Nosso continente antes da chegada de Colombo (vídeo)
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Um continente, muitas culturas
Mesoamérica (entre Américas) - É o termo com que se denomina a região do continente americano que inclui aproximadamente o sul do México (a partir de uma linha que parte do rio Fuerte e que se prolonga para sul até aos vales do bajío mexicano, rumando depois para norte até ao rio Pánuco), e os territórios da Guatemala, El Salvador e Belize bem como as porções ocidentais da Nicarágua, Honduras e Costa Rica.
Significado de cultura
A chegada dos espanhóis à região do Caribe, em 12 de outubro de 1492, marcou um dos acontecimentos mais conhecidos da história: a chamada “descoberta” da América pelo navegador genovês Cristóvão Colombo.
"Primeira homenagem a Colombo", pintado em 1892, retrata a a chegada de Cristóvão Colombo à América de maneira eurocêntrica.
Porém, Colombo e seus marinheiros não chegaram a um lugar desabitado. O extenso território americano era habitado por diversas populações indígenas, que tinham seus próprios modos de vida, crenças, costumes e conhecimentos.
Os povos pré-cabralinos tinham seus próprios modos de vida, crenças, costumes e conhecimentos.
Os espanhóis tinham uma visão eurocêntrica do mundo, por isso não esperavam encontrar sociedades tão complexas na América, com centros urbanos e grandes obras arquitetônicas (leia o boxe da página seguinte).
Significado de eurocentrismo
Eurocentrismo - Europa e tudo aquilo que era europeu estava no centro de tudo, era mais valorizado.
Para que possa entender a surpresa dos espanhóis, você vai estudar neste tema diversos conhecimentos desenvolvidos pelos povos americanos antes da conquista europeia.
Conhecimentos arquitetônicos e urbanísticos
A maior parte das sociedades complexas encontradas pelos europeus estava localizada na Mesoamérica. Os povos dessa região desenvolveram, ao longo da história, uma série de conhecimentos de arquitetura e técnicas construtivas, criando uma tradição urbanística na região que foi mais tarde dominada pelos astecas.
Tenochtitlán - exemplo de urbanização e arquitetura asteca
Não por acaso a cidade de Tenochtitlán impressionou os conquistadores espanhóis. Muito maior do que qualquer cidade europeia da época, ela abrigava cerca de 300 mil pessoas. Suas ruas eram largas e espaçosas e havia pessoas responsáveis pela limpeza dos espaços públicos. Em Tenochtitlán, os astecas construíram um sistema de aquedutos que trazia a água do Lago Texcoco diretamente para a cidade. Essa água era usada nas plantações, construídas sobre chinampas.
Tenochtitlán era maior que qualquer cidade europeia da época do "descobrimento".
Chinampas
A cidade de Tlatelolco, vizinha de Tenochtitlán, destacava-se na região por sua capacidade comercial. Os espanhóis estimaram que o mercado central de Tlatelolco seria duas vezes maior que a cidade espanhola de Salamanca, e que nele cerca de 20 mil pessoas comercializavam diariamente.
Tenochtitlán surpreende os europeus
Tenochtitlán, cidade construída sobre o Lago Texcoco
Em 1519, o cronista espanhol Bernal Díaz del Castillo registrou sua surpresa com o tamanho da cidade de Tenochtitlán, a capital asteca, construída sobre o Lago Texcoco.
Tenochtitlán, cidade era capital do império asteca, construída sobre o lago Texcoco
“Quando vimos as cidades e vilarejos construídos sobre a água e muitas outras populações em terra firme, ficamos admirados, e dissemos que era como um encantamento. Muitos dos nossos soldados se perguntavam se aquilo que víamos não era um sonho. Não sei como descrever o que vimos; eram coisas nunca antes ouvidas, vistas ou sequer sonhadas por nós.”
CASTILLO, Bernal Díaz del. Historia verdadera de la conquista de la Nueva España. Madrid: Real Academia Española; Barcelona: Galaxia Gutenberg-Círculo de Lectores, 2011. p. 271. (adaptado, tradução nossa)
Tenochtitlán também chamou a atenção dos espanhóis por suas pirâmides, templos e palácios monumentais. O Templo Maior, por exemplo, dedicado aos deuses Huitzilopochtli e Tlaloc, tinha 27 metros de altura e 90 metros de largura. O principal material de construção das moradias era o adobe, uma mistura de argila, lodo e palha que era seca ao Sol. O adobe é um material muito resistente e bom isolante térmico e acústico.
Exemplo arquitetura asteca - O templo Maior
Templo Maior, dedicado aos deuses Huitzilopochtli e Tlaloc, tinha 27 metros de altura e 90 metros de largura.
Tenochtitlán e Tlatelolco não eram as únicas grandes cidades mesoamericanas do período pré-colonial. Vizinha a elas estava a cidade de Tlaxcala, rival dos astecas. A cidade estava dividida em vários bairros, cada um deles com uma autoridade local própria, que cuidava da alimentação e da segurança de todos. Alguns desses bairros eram habitados por moradores originários de outros povos e regiões, como zapotecas, mixtecas e totonacas.
Tlaxcala, cidade rival dos astecas
Tlaxcala, a cidade estava dividida em vários bairros, cada um deles com uma autoridade local própria, que cuidava da alimentação e da segurança de todos.
Os conquistadores também encontraram sociedades extremamente complexas em outras partes do continente. Nos Andes Centrais, as cidades eram habitadas pelas elites do Império Inca e estavam divididas em setores administrativos, religiosos e agrícolas. Chamadas llactas, as cidades incas funcionavam como centros de poder, locais de onde as autoridades controlavam a população e os territórios.
Região dos Andes
Império Inca
llactas, as cidades incas funcionavam como centros de poder, locais de onde as autoridades controlavam a população e os territórios.
Para construir essas llactas, o poder imperial contava com a mita, tributo pago pelas comunidades camponesas (ayllus) na forma de serviços ao Estado. Os camponeses construíam casas, pirâmides e fortalezas usando grandes blocos de pedra ou adobe.
Mita, tributo pago pelas comunidades camponesas (ayllus) na forma de serviços ao Estado.
Ayllus - incas que trabalhavam no campo, camponeses.
A importância da mita para os incas
Na llacta de Cuzco, a capital do império, os incas construíram um sistema de esgoto e abastecimento de água, conduzido por canais forrados e cobertos de pedra, que melhorou as condições de vida na cidade. A mesma estrutura foi construída na llacta de Pisac.
llacta de Cuzco, a capital do império
Cuzco, a capital do império, os incas construíram um sistema de esgoto e abastecimento de água, conduzido por canais forrados e cobertos de pedra, que melhorou as condições de vida na cidade.
Escrita e formas de registro
Uma tradição comum a diversas culturas mesoamericanas era o uso da escrita pictoglífica, que combinava desenhos e símbolos. Evidências indicam que esse tipo de escrita foi desenvolvido pelos olmecas, por volta de 1000 a.C., e era registrado em suportes de cerâmica e pedra. A partir da era cristã, os escribas de diferentes povos mesoamericanos passaram a registrar os escritos em peles de animais, lenços de algodão e papéis feitos com casca ou fibra de plantas.
Escrita pictoglífica - combinava desenhos e símbolos.
Escrita pictoglífica - era registrado em suportes de cerâmica e pedra. A partir da era cristã, os escribas passaram a registrar os escritos em peles de animais, lenços de algodão e papéis feitos com casca ou fibra de plantas.
Entre os registros produzidos na Mesoamérica estavam os códices, espécie de livros compostos de ilustrações e textos, cujos dados foram utilizados pelos espanhóis para compreender o modo de vida e as relações entre os diferentes povos mesoamericanos. Os códices continham narrativas sobre a origem do mundo, a história das cidades, os diferentes calendários e os sistemas de cobrança de tributos, entre outras informações.
Na Mesoamérica existiam os códices, espécie de livros compostos de ilustrações e textos
Os espanhóis usaram os códices (livros com ilustrações e textos) para compreender o modo de vida e as relações entre os diferentes povos mesoamericanos.
Os códices continham narrativas sobre a origem do mundo, a história das cidades e outras informações
Nos Andes Centrais, os incas não desenvolveram propriamente um sistema de escrita. Entretanto, eles criaram os quipus para registrar dados relativos à produção de alimentos, ao número de habitantes e aos tributos arrecadados pelo seu império, por exemplo.
Quipu - instrumento utilizado para comunicação, mas também como registro contábil e como registros entre os incas.
Quipu inca
A criação de calendários
Observando fenômenos da natureza, os povos da Mesoamérica e dos Andes Centrais descobriram as melhores épocas para plantar e colher, conhecimentos essenciais para o desenvolvimento da agricultura. Observando o movimento aparente do Sol, das estrelas e da Lua, os ameríndios puderam também desenvolver a matemática e a astronomia.
Observavam o movimento aparente do Sol, das estrelas e da Lua
Desenvolveram conhecimentos astronômicos - Astronomia é uma ciência natural que estuda corpos celestes e fenômenos que se originam fora da atmosfera da Terra.
Os ameríndios puderam também desenvolver a matemática
A criação de um sistema de numeração vigesimal, atribuída aos maias, permitiu aos mesoamericanos aprimorar seus cálculos astronômicos, podendo assim criar diferentes calendários. Esses calendários tornaram-se um instrumento muito importante para organizar a vida cotidiana, pois passaram a marcar as datas para a realização das atividades agrícolas, dos ritos religiosos e das celebrações históricas.
Com base no sistema numérico vigesimal, os maias criaram três tipos principais de calendário: o agrícola e social, de 365 dias; o ritual, de 260 dias; e o histórico, de 360 dias. Nos três calendários, cada mês tinha um total de vinte dias. Apenas o calendário ritual sobreviveu até hoje, sendo ainda mantido nas práticas culturais das comunidades maias contemporâneas.
Três tipos principais de calendário: o agrícola e social, de 365 dias; o ritual, de 260 dias; e o histórico, de 360 dias.
Nos três calendários, cada mês tinha um total de vinte dias.
Nos Andes Centrais, os incas criaram um calendário com um ano solar de 365 dias, dividido em doze meses lunares. O calendário inca estava intimamente ligado ao poder do imperador, o Sapa Inca, representante sagrado do Sol. Ele o utilizava para determinar as atividades agrícolas e estabelecer as datas das cerimônias sagradas.
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