quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Governo Juscelino Kubitschek (1956 - 1961)

 Governo JK (1956 - 1961)


Juscelino Kubitschek - Presidente do Brasil entre 1956 - 1961.

Você já ouviu falar de JK? Essa é a maneira pela qual muitas pessoas se referem a Juscelino Kubitschek, mineiro que ocupou a presidência da república entre janeiro de 1956 e janeiro de 1961.


O governo de Juscelino foi marcado por uma grande euforia em razão do crescimento econômico vivido pelo Brasil. Os bons resultados deviam-se, em grande parte, aos incentivos ao setor industrial e à construção de uma nova capital. Essas e outras medidas eram parte de um ousado plano de desenvolvimento, que foi resumido no slogan de campanha de JK: fazer o Brasil progredir “cinquenta anos em cinco”.


Resumo com algumas características do governo JK.


Nesse mesmo período, o país obteve grandes conquistas no mundo do esporte: em 1958, a seleção brasileira de futebol finalmente se sagrou campeã mundial, oito anos após a derrota na final para o Uruguai, em pleno Maracanã. No tênis feminino, Maria Esther Bueno tornou-se a melhor do mundo em 1959, depois de vencer os torneios de Wimbledon, no Reino Unido, e o Aberto dos Estados Unidos.


Na música, o destaque foi o surgimento da bossa nova. Esse novo ritmo musical, derivado do samba e com forte influência do jazz, teve grande projeção internacional. João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Baden Powell encantaram o mundo com músicas como Chega de saudade e Garota de Ipanema, que foram, e ainda são, regravadas por artistas de vários países.


O acelerado crescimento econômico, as conquistas esportivas e a repercussão da bossa nova fizeram o Brasil ganhar enorme visibilidade internacional. No plano interno, a ampliação do acesso ao consumo (devido ao aumento do emprego e renda) e o clima de otimismo foram as marcas que caracterizaram o país em seus “anos dourados”.


Jogadores da seleção brasileira de futebol comemoram a conquista da Copa do Mundo, na Suécia, em 29 de junho de 1958. Eles seguram a bandeira da Suécia em agradecimento ao apoio recebido da torcida sueca após a vitória.


A construção de Brasília


Ao assumir a presidência da república, Juscelino se comprometeu a concretizar uma ideia existente desde o século XIX: levar a administração federal para uma nova capital, que seria construída na região central do Brasil. Considerada por JK a meta-síntese de seu governo, a construção da “Novacap” representava tanto a integração das diversas regiões do território brasileiro quanto a modernização em curso no país.


Projetada pelo urbanista Lúcio Costa e pelo arquiteto Oscar Niemeyer, a cidade recebeu o nome de Brasília e foi erguida por trabalhadores de diversas partes do Brasil, principalmente do Nordeste, que ficaram conhecidos como candangos. Leia, a seguir, o depoimento de Benedito, um cearense que deixou sua cidade e mudou-se para Brasília no final dos anos 1950.


“A seca, [em] 58, não tinha, num tinha como a gente sobreviver aqui, né. Só ficou as mulher aqui, os homem foram embora tudim, ficou só as pessoas mais velha, até o papai foi [...] vendeu um terreno aqui nos angicos pra poder viajar, conseguir verba e deixar pra família cumê, né? Pra num deixar com fome [...], eu disse, pai eu vou embora [...], vou fazer o quê aqui na seca no Ceará? O ti Alfonso já foi se embora eu vou fazer o quê? Eu vou morrer de fome aqui? Aí tirei meus documentos e fui, aí no dia da viagem [...] chegou [...] mais de quinze pessoas.”


Depoimento de Benedito Teles Moreira, 2011. In: ARAÚJO, Silva de; SALES, Telma Bessa. Isso é conversa de candango: memórias acerca da construção de Brasília (1956-1960). Disponível em <http://mod.lk/2gKVW>. Acesso em 28 jan. 2020.

Caminhão leva operários para trabalhar na construção de Brasília. Foto de 1958.


Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960. O projeto urbanístico da nova capital previa a ausência de muros ou cercas entre as quadras residenciais, o que facilitaria o contato entre pessoas de diferentes classes sociais. No entanto, com o passar do tempo, a realidade mostrou-se diferente do imaginado. Nos arredores de Brasília, por exemplo, surgiram grandes áreas urbanas, popularmente chamadas cidades-satélites, onde passaram a viver os mais pobres, como os candangos.


O desenvolvimentismo de JK


As políticas de incentivo à industrialização, à urbanização e ao crescimento da produção agrícola voltada para o mercado interno produziram mudanças importantes na situação econômica do Brasil, melhorando as condições de vida de setores urbanos, mas certamente aprofundaram a discrepância entre o eixo Sul-Sudeste e o eixo Norte-Nordeste do país.


Juscelino Kubitschek direcionou sua política econômica para a integração territorial e o fortalecimento do capitalismo no Brasil por meio do desenvolvimento de um mercado interno forte e da industrialização. A proposta era construir um pacto agrário-industrial que promovesse crescimento econômico seguido de desenvolvimento social. Esse modelo ficou conhecido como nacional-desenvolvimentista.


Para viabilizar essa tarefa, JK criou o Plano de Metas, um programa de trinta objetivos a serem alcançados ao longo dos seus cinco anos de governo. Com isso, várias medidas foram tomadas para atrair investimentos estrangeiros: concessão de terrenos para a instalação de fábricas, redução de impostos, permissão para a remessa de lucros ao exterior e autorização para importar equipamentos industriais.


As medidas adotadas pelo governo estimularam a entrada de multinacionais, sobretudo do setor automobilístico, além de facilitar a criação de empresas nacionais de bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos.


Seguindo o Plano de Metas, muitos recursos do Estado também foram direcionados aos setores de energia, indústria de base, transportes, alimentação e educação, assim como à construção de Brasília. Foi criado, por exemplo, o Cruzeiro Rodoviário, um conjunto de rodovias que integravam as várias regiões do Brasil à nova capital. O governo também construiu as usinas hidrelétricas de Furnas e de Três Marias, em Minas Gerais, e ampliou o refino de petróleo.


Do ponto de vista social, pode-se dizer que o projeto de JK faliu. As discrepâncias regionais se aprofundaram, já que a industrialização se concentrou no Sudeste. A contração de empréstimos para a realização de obras como Brasília levou o país ao endividamento externo, assim como elevou a inflação. A expansão da grande propriedade rural promoveu a marginalização dos camponeses, impulsionando a migração para as cidades. Sem infraestrutura adequada, as cidades incharam e as condições de sobrevivência tornaram-se cada vez mais precárias.

https://www.youtube.com/watch?v=UNt4GXfSofA




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