sábado, 31 de dezembro de 2022

Inovações e desafios do mundo globalizado - Parte 02 - Crise econômica e xenofobia

Crise econômica e xenofobia


O ciclo neoliberal - Do Estado mínimo e enriquecimento da burguesia à crise de superprodução e colapso financeiro.

Ainda no contexto da Guerra Fria, mais precisamente a partir da segunda metade do século XX, a política liberal (fracassada com a Quebra da Bolsa de Nova Iorque e a Grande Depressão) foi ressuscitada com algumas alterações.   O Neoliberalismo é uma doutrina socioeconômica que retoma os antigos ideais do liberalismo clássico ao preconizar a mínima intervenção do Estado na economia, através de sua retirada do mercado, que, em tese, autorregular-se-ia e regularia também a ordem econômica. Sua implantação pelos governos de vários países iniciou-se na década de 1970, como principal resposta à Crise do Petróleo."


Definição de neoliberalismo

Os neoliberais não toleram, principalmente, a política do Estado de Bem-Estar social, um dos princípios básicos da social democracia e um dos instrumentos utilizados pelo Keynesianismo para combater a crise econômica iniciada em 1929 (Crash da Bolsa de NY e a Grande Depressão). Nessa política, caracteriza-se pela máxima intervenção do Estado na economia (com regras, lei e participações de empresas estatais), fortalecendo as leis trabalhistas (direitos aos trabalhadores - carteira assianada, salário mínimo, férias remuneradas, aposentadoria etc) a fim de aumentar a potencialidade do mercado consumidor, o que contribuía para o escoamento das produções fabris.


Emprego gera renda ao trabalhador empregado, renda gera consumo (trabalhadores comprando), consumo gera lucro para as empresas, lucro das empresas proporciona mais investimentos, mais investimentos  necessita mais mão de obra...

A crítica direcionada pelo neoliberalismo a esse sistema é a de que o “Estado forte” é oneroso e limita as ações comerciais, prejudicando aquilo que chamam de “liberdade econômica”. Além disso, a elevação dos salários e o consequente fortalecimento das organizações sindicais são vistos como ameaças à economia, pois podem aumentar os custos com mão de obra e elevar os índices de inflação. Dessa forma, os neoliberais defendem a máxima desregulamentação da força de trabalho (relações de trabalho sem regulamentos), com a diminuição da renda e a flexibilização do processo produtivo.


Neoliberalismo e a desregulamentação da força de trabalho - Precarização das garantias trabalhistas conquistadas com o Estado de bem-estar social.

Com o declínio da URSS, a partir da década de 1980, o neoliberalismo passou a significar a doutrina econômica que defende a absoluta liberdade de mercado e uma restrição à intervenção estatal na economia, só devendo esta ocorrer em setores imprescindíveis e, ainda assim, num grau mínimo (minarquia).


O neoliberalismo é marcado por governos que agem mais sobre orientações e cuidados pró mercado. Deixando, em muitas das vezes, os serviços públicos em segundo plano.

Crise financeira de 2007–2008 foi uma conjuntura economica global que se sentiu durante crise financeira internacional, e precipitada pela falência do tradicional banco de investimento norte-americano Lehman Brothers, fundado em 1850. Considerada por muitos economistas como a pior crise econômica desde a Grande Depressão, a crise financeira de 2008 ocorreu devido a uma bolha imobiliária nos Estados Unidos, causada pelo aumento nos valores imobiliários, que não foi acompanhado por um aumento de renda da população.


Crise financeira de 2008 - Resultado da política de arrocho salarial, especulação financeira (super valorização do imóveis) e falência do sistema de crédito. Essa crise capitalista neoliberal começou nos EUA e contaminou todos os outros paises capitalistas que possuíam qualquer ligação com o país (lembre que a Nova Ordem Mundial faz prática da globalização)

A crise econômica de 2008 afetou profundamente a Europa, sobretudo Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha. Pressionados pelos dirigentes da União Europeia (Alemanha e França) e pelo Banco Central Europeu, os governos daqueles países instituíram diversas medidas de ajuste fiscal, que geraram muitos protestos: redução dos salários e corte de benefícios, congelamento dos valores das aposentadorias, contratação de trabalhadores em regime temporário, além da demissão de funcionários públicos.


Latuff (2010) - Charge sobre a pressão da União Europeia sobre a Grécia (política de austeridade em troca de ajuda financeira).


A ajuda financeira sempre está atrelada ao corte de investimentos (gastos em serviços públicos)

Diante da crise, muitos europeus responsabilizaram os imigrantes pelas dificuldades econômicas decorrentes da crise de 2008. A partir de 2012, a intolerância com os estrangeiros aumentou mais ainda com a entrada na Europa de milhares de refugiados, vindos principalmente da Síria, do Afeganistão e da África Subsaariana. Esses estrangeiros tornaram-se alvos de ataques de grupos ultranacionalistas e neofascistas que defendem o fechamento da Europa para imigrantes e refugiados.


Charge Latuff (2008) - A xenofobia é uma prática muito defendida pela extrema direita.


Conceito de xenofobia

No cenário de incerteza criado em momentos de crise, agravado pelo sentimento de desamparo e descrença nas instituições, os europeus tornam-se menos tolerantes às culturas identificadas com os países pobres. Apesar do intenso intercâmbio cultural ocorrido na era da globalização, as várias práticas de xenofobia revelam que a tolerância é um aprendizado que ainda está por ser realizado.

O crescimento da desigualdade social


Globalização - Menos direitos e ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres.

A Pesquisa Desigualdade Mundial 2018, dirigida pelo economista francês Thomas Piketty, constatou que o aumento da riqueza de quem já tem patrimônio tem crescido em velocidade muito superior ao crescimento econômico dos países, que deve se reduzir. Em outras palavras, os ricos tendem a se tornar ainda mais ricos, e as disparidades sociais tendem a se agravar. O mesmo relatório mostrou que o 1% mais rico do Brasil detinha 28% de toda a riqueza produzida no país.


Com o neoliberalismo, os ricos ficaram mais ricos e os pobres ficaram cada vez mais pobres... Será que é por isso que a elite defende esse sistema econômico?

A mesma tendência de concentração de renda foi confirmada pelo Relatório Global de Riqueza 2017, produzido pelo Credit Suisse. Segundo ele, a riqueza mundial atingiu, em meados de 2017, o maior nível da história: 280 trilhões de dólares. No entanto, 45,9% dessa riqueza (128,7 trilhões) está concentrada nas mãos de apenas 0,7% da população, enquanto 2,7% dela (7,6 trilhões) está distribuída entre 70,1% da população. Diante desse quadro, concluímos que diminuir a desigualdade social no mundo é um dos maiores desafios do século XXI.


Vista aérea da favela de Paraisópolis e de um condomínio de luxo vizinho, em São Paulo (SP). Foto de 2017.

Por uma outra globalização


Rui Barbosa - Frase para reflexão

Diante dos efeitos sociais e ambientais do capitalismo globalizado, diversos movimentos antiglobalização surgiram no mundo a partir do final da década de 1980. Eles podem ser compreendidos como uma rede de movimentos que de alguma maneira se articulam contra o modelo de globalização atualmente imposto, que julgam nocivo para o bem-estar da maior parte da população.


Ato contra a Nova Ordem Mundial, o imperialismo estadunidense e a globalização imposta pelas grandes nações econômicas e seus blocos.

Nesse contexto, grupos ambientalistas cresceram e ganharam visibilidade, conscientizando as pessoas sobre os impactos da produção e do consumo em larga escala para o meio ambiente e reivindicando a adoção de medidas por parte dos Estados para combatê-los. Em 1994, destacou-se também o movimento zapatista, no México, no qual indígenas se sublevaram contra as políticas neoliberais do país, sobretudo o Nafta, um acordo de livre comércio entre Estados Unidos, Canadá e México.


Movimento zapatista

A partir do final da década de 1990, movimentos anticapitalistas se uniram na Ação Global dos Povos (AGP), grupo que se articulou contra as políticas do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Organização Mundial do Comércio (OMC). O Fórum Social Mundial (FSM), realizado pela primeira vez em Porto Alegre, em 2001, também se consolidou como um espaço de organização dos movimentos sociais e tem sido realizado anualmente em diferentes países. 


Manifestação do Occupy Wall Street em Manhattan, Nova York, 2011. O movimento, que nasceu em Nova York e se espalhou pelos Estados Unidos, protestou contra a avareza do setor financeiro e a corrupção, culpando-as pela desigualdade social e econômica no mundo.

O Fórum Social Mundial (FMS) é um encontro anual internacional articulado por movimentos sociais, ONGs e pela comunidade civil para discutir e lutar contra o neoliberalismo, o imperialismo e, sobretudo, contra desigualdades sociais provocadas pela Globalização.


Fórum Social Mundial (FMS)

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