quinta-feira, 22 de junho de 2023

Política e cultura em Esparta e Atenas

 Esparta: a pólis guerreira




O que sabemos sobre a Grécia antiga tem como base fontes históricas que se referem principalmente às cidades de Atenas, situada na região da Ática, e Esparta, localizada na Península do Peloponeso.



Mapa Esparta - Sul da Península do Peloponeso.


A cidade de Esparta foi fundada pelos dórios, que dominaram toda a região e conquistaram as melhores terras. Ali, surgiu uma sociedade fortemente militarizada e hierarquizada. Os esparciatas, descendentes dos dórios, controlavam as instituições políticas e se dedicavam às atividades militares.



Sociedade espartana - Sociedade militarizada e desigual. Esparciatas era o menor grupo e fazia parte da elite local.


A produção de alimentos e de outros bens era realizada pelos hilotas, antigos habitantes da região que foram dominados pelos dórios e transformados em servos. Eles eram obrigados a cultivar a terra dos esparciatas e a entregar a eles parte do que produziam.



Hilotas – pessoas submetidas ao regime de servidão. Não possuíam direitos políticos e eram considerados propriedade do Estado. Os hilotas viviam em péssimas condições e, muitas vezes, eram vítimas de massacres por parte dos espartanos para evitar rebeliões.


Os habitantes dos arredores de Esparta formavam o grupo dos periecos. Eles se dedicavam à agricultura, ao artesanato e ao comércio.



Os periecos ou periocos eram a segunda camada da sociedade estamental dos espartanos, logo após os esparciatas. Ao contrário dos esparciatas, os periecos podiam dedicar-se ao comércio e à indústria artesanal.


A oligarquia espartana



Significado de oligarquia



Significado de cidadania HOJE


Em Esparta, apenas os esparciatas eram cidadãos, ou seja, tinham direitos políticos. Além disso, somente membros das famílias esparciatas mais importantes podiam ser eleitos para as funções de comando. Por isso, o regime político de Esparta é chamado de oligárquico (olígos, poucos; arkhé, governo).



Somente os esparciatas eram cidadãos, ou seja, apenas a elite possuía direitos políticos.



Estrutura de organização da Oligarquia espartana


Na cidade, dois reis comandavam o exército e cuidavam das tarefas sacerdotais. As leis eram formuladas pela Gerúsia, um conselho formado pelos dois reis e por 28 cidadãos com mais de 60 anos. Um comitê de cinco cidadãos, os éforos, era eleito todo ano pela assembleia para supervisionar as atividades políticas e julgar crimes importantes.



Esparta era uma diarquia, ou seja, possuíam dois reis, cada um com uma função (um religiosa e outro militar). Os dois reis governavam juntos com a Gerúsia (conselho dos ansiões - legislativo (formulavam leis)).


Os cidadãos maiores de 20 anos podiam participar da Ápela, assembleia que se reunia periodicamente para votar as leis propostas pela Gerúsia. Mas o poder da assembleia era limitado; quem comandava a cidade, de fato, eram os dois reis e os 28 anciãos da Gerúsia.



Ápela: assembleia popular formada por todos os cidadãos maiores de 30 anos, cuja função era eleger os membros da Gerúsia, aprovar a escolha dos éforos e aprovar as leis.



Guerreiros espartanos com lanças, relevo do século VI a.C.


Atenas: a fase aristocrática


Enquanto Esparta se organizava como uma sociedade oligárquica e fortemente militarizada, a pólis de Atenas desenvolveu um modelo de cidade bem diferente.


Até o século VI a.C., Atenas foi governada por uma aristocracia de grandes proprietários rurais, que elegiam entre si magistrados encarregados de comandar o exército e fazer cumprir as leis.


Os aristocratas possuíam muitos escravos, em sua maioria prisioneiros de guerra e seus descendentes. Os escravos trabalhavam nas minas, na agricultura, no artesanato e nas tarefas domésticas, possibilitando que os homens ricos e livres se dedicassem exclusivamente à política e ao ócio.


O restante dos atenienses compunha o demos, que compreendia os camponeses, os artesãos e os comerciantes. Havia ainda os metecos, como eram chamados os estrangeiros e seus descendentes. Excluídos da vida política de Atenas, esses grupos foram, pouco a pouco, demonstrando seu descontentamento com o governo aristocrático.


O nascimento da democracia


No início do século VI a.C., os conflitos entre o demos e a aristocracia caminhavam para uma guerra civil. Para conter as tensões, o magistrado Sólon promoveu algumas reformas, como o fim da escravidão por dívidas e a criação de um tribunal popular. Instituiu também uma assembleia chamada Eclésia, da qual podiam participar todos os cidadãos. Também criou a Bulé, um conselho de quatrocentos homens eleitos que preparavam as leis a serem votadas pela assembleia.


Apesar das reformas, as camadas médias e baixas da população continuaram sem participar plenamente da política, pois a Eclésia quase nunca se reunia.


Somente na magistratura de Clístenes o governo de Atenas passou de fato a ser exercido pelo demos, e a democracia foi implantada na cidade. A Eclésia passou a opinar sobre todos os assuntos, e a Bulé foi ampliada para quinhentos membros, sorteados entre todos os cidadãos. Porém, em Atenas, os cidadãos eram somente os homens adultos, filhos de pais atenienses.




Figuras femininas (cariátides) usadas como colunas do templo de Erecteion. Acrópole de Atenas, construção do século V a.C.


A importância da palavra


Demóstenes foi um importante orador e político grego. Ele viveu em Atenas no século IV a.C. Ainda muito jovem, presenciou um julgamento que considerou injusto. Nesse momento, percebeu a força das palavras na vida pública de sua cidade e decidiu tornar-se um orador. Passou a frequentar aulas de oratória, estudando as melhores maneiras de convencer os ouvintes, tornando-se um dos oradores mais conhecidos da Grécia antiga.


Depois de atuar nos tribunais, ficou famoso por seus discursos na assembleia de Atenas, incentivando seus compatriotas a se organizar contra a ameaça representada por Filipe II da Macedônia, que iniciava a expansão ao norte da Grécia. O orador demonstrou que havia um grande perigo para a liberdade das cidades gregas, em especial para a democracia ateniense, e suas propostas foram aprovadas pela assembleia.


A história de vida de Demóstenes não é apenas um exemplo do valor de seu esforço pessoal. Demonstra a importância do discurso na vida das cidades gregas, principalmente do discurso oral. A arte de falar bem, de convencer o público, era muito valorizada entre os gregos. Por isso, a oratória era parte importante da educação dos cidadãos.


A educação em Esparta e em Atenas


Em Esparta, a educação dos cidadãos era voltada aos aprendizados necessários para a guerra. Assim que nasciam, as crianças eram examinadas e, se aparentassem algum sinal de fraqueza ou deficiência física, eram mortas, como explica o texto a seguir.


“Quando uma criança nascia, o pai não tinha direito de criá-la: devia levá-la [...] [aos] anciãos da tribo. Eles examinavam o bebê. Se o achavam bem encorpado e robusto, eles o deixavam. Se era mal nascido e defeituoso, jogavam-no no que se chama os Apotetos, um abismo ao pé do Taigeto. Julgavam que era melhor, para ele mesmo e para a cidade, não deixar viver um ente que, desde o nascimento, não estava destinado a ser forte e saudável. [...]”


PLUTARCO. A vida de Licurgo. In: PINSKY, Jaime. 100 textos de História Antiga. São Paulo: Contexto, 2009. p. 108.


Aos 7 anos de idade, os meninos passavam a viver em quartéis e se habituavam a suportar a dor, a fome e o frio. Após o período de treinos, os jovens eram submetidos a um ritual de passagem. Os que não fossem considerados aptos para a guerra eram relegados a uma condição inferior.


As fontes históricas levam a crer que as mulheres espartanas participavam ativamente da vida social na pólis. Elas praticavam exercícios físicos com os homens, circulavam livremente pela cidade e estimulavam a bravura dos filhos por meio de diálogos, além de aconselhar os maridos em questões políticas. A sociedade via as mulheres como o ventre gerador de valentes guerreiros.


Em Atenas, meninos e meninas eram educados de maneiras diferentes. Os meninos aprendiam a ler, a escrever, a recitar poemas e a cantar ou tocar instrumentos musicais. A partir dos 15 anos de idade, frequentavam o ginásio, onde praticavam exercícios físicos e discutiam questões políticas e filosóficas. Depois dos 20 anos, o jovem tinha mais dois anos de preparação militar, momento em que se tornava cidadão e estava preparado para atuar na vida pública.


As meninas atenienses eram educadas para a vida doméstica. Para isso, elas aprendiam a fiar, a tecer e a cozinhar, além de se preparar para a maternidade brincando com bonecas. Por volta dos 15 anos de idade, participavam de cerimônias religiosas que as tornavam aptas para o casamento.



Ilustração atual representando um professor ensinando um jovem ateniense a ler.



Quadro 01 - Política, sociedade e cultura em Esparta.


Quadro 02 - Política, sociedade e cultura em Atenas.


Exercícios

Parte 01 - exercícios sobre Esparta

01 - Informe a localização de:

a) Atenas:

b) Esparta:

02 -  Qual povo fundou Esparta?

03 - Cite características da sociedade espartana: 

04 - Na sociedade espartana, quem eram os esparciatas?

05 - Na sociedade espartana, quem eram os responsáveis pela produção de alimentos e de outros bens?

06 - Quem eram os hilotas em Esparta? O que eles faziam?

07 - Em Esparta, quem eram os periecos? O que eles faziam?

08 - Qual era o regime político em Esparta? Na sociedade espartana, quem era cidadão? Por quê?

09 - Em Esparta, existiam dois reis, um fazia a função de.... e o outro era responsável por....

10 - O que era a Gerúsia? Qual era a sua função?

11 - Eram líderes da antiga Esparta que compartilhavam do poder com os reis de Esparta. Cinco eram eleitos anualmente, eles "juravam em nome da cidade", enquanto os reis juravam por si mesmos. Estamos falando dos:

12 - O que era a Ápela? Qual era a sua função?


Parte 02 - Exercícios sobre Atenas


13 - Como Atenas era governada até o século VI a.C?

14 - Em Atenas, quem era os:

a) escravos:

b) a elite ateniense:

15 - O que era a demos?

16 - Quem eram os metecos?

17 - O que aconteceu no início do século VI a.C.?

18 - Quem era Sólon? O que ele fez de importante?

19 - Defina:

a) Eclésia:

b) Bulé:

20 - Por que o governo de Clístenes foi importante?

21 - Em Atenas, quem era cidadão?

22 - Quem foi Demóstenes? Por que ele ficou famoso?

23 - Como era a educação das crianças e jovens nas polís de:

a) Esparta

b) Atenas:

24 - Fale um pouco sobre as mulheres em Esparta e em Atenas:


Próxima aula

Crenças religiosas na Grécia antiga

https://historiaecio.blogspot.com/2023/06/crencas-religiosas-na-grecia-antiga.html


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Revolução Francesa e as suas contribuições para a formulação do mundo contemporâneo (Revolução Francesa parte 03)

Revolução Francesa foi: A Revolução Francesa foi um período de intensa agitação política e social na França entre 1789 e 1799, que teve um i...