A ditadura stalinista (governo de Josef Stalin)
Com a morte de Lênin, em 1924, iniciou-se uma disputa pelo poder entre Leon Trotsky e Joseph Stalin. Trotsky propunha a expansão da revolução em nível mundial como uma das tarefas centrais do governo soviético. Stalin, então secretário-geral do Partido Comunista, defendia que era necessário primeiro consolidar a revolução no país para depois expandi-la. Stalin venceu a disputa com Trotsky e passou a governar a URSS como um ditador.
A ditadura stalinista começou de fato em 1929, com a aprovação da proposta de Stalin de coletivização total das principais áreas agrícolas do país, que se localizavam em áreas do baixo Rio Volga, da Ucrânia, do norte do Cáucaso e da Sibéria ocidental. O objetivo era obrigar a classe dos camponeses mais prósperos, conhecidos como kulaks, a aderir às fazendas coletivas. Como resistiram a entregar sua produção ao governo, os kulaks foram vítimas de violenta repressão. Presos, executados ou deportados para regiões distantes, a classe dos kulaks foi eliminada da União Soviética.
A repressão também se voltou contra os que denunciavam a burocracia stalinista. Entre 1936 e 1939, o governo montou processos judiciais para punir os supostos traidores da revolução, e o terror implantou-se no país. Pessoas acusadas ou suspeitas de traição eram levadas para campos de trabalho forçado criados pelo regime. Os números são divergentes, mas se acredita que 5 milhões de pessoas foram presas e cerca de 500 mil tenham sido executadas pelo regime stalinista.
A ditadura stalinista perseguia e reprimia os opositores do regime.
Quem eram os kulaks?
“Chamá-los de ricos é quase uma liberdade de expressão, na fronteira do abuso. Na verdade, porém, diferenciavam-se no quadro da aldeia russa, marcada pela miséria e pelo atraso. Tinham um ou dois animais, pequenos excedentes regulares, comercializados no mercado, estoques de sementes, alguma poupança, às vezes, o que lhe permitia emprestar aos demais e exercer sobre eles pressão, quando não violência, para cobrar o devido (kulak = punho). Possuíam, além disso, algumas letras, ou as tinham por intermédio dos filhos, o que lhes acrescentava prestígio.”
REIS FILHO, Daniel Aarão. Uma revolução perdida: a história do socialismo soviético. São Paulo: Editora Fundação Perseu Ábramo, 2007. p. 119.
O realismo socialista
Para muitos socialistas, a transformação nas artes era parte do processo de transformação da sociedade e da criação de uma nova cultura revolucionária. Esse projeto animou vários artistas de vanguarda na Rússia pré-revolucionária e continuou incentivando depois da Revolução Socialista de 1917.
Nos primeiros anos que se seguiram à tomada do poder pelos bolcheviques, muitos artistas que defendiam a revolução socialista, como o cineasta Sergei Eisenstein e o poeta Vladimir Maiakovski, promoveram várias iniciativas nas artes visando criar novas formas de expressão, diferentes e mais radicais que as tradicionais. A proposta era estimular a livre expressão artística e despertar nos trabalhadores o interesse pela arte.
Foi com esse objetivo que, em 1918, criou-se a Oficina de Artes Visuais, uma seção da Narkompros, o departamento organizado pelos bolcheviques que cuidava da educação e da cultura na Rússia soviética.
Com a chegada de Stalin ao poder, contudo, as manifestações das vanguardas soviéticas foram reprimidas e consideradas “burguesas” ou “decadentes”. Financiada e controlada pelo Estado, a arte deveria enaltecer a “pátria” soviética e representar apenas o mundo dos trabalhadores: soldados em guerra, operários e camponeses fortes e felizes etc. Surgia assim o realismo socialista.
Com um conjunto de normas e procedimentos de produção artística previamente delimitados pelo Estado, o realismo socialista tornou-se a arte oficial da União Soviética, cumprindo um papel fundamental na preservação do regime stalinista.
"União em Sebastopol", Georgi Nisski, 1935, óleo sobre tela, 77 x 101 cm, Museu de Arte de Nizhni-Novgorod.
"Um camponês", Vassili Yakolev, 1942, óleo sobre tela, 65 x 50 cm, Galeria Tretyakov
Os impactos mundiais da Revolução Russa
Na visão de muitos intelectuais, trabalhadores e setores da classe média, a Primeira Guerra Mundial havia exposto a falência dos modelos econômicos e sociais vigentes. Nesse contexto de crise do capitalismo, os partidos socialistas despontaram na Europa como uma força emergente, capaz de construir uma alternativa de futuro para as camadas sociais oprimidas, que passaram a vislumbrar um mundo no qual as desigualdades sociais deixariam de existir.
A partir da Revolução Russa, o socialismo soviético se apresentou como uma alternativa ao capitalismo, não apenas na Europa, mas em todo o mundo. Leia o que o historiador Eric Hobsbawm escreveu a respeito do significado histórico da Revolução de Outubro.
“[...] uma onda de revolução varreu o globo nos dois anos após [a Revolução de] Outubro, e as esperanças dos aguerridos bolcheviques não pareceram irrealistas. [...] ‘Sovietes’ foram formados por empregados de indústria do tabaco em Cuba, onde poucos sabiam onde ficava a Rússia. Os anos de 1917-19 na Espanha vieram a ser conhecidos como o ‘biênio bolchevique’ [...]. Movimentos estudantis revolucionários irromperam em Pequim [...] em 1919 e Córdoba (Argentina) em 1918, logo espalhando-se por toda a América Latina e gerando líderes e partidos marxistas revolucionários. [...] Em suma, a Revolução de Outubro foi universalmente reconhecida como um acontecimento que abalou o mundo.”
HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 71-72.
Para revisar:
https://www.youtube.com/watch?v=TXw4hpf6LnQ
https://www.youtube.com/watch?v=L0hGnCCbqN8
07 - Na URSS, o que foram os planos quinquenais?
08 - Cite alguns objetivos dos planos quinquenais de Stalin:
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