quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Grandes viagens marítimas portuguesas (Portugal nas Grandes Navegações)


As viagens marítimas de Portugal - Portugal nas Grandes Navegações

O pioneirismo ibérico


A Península Ibérica ou Península Pirenaica ou Península Hispânica, é uma península situada no sudoeste da Europa. 

A partir do século XI, a cristandade declarou guerra contra os muçulmanos pela retomada de Jerusalém. O movimento cruzadista lançado pelo papa contribuiu para dar mais ânimo à luta dos cristãos para expulsar os mouros da Península Ibérica. A chamada Reconquista cristã da Península Ibérica daria origem aos reinos de Portugal e Espanha.


A Reconquista é o processo histórico ao longo do qual os reinos cristãos da Península Ibérica procuraram reconquistar a região durante o período de al-Andalus. Tal processo decorreu entre 718 ou 722 (data provável da Batalha de Covadonga, liderada por Pelágio das Astúrias) e 1492, com a conquista do Emirado de Granada pelos reinos cristãos.

Entretanto, o longo contato entre cristãos e árabes na Península Ibérica, na Sicília e no comércio realizado nos vários portos do Mediterrâneo permitiu uma intensa troca de costumes e conhecimentos entre eles. Excelentes astrônomos e geógrafos muçulmanos produziram obras importantes nessas áreas, que foram lidas e utilizadas pelos estudiosos da Península Ibérica, contribuindo para as principais inovações náuticas do período. Também foram úteis os diversos relatos de viajantes muçulmanos, que transmitiram aos cristãos os conhecimentos que tinham do mar.


A convivência entre cristãos e árabes na Península Ibérica, na Sicília e no comércio realizado nos vários portos do Mediterrâneo permitiu uma intensa troca de costumes e conhecimentos entre eles.


Rua dos Mercadores, em Lisboa, representada em pintura holandesa do século XVI, artista anônimo. Note a fisionomia multicultural de Lisboa nos anos 1500, quando os portugueses já tinham iniciado o comércio de africanos escravizados e chegado ao Oriente e ao Brasil. Na cena, aparecem comerciantes judeus, árabes e cristãos e negros escravizados.


O convívio entre árabes e cristão proporcionou a ampliação de novos saberes.

O desenvolvimento da cartografia em Portugal


Cartografia é o estudo da representação da realidade de forma gráfica. Essa ciência estuda, analisa e produz mapas, plantas, gráficos e tabelas de uma determinada localidade. A cartografia está em constante alteração e envolve recolhimento de dados, investigação científica, além de Matemática, História e tecnologias.


Definição de Humanismo - Lembre que o humanismo auxiliou o desenvolvimento do conhecimento científico, conjunto de saberes que auxiliou muito na Geografia, tecnologia e na arte de navegar.

Desde o século XIII, os italianos elaboravam roteiros para a navegação no Mediterrâneo conhecidos como portulanos. Entretanto, com o avanço das navegações, os portulanos tornaram-se insuficientes.


Portulano é uma antiga carta náutica europeia, datada do século XIII ou posterior, que tinha a função de fornecer direções e distâncias aproximadas entre os principais portos europeus e africanos.

No século XV, o governo português patrocinou o trabalho do importante cartógrafo catalão Jaime de Maiorca, o que representou um marco no desenvolvimento da cartografia portuguesa. No século seguinte, com o auxílio de astrônomos e matemáticos, cartógrafos portugueses produziram centenas de novos mapas. Eles calcularam a linha do Equador e as latitudes com precisão, bem como introduziram novas técnicas para orientar os pilotos, como a criação de tabelas para o cálculo da altura dos astros e para o desvio da agulha magnética da bússola.


O governo português patrocinou o trabalho de importantes cartógrafos, ou seja, o rei visava ampliar as viagens comerciais e assim, fortalecer a economia do seu reino.

Portugal conquista os mares

A centralização monárquica de Portugal se iniciou no século XII, com as guerras de Reconquista. Nos séculos seguintes, a pesca, a agricultura e a produção artesanal foram incrementadas pelo desenvolvimento do comércio, especialmente o marítimo.


A centralização monárquica - o surgimento da monarquia portuguesa


Ampliação da pesca


Fortalecimento da agricultura


Produção artesanal


Comércio urbano


Comércio marítimo (comércio entre regiões)

Devido à posição geográfica de Portugal, os portos de Lisboa e da cidade do Porto tornaram-se importantes centros comerciais. Essas atividades renderam altos lucros aos comerciantes e à Coroa portuguesa e propiciaram o aperfeiçoamento das técnicas de navegação. Por isso, desde cedo, as frotas mercantes receberam especial atenção do governo.


Posição geográfica de Portugal facilita as atividades marítimas, pois tem fácil acesso ao mar.


Os portos de Lisboa e da cidade do Porto tornaram-se importantes centros comerciais.


O comércio gerou altos lucros aos comerciantes e à Coroa portuguesa e propiciaram o aperfeiçoamento das técnicas de navegação.

No século XIV, o comércio marítimo ganhou impulso após a Revolução de Avis (1383-1385), quando D. João, conhecido como o mestre de Avis, foi proclamado rei de Portugal. Aliando-se à burguesia mercantil, ele decidiu expandir o território português com o objetivo de conquistar novas áreas de comércio.


Estátua em homenagem a D. Nuno Álvares Pereira, líder das tropas portuguesas na Batalha de Aljubarrota.

Importância da Revolução de Avis

A Revolução de Avis foi crucial para a história de Portugal, pois inaugurou uma dinastia que estabilizou a sucessão dinástica do país durante os dois séculos seguintes, consolidando a monarquia portuguesa. Foi importante também porque estabeleceu a independência de Portugal e colocou fim às constantes ameaças que o país sofria do Reino de Castela.


Revolução de Avis

Além disso, após a Revolução de Avis, a burguesia portuguesa prosperou. Os reis da dinastia de Avis investiram no desenvolvimento comercial de Portugal com o apoio da burguesia que havia participado da revolução. O desenvolvimento da burguesia portuguesa, bem como a estabilidade política alcançada após o final do século XIV, permitiram que o país fosse o pioneiro no processo de expansão marítima iniciado no século XV.


Parceria burguesia e rei - 
Os reis da dinastia de Avis investiram no desenvolvimento comercial de Portugal.

Assim, em 1415, Portugal partiu para a conquista de Ceuta, cidade no norte da África sob domínio muçulmano. A cidade era um importante entreposto comercial, que recebia mercadorias do interior da África, da Índia e da Pérsia. Também era um local estratégico para controlar as rotas comerciais do Mediterrâneo, que ainda estavam monopolizadas por mercadores italianos e flamengos.


Ceuta - Importante entreposto comercial

Após conquistar Ceuta, os portugueses continuaram a contornar o litoral africano (Périplo africano) e a explorar o Oceano Atlântico. Em algumas regiões, instalaram feitorias e iniciaram a colonização dessas terras. Em 1419, por exemplo, ocuparam a Ilha da Madeira e, em 1427, os Açores.

Périplo Africano é o nome de uma série de viagens realizadas pelos portugueses no século XV, inicialmente pelo Mar Mediterrâneo, mas sobretudo pela costa da África. O objetivo era encontrar um caminho alternativo para chegar às Índias e poder trazer os produtos sem ter que comprá-los em Gênova ou Veneza.


Périplo africano - a exploração e dominação portuguesa na África.



Conquistas portuguesas - Fonte: HERNANDEZ, Leila Leite. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005. p. 46.


Navegando em direção às Índias


Vasco da Gama foi um navegador, explorador e administrador português do século XV. Possui grande importância nas navegações portuguesas na época dos descobrimentos e conquistas.

Os portugueses também iniciaram a exploração de novas rotas em direção às Índias*, onde eles poderiam adquirir especiarias e outros artigos orientais a preços mais baixos e, depois, revendê-los na Europa, obtendo altos lucros. 


Além do alto lucro no comércio de especiarias e de outros artigos orientais, as dificuldades do caminho terrestre, o grande número de intermediários, o monopólio exercido pelos mercadores italianos e os impostos cobrados nos pontos de passagem encareciam os produtos. Tudo isso servia de incentivo para a busca por novas rotas comerciais orientais.


Exploração de novas rotas em direção às Índias


Alguns exemplos de especiarias

Índias: nome dado pelos europeus às terras do Oriente, como a Índia, a China e o Japão.

As viagens portuguesas intensificaram-se a partir de 1453, quando a cidade de Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos, que passaram a controlar as rotas que ligavam o Mediterrâneo ao Oriente. A dificuldade de acesso aos produtos orientais aumentou, e os preços dispararam.


Com a tomada de Constantinopla em 1453, ficou mais difícil ir para o Oriente para fazer comércio. Isso intensificou a busca portuguesa por novas rotas comerciais entre ocidente x oriente. 

Diante do interesse em encontrar rapidamente um caminho marítimo para as Índias, em 1487 o rei D. João II enviou o navegador Bartolomeu Dias em uma viagem ao sul do continente africano. No ano seguinte, o navegador português contornou o Cabo das Tormentas*, encontrando enfim a passagem entre o Atlântico e o Índico.

O navegador Bartolomeu Dias


Bartolomeu Dias e o Cabo das Tormentas/ Cabo da Boa Esperança


Cabo das Tormentas: nome que os navegadores davam ao extremo sul do continente africano. Ao receber a boa notícia da viagem de Bartolomeu Dias, o rei português renomeou o local de Cabo da Boa Esperança. 

Dez anos depois, Vasco da Gama, realizando o mesmo percurso, alcançou finalmente Calicute, na Índia, importante região fornecedora de gengibre, canela, pimenta-do-reino e outras especiarias. Os lucros obtidos com essa viagem foram reinvestidos em outras expedições, que ajudaram Portugal a se tornar o maior centro europeu do comércio de especiarias do século XVI.


Vasco da Gama comandou a expedição marítima que saiu de Portugal (Lisboa) em 8 de julho de 1497, contornou o continente africano, até chegar nas Índias. Após viajarem cerca de 20 mil quilômetros durante meses, eles chegaram nas Índias em 18 de maio de 1498.



Painel de azulejos portugueses representando o infante D. Henrique no comando da conquista de Ceuta, em 1415. Estação Ferroviária do Porto, em Portugal. Apelidado de “o Navegador”, D. Henrique foi um grande incentivador das navegações portuguesas.

Os portugueses chegam ao Brasil


Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500, pintura de Oscar Pereira da Silva, 1922.

Com a intenção de fixar entrepostos comerciais em Calicute, garantir o comércio de especiarias com o Oriente e expandir o cristianismo, a Coroa portuguesa organizou uma expedição composta de dez naus, três caravelas e dezenas de canhões. O comando da armada foi entregue ao português Pedro Álvares Cabral.


Intenção de fixar entrepostos comerciais em Calicute


Garantir o comércio de especiarias com o Oriente


Interesse de expandir o cristianismo


Expedição composta de dez naus, três caravelas e dezenas de canhões.


Exemplo de uma nau


Exemplo de uma caravela

A armada partiu de Lisboa em 9 de março de 1500. Entretanto, quando atingiu o noroeste da África, a frota desviou de sua rota original e acabou ancorando no sul do atual estado da Bahia, em 22 de abril. As terras foram chamadas de Ilha de Vera Cruz e, mais tarde, Terra de Santa Cruz.


Viagem Pedro Alvares Cabral 1500


Porto Seguro - Bahia

Alguns historiadores acreditam que o desvio não foi um acidente, mas uma decisão previamente tomada, pois Cabral também estaria à procura de novas terras descritas por outros navegadores. Seja como for, a Coroa teve pouco interesse em investir na ocupação do Brasil naquele momento. Além de não ter achado metais preciosos na terra, ela estava mais interessada nos lucros do comércio com o Oriente.

Podcast - O mito do Brasil descoberto "sem querer" (Podcast BBC Brasil).

Depois de estabelecer colônias na África e chegar à Índia e à América, os navegadores portugueses prosseguiram em suas viagens marítimas e chegaram ao Extremo Oriente. Aportaram em Goa, Cantão, Ilhas Molucas, Macau e Japão, onde se estabeleceram ao longo do século XVI.

Para revisar o conteúdo


FINAL DO CONTEÚDO


EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO DE CONTEÚDO

01 - O que foi a Reconquista cristã?

02 - Cite pontos positivos ocorridos por causa do  longo contato entre cristãos e árabes:

03 - O que é cartografia?

04 - O que é o Humanismo?

05 - O que é um portulano?

06 - Quem dominava o comércio entre ocidente e oriente pelo Mar Mediterrâneo?

07 - O que o governo português fez para auxiliar no desenvolvimento do conhecimento e na melhoria da navegação?

08 -  A centralização monárquica de Portugal se iniciou no século XII, com as guerras de Reconquista. Nos séculos seguintes a economia portuguesa prosperou. Informe atividades econômicas beneficiadas com a formação do Estado Nacional Português:

09 -  Por que a posição geográfica de Portugal foi importante para o pioneirismo português nas Grandes Navegações?

10 - O que foi a Revolução de Avis (1383-1385)? Por que ela foi importante para as Grandes Navegações portuguesas?

11 - Por que a burguesia portuguesa se beneficiou com a Revolução de Avis?

12 - No contexto das Grande Navegações Portuguesas, qual foi a primeira conquista portuguesa? Por que esse local era importante?

13 - Após conquistar Ceuta, os portugueses continuaram a contornar o litoral africano (Périplo africano) e a explorar o Oceano Atlântico. Como Portugal conseguiu recursos para continuar conquistando novos territórios?

14 - O que é (relembre a explicação do professor):

a) Feitorias:

b) Colonização

15 - Com os lucros da dominação e exploração das terras africanas, os portugueses também iniciaram a exploração de novas rotas em direção às Índias. O que motivava os portugueses nessa busca?

16 - Além do alto lucro com o comércio de especiarias e de artigos de luxo, informe 04 fatores que serviam de incentivo para os portugueses buscarem novas rotas para o comércio com o oriente:

17 - Por que a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos incentivaram as Grandes Navegações?

18 - No contexto das Grandes Navegações, informe feitos importantes dos personagens abaixo:

a) navegador Bartolomeu Dias:

b) navegador Vasco da Gama:

c) navegador Pedro Álvares Cabral:

19 - Por que a Coroa portuguesa organizou uma expedição liderada por Pedro Álvares Cabral?

20 - A armada de Cabral partiu de Lisboa em 9 de março de 1500. Como ela terminou?


AVALIAÇÃO (GOOGLE FORMS)



Mapão

Mapão - Orientações de estudo para a avaliação presencial.



PRÓXIMA AULA

Grandes Navegações espanholas (Espanha nas Grandes Navegações)

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