As reformas urbanas
O crescimento desordenado de algumas cidades brasileiras era especialmente notado na cidade do Rio de Janeiro, a capital da república. Em 1902, Rodrigues Alves assumiu a presidência da república com a proposta de reformá-la e modernizá-la a partir de seu porto. Para isso, nomeou o engenheiro Francisco Pereira Passos prefeito do Distrito Federal.
Pereira Passos, em parceria com o governo federal, colocou em ação seu plano popularmente conhecido como “bota-abaixo”. O projeto previa a demolição de prédios, a abertura de avenidas, o prolongamento de ruas, a reforma do calçamento, a arborização e a construção de jardins nas praças. Essa grande reforma atingiu principalmente a população pobre que morava e trabalhava no centro ou em suas redondezas.
Mas não foi só o Rio de Janeiro que passou por uma remodelação urbana. Paralelamente, São Paulo, com os recursos gerados pela economia cafeeira, também se reurbanizou. A cidade se dividiu em bairros nobres, na parte alta, e em bairros operários, localizados na várzea dos rios onde estavam sujeitos a enchentes.
O modelo de reurbanização do Rio de Janeiro e de São Paulo foi, em geral, seguido pelas demais capitais brasileiras da época. Dessa forma, a população pobre foi expulsa das áreas centrais e nobres das cidades e empurrada para as áreas periféricas, onde os serviços públicos praticamente não existiam. As reformas urbanas do período, portanto, evidenciaram e agravaram os contrastes sociais do Brasil.
Vista do cruzamento da Rua Bahia com a Rua Goiás, em Belo Horizonte (MG), 1910. Inaugurada em 1897, a cidade teve, em sua construção, forte influência das reformas urbanísticas promovidas nas principais cidades europeias.
A Revolta da Vacina
A política de remodelamento do Rio de Janeiro se somou à realização de campanhas pela higienização da cidade e erradicação da febre amarela, da varíola e da peste bubônica.
Incumbido dessa tarefa, em 1903 o médico sanitarista Oswaldo Cruz, diretor-geral de Saúde Pública, criou brigadas sanitárias para eliminar os vetores dessas doenças: o mosquito, no caso da febre amarela, e o rato, no caso da peste. Essas brigadas tinham permissão para entrar nos domicílios pobres com mata-mosquitos e raticidas e para interditar as casas consideradas insalubres.
No ano seguinte, após intensos debates, o Congresso aprovou a lei que tornava obrigatória a vacinação contra a varíola. O desconhecimento sobre os efeitos da vacina, que era uma novidade na época, a falta de orientação da população sobre essas decisões e os métodos violentos empregados pelos batalhões da Saúde Pública em parceria com a polícia fizeram explodir uma rebelião popular na cidade do Rio de Janeiro, que ficou conhecida como Revolta da Vacina.
Durante vários dias, a população enfrentou nas ruas as forças policiais e as tropas do exército e da marinha. Em 16 de novembro de 1904, após violenta repressão à revolta, a lei da vacinação obrigatória foi revogada. O movimento retrocedeu até desaparecer completamente. A revolta deixou um saldo de trinta mortos e quase mil presos, dos quais 461 foram deportados para o Acre.
Além disso, Oswaldo Cruz sofreu duras críticas da imprensa do período, que acusava o médico de ser muito radical em sua política de erradicação de doenças epidêmicas e colocava em dúvida a eficácia da vacinação. Nesse contexto, os políticos oposicionistas aproveitaram para fazer campanha contra o governo de Rodrigues Alves.
Próxima aula:
Primeira Grande Guerra Mundial (Parte 01)
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