domingo, 5 de fevereiro de 2023

Era do rádio no Brasil

A Era do Rádio no Brasil


O rádio foi utilizado como instrumento de educação, cultura, entretenimento, comércio e até política.

 As primeiras estações de rádio no Brasil


Até 1932, as rádios possuíam função educativa, ou seja, uma função de valorização e popularização da cultura no país. Impactar nas práticas culturais, ou seja, nos comportamentos individuais ou da sociedade.

Em 1923, foi fundada a primeira estação de rádio do Brasil, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que inaugurou a era da comunicação de massa no país. Essa rádio, bem como as outras que foram criadas nessa época, tinha como objetivo de contribuir para a formação cultural da população brasileira (função educativa até 1932). Assim, a programação variava entre leitura de textos literários e a apresentação de músicas clássicas. Porém, a partir de 1932, com a inserção de propagandas comerciais dos patrocinadores na programação, o rádio deixou de ter apenas função educativa e passou a ser utilizado também como entretenimento

Significado da palavra entretenimento - divertir, lazer, distrair etc.

O impacto do rádio na sociedade brasileira.

No início da década de 1930, o rádio alcançou grande difusão entre a população brasileira. Nessa época, milhares de aparelhos foram vendidos e as notícias do Brasil e do mundo passaram a chegar com maior rapidez aos ouvintes brasileiros.

Esse poderoso meio de comunicação alterou antigos hábitos populares e influenciou as tendências da moda da época.

As principais emissoras de rádio 

As principais emissoras desse período se localizavam nas cidades de São Paulo - Rádio Record e Rádio Tupi - e do Rio de Janeiro - Rádio Mayrink Veiga e Rádio Nacional. A programação das rádios era composta de música, humor, programas de calouros, além de radionovelas e noticiários.

Rádio Nacional

https://www.youtube.com/watch?v=OP0gY5cvCws

Rádio Mayrink Veiga

https://www.youtube.com/watch?v=KdDpNQV3yMM

As estrelas do rádio brasileiro

À medida que o rádio se popularizava, alguns artistas passaram a fazer grande sucesso em todo país. Francisco Alves (1914-1952), Lamartine Babo (1904-1963), Aracy de Almeida (1914-1988) e Dalva de Oliveira são exemplos de artistas que ficaram muito conhecidos a partir da década de 1930.

Francisco Alves

https://www.youtube.com/watch?v=ivN2_XDUBds

Lamartine Babo

https://www.youtube.com/watch?v=THumOkImIGM

Aracy de Almeida

https://www.youtube.com/watch?v=YAGBPBR4vkw


Dalva de Oliveira 

https://www.youtube.com/watch?v=KLQOjtePTJE

Uma dessas artistas de rádio, no entanto, fez sucesso internacional. Seu nome era Maria do Carmo da Cunha, mais conhecida como Carmem Miranda (1909-1955). Filha de imigrantes portugueses, Carmem fez grande sucesso no Brasil e, principalmente, nos Estados Unidos, cantando e dançando samba, rumba (ritmo musical cubano) e outros ritmos latino-americanos.


Carmem Miranda

https://www.youtube.com/watch?v=p0zBQlzKsdE

O rádio: um excelente transmissor cultural

O sucesso do rádio no Brasil foi tão grande que logo os governantes perceberam o poder desse meio de comunicação em transmitir e padronizar os valores culturais e, assim, tentar criar uma identidade nacional. Para que esses objetivos fossem alcançados, era preciso que o governo aumentasse a vigilância e o controle sobre a programação das emissoras. Assim, em 1939, Getúlio Vargas assinou um decreto-lei que criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão responsável por fiscalizar todos os veículos da mídia, músicas, filmes e peças de teatro.


DIP

A censura no rádio 

A partir do golpe do Estado Novo e especialmente depois da criação do DIP, as emissoras de rádio passaram a ser controladas e censuradas por funcionários do governo, que aprovavam ou vetavam os programas, além de fazer a censura prévia das letras de musicas colocadas no ar.


O que é censurar?

Durante seu governo, Vargas empreendeu uma política de exaltação ao trabalho e da valorização do trabalhador na construção da nação, condenando a malandragem e a ociosidade (desocupação, vadiagem). Por esse motivo, as músicas tocadas no rádio deveriam refletir esse pensamento (valorização do trabalho). No entanto, muitos compositores não compartilhavam das ideias de Vargas e, por meio de letras irônicas e bem humoradas, apontavam as dificuldades do trabalhador brasileiro, como longa jornada de trabalho, os baixos salários, a precariedade das fábricas e as dificuldades no transporte enfrentadas pelos trabalhadores.


Cartaz 1º de maio

Rádio usado para afirmar as políticas do Estado Novo.

Além da criação do DIP, o governo de Vargas (Estado Novo) encampou (tornar do governo, por meio de compras) jornais e rádios, como meios de afirmação da política getulista e da cultura nacional, levando diariamente ao ar as notícias referentes ao Estado Novo e privilegiando programas que valorizassem a cultura brasileira.


Rádio - principal instrumento de comunicação do governo Vargas

A Hora do Brasil

A partir de 1938, foi ao ar o programa A Hora do Brasil das 19 às 20 horas (sempre nesse horário da noite, em rede nacional). Esse programa veiculava notícias sobre fatos políticos do país, os atos diários do presidente, além de temas sobre a história do Brasil. Também eram transmitidas músicas regionais e de autores brasileiros consagrados.


Programa a Hora do Brasil


Hora do Brasil - Programa de rádio vinculado a noticiar informações do governo.

A partir de 1939, todas as estações de rádio foram obrigadas a transmitir o programa, que não obteve muito sucesso entre os ouvintes e recebeu o apelido de "fala sozinho".



Vargas no rádio

As funções do DIP

Além de se ocupar da censura nas estações de rádio, o Departamento de Imprensa e Propaganda controlava as informações veiculadas na imprensa e no cinema. O DIP também organizava festas cívicas, exposições de arte e concertos musicais, fiscalizava as apresentações teatrais, a produção literária brasileira e estrangeira que estivesse em circulação no país, além de ditar as regras de turismo no território nacional.


O DIP foi responsável pelo culto à personalidade de Getúlio Vargas.

No campo da educação, o DIP era responsável por analisar os conteúdos dos livros didáticos e das cartilhas distribuídas aos estudantes, bem como produzir cartazes e livros que exaltassem a figura de Getúlio Vargas e suas decisões políticas.


Exaltação da imagem de Getúlio Vargas e o nacionalismo exagerado.

O DIP era o órgão responsável por controlar as informações e construir uma imagem positiva a respeito de Vargas e seu governo.

Fim do DIP

Os ventos da política brasileira mudaram consideravelmente a partir do envolvimento do Brasil na Segunda Guerra Mundial, e o autoritarismo de Vargas começou a ser fortemente questionado a partir de 1943. Isso fez com que Vargas alterasse sua estratégia política, aproximando-se mais dos trabalhadores: surgia o trabalhismo.


Definição de trabalhismo

Em 1945, ele precisou fazer algumas concessões no poder como forma de se sustentar na presidência. O questionamento a Vargas fez com que a censura se enfraquecesse, assim como o Departamento de Imprensa e Propaganda. Isso levou à extinção do DIP, em 25 de maio de 1945, por meio do Decreto-Lei nº 7.582.

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