O modernismo
A revolução estética ocorrida no Brasil com o movimento modernista deve ser compreendida no contexto da expansão da economia cafeeira, da industrialização e da urbanização no país. Com a riqueza gerada pelo café, surgiu uma nova elite social, política e econômica, que desejava também conquistar a hegemonia no campo das ideias e da cultura.
Essa burguesia, essencialmente urbana, rivalizava com a antiga elite do país, que só se interessava pela cultura europeia tradicional: das peças francesas, da poesia parnasiana ou das óperas italianas. Essa cultura das elites estava apartada do samba, da capoeira, das tradições indígenas e de outras expressões populares da época.
Culturalmente, a antiga elite se interessava pela cultura europeia tradicional
Foi nesse contexto que, no início da década de 1920, o modernismo surgiu no Brasil. Os artistas e intelectuais desse movimento queriam criar uma nova cultura nacional, conectada com as grandes transformações da civilização industrial. Para isso, eles pretendiam unir as vanguardas artísticas europeias, especialmente o expressionismo e o cubismo, com manifestações da cultura popular (de origem africana e indígena), desprezadas pelas elites brasileiras desde o período colonial.
Os modernistas queriam criar uma nova cultura nacional
Os modernistas desejavam unir o pioneirismo dos artísticas europeias, principalmente o expressionismo e o cubismo, com manifestações da cultura popular (africana e indígena).
A Semana de 1922
A grande efervescência cultural do movimento modernista atingiu o seu ápice com a Semana de Arte Moderna de 1922, realizada durante os dias 13, 15 e 17 de fevereiro, no Teatro Municipal de São Paulo.
Teatro Municipal de São Paulo
A Semana de 1922, como também ficou conhecida, reuniu intelectuais, pintores como Anita Malfatti e Emiliano Di Cavalcanti, escritores como Mário de Andrade e Oswald de Andrade, o escultor Victor Brecheret e o compositor Heitor Villa-Lobos.
Emiliano Di Cavalcanti
Mário de Andrade
Oswald de Andrade
Victor Brecheret
Heitor Villa-Lobos
Tarsila do Amaral
Esses artistas que já tinham experiência no modo tradicional da produção artística se desafiaram a buscar algo diferente do que já era produzido em todo mundo.
O evento foi programado para comemorar o primeiro centenário da independência do Brasil. Porém, a intenção dos organizadores era proclamar uma segunda independência do país, dessa vez cultural e moderna. Para isso, eles propunham a ruptura das manifestações artísticas brasileiras com o tradicionalismo, procurando valorizar em suas obras as raízes brasileiras.
Tarsila do Amaral (1886-1973) é considerada uma das maiores pintoras brasileiras. É de autoria dela, por exemplo, o famoso quadro Abaporu, uma das obras mais importantes da nossa cultura.
As inovações artísticas apresentadas durante a semana, porém, não agradaram ao público, que protestou. As vaias e o choque provocado pelas apresentações expressavam o impacto criado por uma estética mais ousada, que dava as costas para a arte acadêmica e convencional.
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