quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Motivações para a expansão marítima europeia


Motivações para a expansão marítima europeia


Para facilitar o aprendizado, antes de tudo, clique no link abaixo e veja o vídeo ilustrativo.


Mares nunca antes navegados



Detalhe da Carta marina, gravura da obra Carta marina et descriptio septentrionalium terrarum, do cartógrafo sueco Olaus Magnus, 1539. A Carta marítima (seu nome em português) é o primeiro mapa das terras da Escandinávia contendo em detalhes nomes e lugares.


Hoje, se perguntarmos para você onde fica a China, o Peru ou a África do Sul, você saberia responder e localizar esses países facilmente em um mapa-múndi, não é mesmo? Mas você sabia que esse conhecimento geográfico é recente na história humana? Que ele foi fruto de longos anos de estudos e de grandes viagens exploratórias?


Pelos mares que eram conhecidos, povos da Antiguidade fizeram contatos comerciais e culturais, travaram guerras e conquistaram outras terras.


Baixo conhecimento geográfico


Entretanto, durante a Idade Média, com a ruralização da economia, a relação dos europeus com o mar tornou-se mais distante. Até o século XIV, o conhecimento geográfico dos medievais não era muito diferente daquele que tinham os antigos romanos: estava restrito, basicamente, à Europa e às proximidades do Mediterrâneo, como o norte da África e algumas partes da Ásia. 


O medo do desconhecido 

Além do baixo conhecimento geográfico, os medievais tinham um grande medo do desconhecido. Antigas histórias sobre monstros marinhos no Oceano Atlântico e a existência de seres assustadores em terras distantes apavoravam os europeus.


Alguns motivos fizeram alguns medievais desejarem superar o desconhecido.


Apesar disso, no início do século XV, eles partiram para grandes viagens marítimas. O que teria levado os europeus a enfrentar seus medos e os desafios dos oceanos? É o que você vai descobrir a seguir.


Alguns desses motivos:


* Crescimento comercial europeu e o enriquecimento da burguesia (que desejava cada vez mais poder e riquezas);
* Centralização do poder nas mãos dos reis e a formação dos Estados Nacionais;
* Humanismo e o Renascimento (a mudança de visão de mundo e a busca por novos conhecimentos);
* Reforma e a Contrarreforma (a corrida para impor os seus dogmas religiosos para os outros);
* A necessidade de se buscar novas rotas comerciais (problemas com Constantinopla que foi dominada pelos árabes) e ampliar o comércio das especiarias orientais (ampliar fornecedores);
* O contato com os muçulmanos e os aprendizados dessas interações (aprendizados, novas técnicas e tecnologias);
* A política mercantilista (Mercantilismo);


Formação dos Estados modernos e as mudanças geradas 

A partir do século XII, várias regiões da Europa iniciaram o processo de formação dos Estados modernos. Essa mudança estava relacionada a um conjunto de transformações econômicas, sociais e políticas que ocorriam no período.


Fortalecimento comercial e enriquecimento burguês

Durante a Baixa Idade Média, ocorreu uma revitalização dos centros urbanos na Europa, que estabeleceram uma rede de trocas comerciais mais complexas entre si. Com isso, a burguesia, grupo social ligado ao comércio e a outras atividades urbanas, conseguiu acumular lucros e enriquecer e, assim, conquistar mais poder e prestígio. Com muito dinheiro, os burgueses passaram também a financiar as guerras promovidas pelos monarcas europeus e a comprar títulos de nobreza. A compra desses títulos, porém, incomodava os nobres tradicionais. Para eles, não interessava que pessoas de origem comum e sem terras adquirissem títulos que antes eram exclusivos da nobreza de sangue.



Fortalecimento do poder real e a necessidade de dinheiro


A partir do século XV, os reis trataram de consolidar seu poder e de adotar medidas para exercer sua autoridade sobre vastas regiões. Para isso, criaram impostos e moedas de circulação nacional e constituíram uma burocracia formada por funcionários administrativos encarregados de fazer valer as decisões do soberano em todo o reino. Além disso, os reis definiram suas fronteiras territoriais e formaram exércitos permanentes e profissionais, subordinados à autoridade da Coroa.


Novas práticas econômicas: o mercantilismo



O agiota e sua esposa, pintura do artista flamengo Quentin Matsys, 1514. A imagem representa um homem pesando moedas ao lado da esposa, que observa o marido enquanto folheia as páginas de um livro de orações.



Para governar, o rei necessitava de recursos financeiros


Para sustentar os funcionários que cuidavam da administração do reino, equipar as tropas que protegiam o território e ainda por cima manter o luxo da corte, era necessário ter muito dinheiro. Como era possível obtê-lo?


Mercantilismo


Definição de Mercantilismo e alguns dados sobre essa prática econômica


A solução encontrada por muitas monarquias europeias foi adotar um conjunto de práticas econômicas chamado mercantilismo. Conheça suas principais medidas.



Algumas medidas mercantilistas


* Metalismo. A riqueza de um reino era medida pela quantidade de metais nobres que ele possuía. Por essa razão, muitos governos evitavam a saída de ouro e prata dos cofres do Estado.




Por que a necessidade de extrair ouro?

* Balança comercial favorável. Os governos criavam medidas protecionistas para encarecer os produtos importados e reduzir sua entrada no reino. Reduzindo as importações e aumentando as exportações, a balança comercial ficaria positiva.


* Estímulo às manufaturas locais. Os governos estimulavam a produção de bens manufaturados, como tecidos e ferramentas. Esses produtos abasteciam o mercado interno e podiam ser exportados, rendendo mais moedas para a Coroa.


* Protecionismo. Conjunto de ações governamentais para proteger a economia de seu país. Tais ações são feitas, na maioria das vezes, por medidas que restringem ou proíbem importações de determinados bens, visando proteger o mercado interno da concorrência externa.


Além disso, o interesse por riquezas e produtos de alto valor no mercado europeu, como especiarias, pedras e metais preciosos, estimulou os governos a organizar expedições para explorar os mares e conquistar colônias fora da Europa. A burguesia, aliada dos reis na expansão marítima, assumiu o controle das rotas de comércio criadas com as viagens atlânticas.


O comércio com o Oriente (caminhos terrestres e caminhos marítimos)



O comércio europeu no século XIV 


A ligação comercial entre a Europa e o Oriente vinha de longa data. Desde o Império Macedônico, por exemplo, no século IV a.C., foram estabelecidos caminhos terrestres que ligavam centros comerciais chineses à colônia grega de Bizâncio (Constantinopla), na entrada da Europa. Com os romanos, o comércio e a comunicação com o Oriente se expandiram, conectando também a África através de caminhos marítimos. Esses caminhos marítimos e terrestres ligando os três continentes faziam parte da famosa Rota da Seda.


Crescimento comercial na baixa idade média e os principais produtos cobiçados pelos comerciantes medievais.


Os contatos comerciais com o Oriente, reduzidos durante os primeiros séculos da Idade Média, foram revigorados a partir do século XI. Os produtos orientais mais cobiçados pelos europeus eram as especiarias: pimenta-do-reino, cravo-da-índia, canela, gengibre, noz-moscada etc. usados para conservar e dar sabor aos alimentos e na fabricação de remédios. Os europeus também buscavam pedras preciosas, tintas para tecidos, açúcar, seda e tapetes.



Especiarias 


Como esse comércio oriente/ocidente era feito?


Desde o século XII, os principais agentes desse comércio nas montanhas e desertos da Ásia eram mercadores muçulmanos. Depois que chegavam aos portos do Mediterrâneo, os produtos eram revendidos aos comerciantes cristãos, principalmente das cidades italianas de Gênova e Veneza. Nos mercados da Europa, os italianos revendiam, a preços elevados, as especiarias e outros artigos vindos do Oriente. Os italianos também lucravam com o controle das rotas marítimas que ligavam a Europa aos centros comerciais do norte da África.






A necessidade de novas fontes de metais preciosos





Metais preciosos


Na Baixa Idade Média, a escassez de metais preciosos usados nas trocas comerciais, provocada pelo esgotamento das minas de ouro e prata europeias, afetou a expansão mercantil. Diante disso, a busca por novas fontes de ouro e prata tornou-se uma preocupação constante de reis e burgueses.


O ideal cruzadista (os turcos assumiram o controle das rotas que ligavam o Mediterrâneo ao Oriente)

* controlaram as rotas e bloquearam os acessos aos cristãos.



Definição de Cruzadas


Em 1453, a cidade de Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos. Ao tomar o principal porto por onde entravam os produtos orientais na Europa, os turcos também assumiram o controle das rotas que ligavam o Mediterrâneo ao Oriente. A queda do Império Bizantino, como o episódio tornou-se conhecido, abalou profundamente a Europa Ocidental e provocou pânico por toda a cristandade.


Quem eram os turcos? O que eles fizeram para prejudicar os comerciantes ocidentais?


Os turcos eram povos nômades originários das estepes da Ásia Central. Eles entraram em contato com os árabes a partir do século X e aos poucos converteram-se ao islã. Com os domínios árabes enfraquecidos pelos ataques cristãos e pelas divisões internas, os turcos assumiram o comando do Império Muçulmano. Após tomar Constantinopla, eles bloquearam o acesso dos cristãos à rota terrestre do comércio com o Oriente e impediram ainda mais o acesso da cristandade à cidade santa de Jerusalém.


A conquista de Constantinopla e o bloqueio aos acessos incentivou as Cruzadas


A conquista de Constantinopla revigorou o ideal cruzadista da Europa cristã. Todo rei cristão almejava ser o braço direito da Igreja na missão de apoderar-se da mítica cidade de Jerusalém e de outras terras dominadas pelos muçulmanos, expandir o cristianismo pelo mundo e ser coroado imperador de toda a cristandade.


A burguesia e a nobreza também tinha interesses na realização das Cruzadas.


A burguesia via nesse projeto expansionista uma oportunidade de ampliar as trocas mercantis e aumentar seus lucros. O interesse em encontrar novas fontes de metais preciosos também movia burgueses e reis. Para os nobres, a expansão ultramarina era um meio de obter terras e poder político.


No século XV, reis, burguesia, setores da nobreza e a Igreja uniram-se em torno de objetivos econômicos, políticos e religiosos comuns: chegar às fontes produtoras das valiosas especiarias no Oriente, obter metais preciosos e terras e expandir a fé cristã. Se por terra a expansão para o Oriente estava impossibilitada, a saída era enfrentar a fúria dos mares.



Ilustração digital contemporânea simulando a tomada da cidade de Constantinopla pelos turcos otomanos em 29 de maio de 1453.


A conquista de Constantinopla -  marco inaugural da Idade Moderna



Períodos da História


Por que moderna?


A conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos foi o acontecimento escolhido por historiadores europeus do século XIX para marcar, na Europa, o início do que eles chamaram de Idade Moderna ou Modernidade. Esse período se estenderia até a Revolução Francesa, em 1789. Segundo esses pesquisadores, a conquista de Constantinopla marcou o fim da hegemonia do Oriente e do Mediterrâneo no comércio intercontinental. A exploração do Oceano Atlântico, para eles, marcou o início de uma nova era, relacionada ao poder centralizado dos reis, ao mercantilismo e à conquista da América.




A queda de Constantinopla, invasão pelos turcos otomanos em 1453, representa o início da idade moderna.




A Revolução Francesa, ocorrida entre os anos de 1789-1799, marca o fim da idade moderna, pois representa a ascensão da burguesia e a queda da monarquia absolutista no país e consequentemente na Europa.



Inovações técnicas - Grande influência do Humanismo



Definição humanismo - O humanismo influenciou o aperfeiçoamento das grandes viagens marítimas.



As grandes viagens marítimas também foram impulsionadas pelo humanismo, movimento intelectual que se difundiu nos principais centros urbanos da Europa no final da Idade Média. Seus pensadores tinham uma visão otimista sobre a capacidade humana de dominar as forças da natureza por meio do conhecimento científico. Estimulando as experiências científicas, as ideias humanistas contribuíram para a realização de importantes inovações náuticas, que tornaram as viagens marítimas mais rápidas e seguras. Conheça algumas delas.


Alguns exemplos de novas tecnologias



Bússola. Utilizada desde o século XII pelos árabes, passou a ser usada regularmente pelos navegadores europeus, com algumas melhorias técnicas, entre o fim do século XIV e início do século XV. Ela permitiu aos europeus se orientarem no mar, tendo o norte como referência.


Bússola


Astrolábio. O instrumento, que já havia sido utilizado pelos gregos na Antiguidade, foi desenvolvido e aperfeiçoado pelos árabes muçulmanos na Península Ibérica, possivelmente no século XIII. Ele ajudava os navegadores a guiarem-se à noite observando as estrelas.


Astrolábio


Caravelas. Elas tinham em geral dois mastros, velas triangulares, cerca de 20 metros de comprimento e podiam transportar até 50 pessoas. Com as caravelas, os navegadores puderam percorrer longas distâncias e viajar mais rapidamente. No século XVI, desenvolveu-se um novo tipo de embarcação a vela, a nau. Com três ou quatro mastros e velas redondas, as naus podiam transportar até mil toneladas.




Ilustração representando a chegada de uma caravela portuguesa ao Japão, c. 1600. No século XVI, os navegadores portugueses chegaram ao território japonês, onde estabeleceram entrepostos comerciais e procuraram difundir o cristianismo.




Réplica de uma caravela portuguesa da idade moderna



Utilização das inovações técnicas para o progresso


Beneficiando-se dessas inovações técnicas, os portugueses, ao longo do século XV, avançaram pelo Atlântico africano, atingiram o Oceano Índico e chegaram ao tão sonhado Oriente viajando por via exclusivamente marítima.



PARA REVISAR O CONTEÚDO



EXERCÍCIOS


01 - Em relação aos conhecimentos geográficos dos europeus, como este assunto era até o século XIV?

02 - Por que os europeus da idade média possuíam medo do mar?

03 - Informe alguns motivos que favoreceram a expansão marítima comercial?

04 - Por que a formação os Estados Modernos beneficiou o comércio e a burguesia durante a baixa idade média?

04 - O que os reis fizeram a partir do século XV para consolidar o seu poder real?

05 - Por que o rei precisava de muito dinheiro?

06 - O que é mercantilismo?

07 - Defina:

a) Metalismo:

b) Balança comercial favorável: 

c) Estímulos às manufaturas:

d) Protecionismo:

08 - Informe fatores que influenciaram os reis criarem expedições marítimas:

09 - O que era a Rota da Seda?

10 -  Além da rota terrestre, qual era a outra principal rota existente no comércio ocidente/oriente?

11 - Quais produtos orientais eram mais desejados pelos comerciantes medievais?

12 - Como o comércio ocidente/oriente era realizado?

13 - Como os turcos otomanos prejudicaram os comerciantes medievais?

14 - Por que era necessário buscar novas fontes de metais preciosos?

15 - Por que as cruzadas reforçaram a necessidade de busca por novas rotas comerciais?

16 - Por que os grupos abaixo tiveram interesses na realização das cruzadas?

a) Nobreza:

b) Burgueses:

17 - Como o humanismo influenciou nas Grandes Navegações?

18 - Cite algumas inovações técnicas e tecnológicas que beneficiaram as Grandes Navegações?

19 - Como os portugueses se beneficiaram desse contexto aqui estudado?

20 - Pesquise o que foram as Grandes Navegações:


AVALIAÇÃO PONTUADA SOBRE AS MOTIVAÇÕES PARA A EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA.

Clique no link abaixo e responda as perguntas do Google Formulários.


Mapão (edital) visando orientações para estudo para teste e prova presencial.



FIM 

Próxima aula, as Grandes Navegações Portuguesas.

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