quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Espanhóis dominam a América (conquista dos astecas e incas)

 A conquista do Caribe


Caribe - região cobiçada pelos espanhóis.


O desembarque de Cristóvão Colombo na América, gravura de Theodore de Bry, 1594.

A chegada dos europeus à América esteve relacionada à busca por parte dos países ibéricos de rotas alternativas que os levassem ao Oriente, onde obteriam as valiosas especiarias diretamente da fonte produtora.


Novas rotas visando o lucrativo comércio com o Oriente


Desejo de descobrir novas rotas marítimas para o oriente, pois os europeus cobiçavam o comércio de luxo e especiarias.

No entanto, a partir do momento em que os conquistadores tomaram conhecimento da existência de grandes jazidas minerais na América, o continente se transformou no alvo principal da política mercantilista de Portugal e Espanha. No caso da exploração das minas da América hispânica, os indígenas se transformaram nas “mãos e nos pés” da Coroa espanhola.


Artefato asteca em ouro vistos pelos espanhóis.



Descoberta de metais preciosos (ouro e prata)



Atividade mineradora na América Espanhola, colonização de exploração utilizando mão-de-obra nativa.



Conquistar para poder dominar e lucrar - Lucro via política econômica do mercantilismo.



O mercantilismo foi um conjunto de práticas e ideias econômicas que dominou a Europa na transição do feudalismo para o capitalismo. A riqueza das nações em formação estava no acúmulo de metais precisos, na intervenção do Estado na economia e no protecionismo.



O metalismo foi uma medida usada durante o sistema mercantilista para medir a riqueza de uma nação. Esse sistema também era conhecido como bulionismo que deriva da palavra inglesa bullion. Esse sistema aconselhava o Estado a ter o máximo possível de metais preciosos nos cofres como ouro e prata.

A primeira conquista espanhola na América foi o Caribe, região onde a expedição de Cristóvão Colombo aportou em 1492. Ali e em outras regiões da América, os espanhóis utilizaram diferentes estratégias para estabelecer sua dominação: o uso das armas, alianças com povos indígenas, o trabalho de missionários católicos e até mesmo crenças míticas nativas.


América espanhola



Mar do Caribe - início do processo de dominação espanhola.



Dominação espanhola via o uso das armas, alianças com povos indígenas, o trabalho de missionários católicos e até mesmo crenças míticas nativas.


Os espanhóis manipularam algumas tribos indígenas, jogando uns contra os outros.

O grau de dominação, porém, não foi o mesmo em toda a América de colonização hispânica. Nos impérios Asteca e Inca, uma vez destruído o poder central indígena, os espanhóis rapidamente se transformaram no novo dominador. O mesmo não ocorreu com povos que viviam mais dispersos, como os maias e aqueles que habitavam o norte do México e a América do Sul meridional. Nesses casos, o processo de dominação foi longo e nem sempre se concluiu plenamente.


Fontes: CAMPOS, Flavio de; DOLHNIKOFF, Miriam. Atlas: história do Brasil. São Paulo: Scipione, 1993. p. 13.

No início, as alianças

Os povos tainos predominavam em várias ilhas do Caribe quando os espanhóis ali chegaram. Em um primeiro momento, eles estabeleceram alianças com os espanhóis. Entretanto, isso não significa que fossem dóceis, inocentes e hospitaleiros. Diferente da interpretação predominante por muito tempo, as populações indígenas tinham interesses próprios, avaliavam o contexto em que viviam e faziam escolhas buscando satisfazer suas necessidades ou pretensões políticas.


Tainos - um dos povos indígenas que viviam no Caribe.

No caso dos tainos, a aliança com os espanhóis provavelmente esteve relacionada ao contexto de expansão dos povos caraíbas ou caribes, indígenas inimigos que estavam ampliando seus domínios e ameaçando a soberania taina sobre seu próprio território. Dessa forma, a aliança com os espanhóis poderia significar o apoio de um povo poderoso na luta contra os inimigos caraíbas.


Os tainos fizeram alianças com os espanhóis (novos invasores), pois se sentiam ameaçados pela invasão dos caraíbas. Os tainos não imaginaram que os espanhóis também eram uma enorme ameaça a soberania taina.


Os tainos fizeram alianças com os espanhóis contra os caribes (caraíbas).


Os tainos foram usados pelos espanhóis para poderem vencer os caraíbas.


Após a vitória contra os caraíbas, os Tainos se tornaram escravos dos espanhóis.

No fim, o extermínio

A aliança dos tainos com os espanhóis, porém, teve curta duração. Com a convivência, eles perceberam que os espanhóis queriam mais que simples contatos comerciais; eles planejavam conquistar as terras indígenas. As relações iniciais, baseadas na troca de produtos, foram se transformando em relações mais hierarquizadas, que envolviam a imposição de diferentes formas de trabalho compulsório sobre a população nativa.


Trabalho forçado ou compulsório é todo trabalho ou serviço exigido de uma pessoa sob a ameaça de uma sanção e para o qual a pessoa não se ofereceu espontaneamente.


Os tainos foram escravizados pelos espanhóis e muitos foram mortos por agressões físicas ou doenças.

Somados à exploração do trabalho, os surtos de doenças trazidas pelos colonizadores desencadearam um processo brutal de declínio demográfico nativo na região. Os indígenas sucumbiam facilmente a doenças como sarampo, varíola e gripe, contra as quais não tinham imunidade. Em algumas ilhas, os nativos chegaram até mesmo a desaparecer.


Sarampo - doença que afetou os tainos.



Varíola - epidemias foram constantes.



Gripe - tirou a vida de vários nativos do Novo Mundo.

A destruição do Império Asteca


Clique no link abaixo e veja o pequeno vídeo sobre a chegada dos espanhóis no império asteca.

https://youtu.be/lXT6rkYeHA8



Território asteca - Mesoamérica (região entre a América do Norte e a América do Sul).


Montezuma II - Imperador asteca na época da chegada dos espanhóis. NÃO foi o último imperador asteca, Cuauhtémoc (primo de Montezuma II) foi o último.


Mesmo bem recebido pelo o imperador asteca Montezuma, Hernan Cortez (o conquistador) e Malinche (interprete de Cortez) traíram o imperador e iniciaram o processo de dominação.


Império Asteca em declínio após a chegada dos espanhóis.


O primeiro conflito de que se tem notícia ocorreu em maio de 1520, quando os espanhóis invadiram um templo e mataram dezenas de indígenas. Esse conflito NÃO deu o controle do império ao espanhóis. 

O Império Asteca ou Mexica localizava-se no planalto central do México. Esse rico império era formado por uma rede de alianças que envolvia três capitais políticas: as cidades de Texcoco, de Tlacopan e de Tenochtitlán. Unidos, esses centros urbanos impunham domínio político e tributário sobre centenas de grupos étnico-territoriais, denominados altepetl.


Um império é caracterizado, sobretudo, por grandes extensões territoriais, o Império agrega nações e povos que podem ser culturalmente diversos em territórios que não necessariamente são geograficamente contínuos.


Os povos dominados estavam insatisfeitos com os astecas.

Tal domínio gerava descontentamento e revolta nos demais grupos nativos — situação que foi notada e habilmente manipulada pelos espanhóis.


Revolta indígena dos povos dominados pelos astecas.


Hernán Cortés manipulou as tribos indígenas que estavam insatisfeitas com o império asteca.

O conquistador espanhol Hernán Cortés e seus homens partiram da ilha que hoje é Cuba em direção à capital asteca em fevereiro de 1519. Já no continente, Cortés conheceu Malinche, a jovem indígena que lhe serviria de intérprete, e selou aliança com o povo de Tlaxcala, inimigo dos astecas.


O conquistador espanhol Hernán Cortés e sua intérprete, Malinche, que contribuiu para a comunicação entre os europeus e os povos nativos. Ilustração do Códice Tlaxcala, cópia de 1632.


Também chamado de Lienzo de Tlaxcala, o códice traz cenas com a representação da aliança entre o povo tlaxcalteca e os espanhóis para derrotar um inimigo comum, os astecas. Códice Tlaxcala, cópia de Alfredo Chavero, 1892.


O Lienzo foi produzido pelos próprios tlaxcaltecas, como forma de mostrar os serviços prestados à Coroa espanhola, e, assim, tentar evitar que os espanhóis lhes cobrassem tributos. Códice Tlaxcala, cópia de Alfredo Chavero, 1892.

Em novembro, os espanhóis chegaram a Tenochtitlán e foram recebidos pacificamente por Montezuma, o imperador asteca. Não se sabe ao certo como a guerra entre espanhóis e astecas começou, mas o primeiro conflito de que se tem notícia ocorreu em maio de 1520, quando os espanhóis invadiram um templo e mataram dezenas de indígenas.


Montezuma recebendo Cortez e Malinche


Ataque espanhol liderado por Cortez ao templo, iniciou o primeiro ataque, mais sem sucesso no projeto de conquista.


Sem a colaboração do povo de Tlaxcala e de outros povos inimigos dos astecas, os espanhóis não teriam conseguido conquistar e explorar boa parte do território mesoamericano. Códice Tlaxcala, cópia de Alfredo Chavero, 1892.

A tomada de Tenochtitlán 

Derrotados na primeira tentativa de tomar a capital asteca, os espanhóis se refugiaram em Tlaxcala. A queda definitiva de Tenochtitlán só ocorreu em agosto de 1521, após meses de cerco, combates e derrotas de ambos os lados. O sistema de alianças que os espanhóis selaram com os altepetl foi decisivo para sua vitória.


O sistema de alianças que os espanhóis selaram com os altepetl foi decisivo para sua vitória.


A tomada de Tenochtitlán - Queda definitiva de Tenochtitlán só ocorreu em agosto de 1521, os espanhóis derrotaram o movimento de resistência do imperador Cuauhtémoc (primo de Montezuma II).

A tomada de Tenochtitlán representou, portanto, a vitória de diversos grupos étnicos que, aliados aos espanhóis, derrotaram um inimigo em comum: os astecas. No entanto, os povos nativos coligados aos espanhóis não contavam com o fato de que a queda dos astecas era apenas o primeiro grande ato de uma história de destruição que arrasaria depois suas cidades, formas de organização social e política, crenças e milhões de vidas.


A queda dos astecas era apenas o primeiro grande ato de uma história de destruição que arrasaria depois com as outras etnias indígenas.


Cuauhtémoc: história e memória


Estátua de Cuauhtémoc instalada na Calçada dos Heróis, na cidade de Tijuana, México. Foto de 2019. O nome do último imperador asteca significa “aquele que descende de uma águia”. 

Cuauhtémoc foi o último imperador asteca. Era primo de Montezuma e casou-se com uma de suas filhas. Em 1520, em meio às investidas espanholas sobre Tenochtitlán, assumiu o posto de imperador por indicação dos nobres e sacerdotes locais.


Cuauhtémoc foi o último imperador asteca.

Na ocasião, a situação da capital asteca era dramática. A população havia sido devastada por uma epidemia de varíola, faltavam água e alimentos. Cuauhtémoc tentou conseguir apoio entre os povos vizinhos garantindo a redução de tributos. Mas já era tarde: a maioria dos povos indígenas já havia se aliado a Cortés. Em abril de 1521, um exército formado por 20 mil indígenas inimigos dos astecas e centenas de espanhóis cercou a cidade de Tenochtitlán.


Fome


Necessidade de retornar com as alianças indígenas para poder superar os espanhóis.

As forças astecas tinham a metade de homens. Em 13 de agosto de 1521, o líder asteca se rendeu, após quase quatro meses de sítio. Talvez para poupar maior sofrimento ao seu povo, Cuauhtémoc aceitou submeter-se ao rei da Espanha e pagar tributos a ele. Relatos espanhóis, no entanto, contam outra história: o imperador e seus acompanhantes teriam sido presos enquanto fugiam.


Fim do império asteca

O imperador e os nobres astecas foram presos e submetidos a interrogatórios cruéis. Os espanhóis queriam informações sobre tesouros que acreditavam terem sido escondidos. Cuauhtémoc manteve-se em silêncio, sendo executado em 1525.


O imperador e os nobres astecas foram presos e submetidos a interrogatórios

Quando o México se tornou independente, no século XIX, a resistência de Cuauhtémoc transformou-se em um símbolo da nacionalidade mexicana. Em sua memória foram erguidos monumentos, e sua imagem foi reproduzida na moeda do país. Praças, ruas, escolas, uma cidade e até um estádio de futebol receberam o nome do último imperador asteca.


Estátua de Cuauhtémoc - O nome do último imperador asteca significa “aquele que descende de uma águia”. 

A destruição do Império Inca


Império inca

Na América do Sul, os domínios do Império Inca se estendiam por regiões dos atuais Peru, Equador, Bolívia, Argentina e Chile. Reunindo diferentes grupos indígenas, o império mantinha-se, principalmente, por meio de acordos com lideranças étnicas e da cobrança de impostos.


Império formado e mantido por meio de acordos com lideranças étnicas e da cobrança de impostos.

A configuração de regiões com características imperiais, contudo, gerou conflitos internos pelo trono inca. Foi o que aconteceu na sucessão do imperador Huayna Capac. Seus filhos, Atahualpa e Huáscar, disputavam violentamente o poder quando os espanhóis chegaram à região, em 1532.


Imperador Huayna Capac - Seus filhos brigaram entre si para sucede-lo.


Atahualpa e Huáscar, disputavam violentamente o poder (herança do trono).

Sob o comando de Francisco Pizarro, os espanhóis aproveitaram-se da situação (irmãos brigando por causa da herança real) e investiram sobre o fragilizado império. Na cidade de Cajamarca, ao norte de Cuzco (capital inca), capturaram Atahualpa, acusaram-no de ter matado seu irmão Huáscar e o condenaram à morte por estrangulamento, não sem antes cobrar uma quantia exorbitante em ouro e prata como resgate.


Francisco Pizarro



Prenderam Atahualpa, acusaram-no de ter matado seu irmão Huáscar.



Condenaram Atahualpa à morte por estrangulamento.


Os espanhóis obraram uma quantia exorbitante em ouro e prata como resgate.

Com o apoio de povos indígenas rebelados contra a dominação inca, os espanhóis tomaram as cidades de Cuzco e de Quito. Em 1535, Pizarro fundou a cidade de Lima, futura capital dos domínios espanhóis nos Andes Centrais.


Os povos indígenas dominados pelos incas estavam revoltados e os espanhóis se aproveitaram disso. 


Visando ter o apoio dos indígenas revoltados, Pizarro manipulou os revoltosos para que esse apoiassem o seu ataque contra os incas.


Com apoio de outros indígenas, Francisco Pizarro e seus militares dominaram os incas. Os espanhóis tomaram as cidades de Cuzco e depois expandiram a sua dominação.


Vista da Catedral de Nossa Senhora da Assunção e da Igreja da Companhia de Jesus na praça central de Cuzco, no Peru. Foto de 2017.

A resistência indígena

Em 1537, o líder inca Manco Capac e seus seguidores, após um ano de cerco a Cuzco, a antiga capital inca, refugiaram-se na região de Vilcabamba. Dali o grupo promoveu sucessivos movimentos de resistência ao domínio espanhol.


Líder inca Manco Capac impôs uma forte resistência em 1537 contra os espanhóis. 



Os incas fizeram sucessivos movimentos de resistência ao domínio espanhol.


Assim como o líder inca Manco Capac, Tupac Amaru também se destacou no movimento de resistência inca em Vilcabamba. 

A resistência inca em Vilcabamba chegou ao fim com Tupac Amaru. Derrotado pela expedição do vice-rei Francisco de Toledo, que havia declarado guerra à cidade, Tupac Amaru foi capturado e decapitado pelos espanhóis na praça central de Cuzco, diante de uma multidão de indígenas, para servir de exemplo à população.


Tupac Amaru líder inca contra a dominação espanhola em Vilcabamba.


Vice-rei Francisco de Toledo - derrotou a resistência de Tupac Amaru em em Vilcabamba (Revolta de Tupac Amaru).


Devido a revolta, Tupac Amaru foi capturado e decapitado pelos espanhóis na praça central de Cuzco.

Além da luta armada, os indígenas também reagiram de forma pacífica ao domínio espanhol. Em várias situações, atitudes como a entrega ao alcoolismo, o silêncio, a indolência e a recusa em aceitar ideias, valores e crenças dos conquistadores frustraram as expectativas dos espanhóis em impor seu domínio.


Resistência pacifica de alguns indígenas contra o domínio espanhol -  entrega ao alcoolismo, o silêncio, a indolência e a recusa em aceitar ideias, valores e crenças dos conquistadores.

Um importante movimento pacífico de resistência surgiu em Huamanga e espalhou-se pelo norte do Peru: o Taqui Ongo, ou a “enfermidade da dança”, na língua nativa quéchua, que atingiu seu auge na década de 1560. O movimento pregava que era preciso dançar constantemente para que as huacas, divindades andinas, despertassem e vencessem o Deus cristão, restabelecendo o Império Inca e a ordem anterior à colonização. O Taqui Ongo foi violentamente reprimido pelos colonos e missionários espanhóis, e seus principais líderes foram punidos com chicotadas.


Taqui Ongo, ou a “enfermidade da dança”: dançar constantemente para que as huacas, divindades andinas, despertassem e vencessem o Deus cristão, restabelecendo o Império Inca e a ordem anterior à colonização.

Mais ao sul, no Chile, os indígenas mapuches (também conhecidos como araucanos) encabeçaram uma longa resistência aos espanhóis, da qual saíram vitoriosos. Em sua luta contra os conquistadores, os mapuches aperfeiçoaram suas armas e se apropriaram de uma prática espanhola: a utilização de cavalos para adquirir velocidade nos combates.



Os mapuches (araucanos) aprimoraram suas armas e aprenderam o uso do cavalo em sua resistência vitoriosa contra a dominação espanhola.

A resistência mapuche ao domínio espanhol teve seu momento de maior explosão entre 1550 e 1696; depois disso, os enfrentamentos se tornaram esporádicos, predominando entre eles acordos comerciais e negociações de fronteira.


O jovem Lautaro, pintura de Pedro Subercaseaux, século XIX, representando Lautaro (1534-1557), importante líder da resistência mapuche.

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