo como uma prática justa, natural e necessária (leia o boxe no final desta página).
Gravura colorizada do século XIX que representa africanos cativos sendo conduzidos, em comboio, para os postos de venda de escravizados na costa do continente.
A dimensão humana da travessia atlântica
Por trás dos números, dos mapas e das tabelas relacionados ao tráfico negreiro, estão as pessoas que foram vítimas da crueldade desse comércio. O terror, o medo e a tortura eram as características mais evidentes da escravização e do tráfico negreiro.
Dos cerca de 12,5 milhões de africanos que embarcaram nos navios com destino à América, quase 2 milhões não sobreviveram. Sucumbiram em razão das precárias condições da viagem, que durava em média quarenta dias: embarcações lotadas, disseminação de doenças como tuberculose e disenteria, alimentos estragados e sujeira. Também foram vítimas de castigos físicos, privações e violência sexual.
Nos navios, os africanos resistiam com frequência, promovendo motins na tentativa de se libertar. Em um a cada dez navios ocorreu algum tipo de rebelião de escravizados ou ataque na costa africana. As fugas, as revoltas armadas e a formação de comunidades de fugitivos são alguns exemplos da resistência à escravização que acontecia ainda no interior do continente africano.
As pressões dos agentes envolvidos na economia escravista para aumentar a cada dia o fornecimento de escravizados levaram as elites africanas a criar e incrementar meios para a obtenção de cativos, como o sequestro, a captura ilegal de livres e libertos e a escravização de pessoas acusadas de algum crime. Os resultados desse processo foram o despovoamento de regiões inteiras, a instabilidade política de reinos, vilas e aldeias e a desagregação social das populações locais.
O motim no Amistad, pintura mural de Hale Woodruff, 1938. A cena representa a rebelião de africanos escravizados ocorrida em 1838 no navio Amistad.
A escravidão atlântica
Fotos quadro
Abaixo, foto do quadro aula 01 e 02
Aula01
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