domingo, 22 de janeiro de 2023

Modernismo e a Semana de Arte Moderna de 1922

 O modernismo


Modernismo é um estilo de época que caracterizou a maioria das obras literárias do século XX. Ele é marcado pela experimentação e oposição à arte acadêmica. No Brasil, teve início em 1922, com a Semana de Arte Moderna.

A revolução estética ocorrida no Brasil com o movimento modernista deve ser compreendida no contexto da expansão da economia cafeeira, da industrialização e da urbanização no país. Com a riqueza gerada pelo café, surgiu uma nova elite social, política e econômica, que desejava também conquistar a hegemonia no campo das ideias e da cultura. 


O lucro da economia cafeeira proporcionou a industrialização e a urbanização do país. Essa nova elite não se contentou apenas com o aumento do poder econômico, desejava mais poderes políticos (Proclamação da República), social e o controle cultural.


Cultura é um termo com sentido amplo que pode indicar tanto a produção artística quanto o modo de vida, o conjunto de saberes, a religião e outras expressões de um povo.

Essa burguesia, essencialmente urbana, rivalizava com a antiga elite do país, que só se interessava pela cultura europeia tradicional: das peças francesas, da poesia parnasiana ou das óperas italianas. Essa cultura das elites estava apartada do samba, da capoeira, das tradições indígenas e de outras expressões populares da época. 


Culturalmente, a antiga elite 
se interessava pela cultura europeia tradicional

Foi nesse contexto que, no início da década de 1920, o modernismo surgiu no Brasil. Os artistas e intelectuais desse movimento queriam criar uma nova cultura nacional, conectada com as grandes transformações da civilização industrial. Para isso, eles pretendiam unir as vanguardas artísticas europeias, especialmente o expressionismo e o cubismo, com manifestações da cultura popular (de origem africana e indígena), desprezadas pelas elites brasileiras desde o período colonial. 


Os modernistas queriam criar uma nova cultura nacional


Os modernistas desejavam unir o pioneirismo dos artísticas europeias, principalmente o expressionismo e o cubismo, com manifestações da cultura popular (africana e indígena).

Operários, 1933 – Tarsila do Amaral

A Semana de 1922 


O Clube dos 5, não coincidentemente composto por autores de diversas modalidades da arte nacional, são eles: Anitta Malfatti, Tarsila do Amaral, Mário de Andrade e Oswald de Andrade.

A grande efervescência cultural do movimento modernista atingiu o seu ápice com a Semana de Arte Moderna de 1922, realizada durante os dias 13, 15 e 17 de fevereiro, no Teatro Municipal de São Paulo


Teatro Municipal de São Paulo

A Semana de 1922, como também ficou conhecida, reuniu intelectuais, pintores como Anita Malfatti e Emiliano Di Cavalcanti, escritores como Mário de Andrade e Oswald de Andrade, o escultor Victor Brecheret e o compositor Heitor Villa-Lobos. 


Anita Malfatti


Emiliano Di Cavalcanti


Mário de Andrade


Oswald de Andrade


Victor Brecheret


Heitor Villa-Lobos


Tarsila do Amaral

Esses artistas que já tinham experiência no modo tradicional da produção artística se desafiaram a buscar algo diferente do que já era produzido em todo mundo.

O evento foi programado para comemorar o primeiro centenário da independência do Brasil. Porém, a intenção dos organizadores era proclamar uma segunda independência do país, dessa vez cultural e moderna. Para isso, eles propunham a ruptura das manifestações artísticas brasileiras com o tradicionalismo, procurando valorizar em suas obras as raízes brasileiras. 


Tarsila do Amaral (1886-1973) é considerada uma das maiores pintoras brasileiras. É de autoria dela, por exemplo, o famoso quadro Abaporu, uma das obras mais importantes da nossa cultura.

As inovações artísticas apresentadas durante a semana, porém, não agradaram ao público, que protestou. As vaias e o choque provocado pelas apresentações expressavam o impacto criado por uma estética mais ousada, que dava as costas para a arte acadêmica e convencional.

Capa do catálogo da exposição da Semana de Arte Moderna, com pintura de Di Cavalcanti, 1922.

Como disse o também modernista Di Cavalcante:

"seria uma semana de escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulista”.

O modernismo rompeu de vez uma dominação cultural e eurocentrismo que atravessou gerações impondo um conceito de belo que não satisfazia as particularidades de cada povo.

A revolução estética ocorrida graças ao modernismo proporcionou mais pluralidade, diversidade e realidade a arte de todos os povos influenciados pela busca às suas próprias identidades culturais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Revisão (Estudos Orientados) Prova de História 2° ano 2 ° Trimestre 2025

Revisão para a Prova História(2° tri. 2025) sobre a Era Napoleônica 0. O que foi o Golpe do 18 Brumário? Por que ele marca o iní...