domingo, 25 de junho de 2023

Crenças religiosas na Grécia antiga

Crenças religiosas na Grécia antiga


Assim como a maior parte dos povos antigos, os gregos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. Cada um deles estava associado a um aspecto da natureza ou da vida humana. Zeus, por exemplo, comandava os céus, enquanto Afrodite era a deusa da beleza e da fertilidade. Além disso, cada pólis possuía seus deuses protetores. Atenas, por exemplo, era protegida por Atena, deusa da sabedoria, e Esparta, por Ares, deus da guerra.


Nas cidades gregas, o indivíduo não participava dos cultos buscando a salvação da alma, como ocorre nas igrejas cristãs. A religião dos gregos era cívica, fazia parte do exercício da cidadania. O indivíduo participava dos rituais religiosos cumprindo um dever e um direito de cidadão, assim como devia atuar na política e na guerra. Sendo uma religião cívica, os deuses também estavam presentes na vida da cidade, relacionando-se com os humanos e interferindo em seu cotidiano.


Para aconselhar-se com os deuses, os gregos consultavam os oráculos, templos em que havia sacerdotes que tinham o poder de se comunicar com as divindades. O mais famoso oráculo da Grécia ficava na cidade de Delfos e era consultado pelos gregos para a tomada de decisões políticas, o início de uma guerra ou até mesmo para questões pessoais.



Ruínas do Templo de Apolo, deus das artes, onde se localizava o oráculo de Delfos. Sítio arqueológico de Delfos, na Grécia. Foto de 2015.


Os mitos gregos


Para os gregos antigos, a origem do universo, as relações entre as pessoas, os fenômenos da natureza, o comportamento, as dores e emoções humanas e tudo o mais que faz parte da vida e do mundo tinham sua explicação em eventos ancestrais que envolviam deuses, heróis e outras criaturas, como monstros e entidades fantásticas.


As histórias que narram esses acontecimentos são chamadas de mitos. As narrativas míticas contam como determinada realidade passou a existir; por exemplo, como surgiram o mar, as montanhas e a morte; como o ser humano começou a cultivar a terra ou como surgiram os primeiros governantes. 


Os mitos também servem de modelo de conduta para o comportamento humano, ou seja, por meio deles uma sociedade mostra aos seus cidadãos o tipo de conduta que se espera deles. Por exemplo, nas histórias míticas, os personagens transgressores eram punidos, enquanto atitudes consideradas positivas eram valorizadas. Os heróis eram exaltados por sua aparência física, seu porte atlético e suas habilidades em derrotar o inimigo, seja pela força física, seja pela inteligência. Assim, os mitos eram utilizados para ensinar as crianças a se comportar de acordo com o modelo de conduta dos personagens mais sábios, dignos e corajosos.


Além disso, as narrativas míticas eram contadas oralmente e transmitidas de geração a geração. Os responsáveis por contá-las eram os aedos, poetas que iam de cidade em cidade fazer suas apresentações em competições, jogos ou festivais. 


A palavra “aedo” vem do grego aoidos, que significa “cantor”, e está relacionada ao fato de os poetas cantarem seus poemas acompanhados de instrumentos musicais e de um ritmo específico ditado pelos metros dos versos. Os aedos compunham suas próprias versões das histórias míticas, acrescentando ou subtraindo elementos da história principal para satisfazer o interesse dos seus ouvintes. Desse modo, um mito podia ter inúmeras versões.




Cópia de escultura grega do período helenístico, de cerca de 200 a.C., representando o herói grego Aquiles ao lado de Tétis, sua mãe. Conta o mito que Tétis, após consultar o oráculo, disse a Aquiles que ele estava diante de dois caminhos. No primeiro, teria uma vida longa e tranquila, morreria velho e sem glória. No segundo, teria uma vida breve, encurtada pela morte em combate, mas sua glória seria reconhecida para sempre. Aquiles, sem hesitar, escolheu partir para a guerra, morrer jovem e conquistar a glória eterna.


A guerra de Troia


O mito mais famoso contado pelos aedos, ao longo de várias gerações, foi o da Guerra de Troia. Ele narra uma guerra entre gregos e troianos, povo que vivia na cidade de Troia, também conhecida como Ílion. É possível que essa guerra mítica tenha sido inspirada em uma guerra real que aconteceu entre os anos de 1300 a.C. e 1200 a.C.


A versão do mito mais conhecida é a de Homero e data de meados do século VIII a.C. Homero teria composto dois poemas sobre a Guerra de Troia: Ilíada (que significa “Poema sobre Ílion”) e Odisseia (poema que narra as aventuras do herói Odisseu). Ambos sobreviveram até os nossos dias, pois alguém, em Atenas, registrou por escrito os dois poemas.


Segundo Homero, Eris (ou Discórdia), deusa dos desentendimentos, deu uma maçã aos deuses do Olimpo para que a entregassem à deusa mais bonita. Três deusas queriam a maçã: Hera, Atena e Afrodite. Zeus, o deus mais poderoso, enviou as deusas para serem julgadas por Páris, o príncipe troiano, filho do rei Príamo. Páris escolheu Afrodite e deu-lhe a maçã da discórdia.


A deusa, em troca, ofereceu a Páris o amor de Helena, a mulher mais bela do mundo. Afrodite ajudou Páris a raptar Helena em Esparta para morar com ele em Troia. O marido de Helena, Menelau, ficou furioso e, com seu irmão Agamenon, rei de Micenas, organizou uma expedição para resgatar a esposa. A guerra estava formada: de um lado os gregos, liderados por Agamenon; do outro, os troianos, comandados por Heitor, irmão de Páris.


O desfecho da Guerra de Troia não é narrado por Homero, mas, sim, por outros autores gregos e romanos. Segundo o mito, os soldados gregos venceram seus inimigos após entrarem na cidade de Troia escondidos em um imenso cavalo de madeira. O plano de oferecer um cavalo de madeira aos troianos como presente à deusa Atena foi ideia do astuto Odisseu. Os troianos aceitaram o presente e o levaram para o interior da cidade. Na madrugada, centenas de soldados saíram do esconderijo e conquistaram Troia.



Cena do filme Troia, dirigido por Wolfgang Petersen, 2004.


Os deuses inspiram a arte


A escultura é, sem dúvida, a mais conhecida manifestação artística dos antigos gregos. As primeiras esculturas começaram a ser produzidas com o surgimento das pólis. Eram feitas de pedra, e as formas rígidas do corpo humano se pareciam com as das antigas esculturas egípcias.


Com o passar do tempo, os artistas começaram a usar o mármore e o bronze e a representar o corpo humano da maneira mais realista possível. As estátuas davam a impressão de movimento.


A partir do século IV a.C., as obras ficaram ainda mais realistas. Os artistas pretendiam não apenas representar o corpo humano, mas também suas dores e emoções. Muitos artistas, porém, continuaram esculpindo figuras idealizadas, próprias do estilo clássico.



Atlas Farnese, cópia romana em mármore de uma escultura grega do período helenístico, século II d.C. Segundo a tradição mítica grega, Atlas era um dos Titãs, condenado por Zeus a sustentar a Terra em seus ombros.

O teatro


O teatro, da forma como conhecemos hoje, é uma invenção grega. Inicialmente era um ritual religioso organizado por populações rurais em honra a Dioniso, deus do vinho. No século VI a.C., os atenienses introduziram a representação de falas e atos de personagens. As encenações incentivavam os espectadores a refletir sobre suas atitudes cotidianas, tornando-se parte da educação dos gregos. À exceção dos escravos, todos podiam assistir aos espetáculos. Porém, apenas os homens encenavam as peças. Para representar personagens femininas, eles utilizavam máscaras.

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