Vargas: retorno e fim trágico
Getúlio Vargas durante campanha eleitoral em São Paulo. Foto de 1950.
“Bota o retrato do velho outra vez... bota no mesmo lugar.” Assim dizia a marchinha de comemoração do retorno de Getúlio Vargas à presidência da república. Nas eleições de 1950, Vargas derrotou o candidato apoiado por Dutra, retornando à presidência pelo voto direto e mostrando que seu prestígio político ainda era muito forte.
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O cenário do segundo governo Vargas, porém, foi marcado por uma intensa polarização política. De um lado estava o nacional-estatismo, representado por Vargas, que defendia o fortalecimento do capitalismo nacional, a criação de empresas estatais em setores estratégicos, a ampliação de leis sociais e a implementação de políticas públicas intervencionistas. Do outro, o liberal-conservadorismo, que pregava a liberalização da economia e do mercado de trabalho, a abertura do mercado nacional a investimentos estrangeiros e o alinhamento incondicional do país aos Estados Unidos.
Com auxílio da grande imprensa, a oposição se empenhou em desqualificar o governo Vargas e em mobilizar a opinião pública contra o presidente. As críticas dos opositores não envolviam apenas a administração e a política econômica estatal, mas também dirigiam-se à figura de Vargas, acusado de corrupto e violento. O jornalista Carlos Lacerda, proprietário do jornal Tribuna de Imprensa, era o principal líder oposicionista. Nas colunas do seu jornal, Lacerda fazia uma série de acusações políticas e pessoais contra Vargas.
A crise política se agravou quando, em 5 de agosto de 1954, o chefe da segurança de Vargas, Gregório Fortunato, articulou uma tentativa de assassinato de Lacerda. O jornalista conseguiu sobreviver, mas o major da aeronáutica que o acompanhava, Rubens Vaz, morreu. Após o episódio, conhecido como "atentado da rua Toneleiro", oficiais superiores e subalternos das Forças Armadas foram pressionados nos jornais a derrubar o presidente.
Carlos Lacerda baleado no atentado da rua Toneleiro.
Entre renunciar ou sofrer um golpe militar, Vargas recorreu a uma saída trágica: na noite de 24 de agosto de 1954, no Palácio do Catete, pôs fim à sua vida com um tiro no peito. Em sua carta-testamento, Vargas acusou seus inimigos internos, aliados a grupos estrangeiros, de serem os responsáveis pelas dificuldades enfrentadas pelo povo brasileiro.
Presidente Getúlio Vargas morto.
A comoção pelo suicídio de Vargas espalhou-se por todo o país. Motins populares irromperam em várias cidades, impedindo a tomada do poder pelos militares. Assim, o vice-presidente Café Filho assumiu a presidência, garantindo a realização das eleições em 1955.
JK no velório de Vargas
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