quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Guerra Fria - A configuração geopolítica no mundo bipolar e as origens do conflito

Guerra Fria - A configuração geopolítica no mundo bipolar e as origens do conflito.

As origens do conflito

A Segunda Guerra Mundial destruiu definitivamente a ordem internacional existente no início do século XX, marcada pela hegemonia da Grã-Bretanha, França, Alemanha, Império Austro-Húngaro e Rússia. As antigas potências europeias caíram e, em seu lugar, o mundo assistiu à afirmação do poderio dos Estados Unidos e da União Soviética.

Em 1945, os principais líderes aliados reunidos nas conferências de Ialta (fevereiro) e Potsdam (julho-agosto) definiram a partilha do mundo em áreas de influência dos Estados Unidos e da União Soviética. Eles também estabeleceram a divisão da Alemanha e de sua capital, Berlim, em quatro zonas internacionais: francesa, britânica, soviética e estadunidense.

A aliança circunstancial que aproximou Estados Unidos e União Soviética durante a Segunda Guerra se desfez e se transformou em disputa aberta após 1945, período que ficou conhecido como Guerra Fria. O conflito recebeu esse nome porque a tensão entre essas superpotências nunca se concretizou em um enfrentamento direto entre elas.


EUA (capitalismo) e URSS (comunismo) disputa por áreas de influências.

A Guerra Fria foi um conflito político-ideológico que foi travado entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS), entre 1947 e 1991. O conflito travado entre esses dois países foi responsável por polarizar o mundo em dois grandes blocos, um alinhado ao capitalismo e outro alinhado ao comunismo.


Hum, hum, pelo menos nós dois gostamos da mesma comida, charge de 1959 que satiriza a divisão do mundo entre comunistas (representados pelo soviético Nikita Kruschev) e capitalistas (simbolizados pelo vice-presidente estadunidense Richard Nixon).

A ofensiva dos Estados Unidos


Fonte: VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e Brasil. São Paulo: Scipione, 2011. p. 149.

Crédito: CATHERINE ABUD SCOTTON

Os Estados Unidos saíram da Segunda Guerra fortalecidos: suas perdas humanas foram bem menores que as dos países europeus, sua economia cresceu e o país tinha o monopólio das armas nucleares. Esse cenário favorável ajudou o governo estadunidense a se voltar contra a União Soviética.

Em 1947, o então presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, fez um pronunciamento no Congresso em que se comprometia a auxiliar qualquer país na contenção do avanço comunista, lançando as bases da Doutrina Truman. No mesmo ano, o governo pôs em prática o Plano Marshall, por meio do qual os Estados Unidos concediam empréstimos a juros baixos aos países europeus ocidentais para auxiliá-los a reconstruir suas economias, devastadas pela guerra.


Doutrina Truman


Plano Marshall

A ofensiva seguinte foi a criação, em 1949, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que reunia os países da Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Canadá em uma aliança militar permanente. O objetivo da organização era assegurar a defesa de seus membros contra a ameaça do avanço soviético.


OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte

A contraofensiva soviética

A União Soviética havia cumprido um papel decisivo na derrota nazista e chegou ao final do conflito devastada pelos combates travados contra os alemães na Frente Oriental. Em um primeiro momento, portanto, ela precisou dedicar prioridade absoluta à sua reconstrução.

Temendo que a aceitação dos recursos do Plano Marshall ameaçasse seus interesses na Europa Oriental, a União Soviética pressionou as democracias populares da região a recusarem a ajuda estadunidense. Assim, como uma resposta ao avanço capitalista, foi criado, em setembro de 1947, o Comitê de Informação dos Partidos Comunistas e Operários (Cominform), com a finalidade de coordenar e controlar ideologicamente as ações dos Partidos Comunistas da Europa Oriental.


Comitê de Informação dos Partidos Comunistas e Operários (Cominform)

Por meio do Cominform, os soviéticos finalmente ocupavam o seu posto, na ponta oposta à dos Estados Unidos, no mundo bipolarizado da Guerra Fria. Por isso, em razão da sucessão desses eventos — Doutrina Truman, Plano Marshall e Cominform —, muitos estudiosos tendem a definir 1947 como o marco inicial do conflito.

Em janeiro de 1949, a União Soviética criou o Conselho de Assistência Econômica Mútua (Comecon) como uma resposta ao Plano Marshall. O Conselho tinha por objetivo integrar as economias do bloco socialista, criando bases para um mercado comum entre as economias planificadas da Europa.


Conselho de Assistência Econômica Mútua (Comecon)

Em agosto de 1949, Stalin anunciava que os soviéticos também possuíam a arma nuclear. Em 1955, como resposta à criação da Otan, a União Soviética e os países da Europa Oriental formaram o Pacto de Varsóvia, a aliança militar do bloco soviético.


Pacto de Varsóvia (Vermelho)

Entre 1933 e 1945, os Estados Unidos investiram na ampliação de seu poder na América Latina. Assista ao vídeo que analisa os aspectos da política de boa vizinhança estadunidense.

https://www.youtube.com/watch?v=nIl-Q7J9uuY

https://www.youtube.com/watch?v=9zWQo0pvRAY

Guerra Fria - Mapa mental

O caso da Alemanha e de Berlim

Em junho de 1948, Estados Unidos, Grã-Bretanha e França anunciaram o desejo de reforçar a integração alemã à Europa Ocidental e unificaram as três zonas de ocupação em uma zona econômica única. O mesmo aconteceu com os três setores de Berlim, originando Berlim Ocidental.


Alemanha após a Segunda Grande Guerra Mundial

A União Soviética, temendo a ameaça de uma Berlim capitalista e unificada na zona de ocupação soviética, decretou o bloqueio de Berlim Ocidental. Porém, sem obter sucesso nessa ação, em maio de 1949 decidiu suspendê-lo.

Em setembro de 1949foi criada a República Federal da Alemanha (RFA), que reuniu as zonas de ocupação estadunidense, britânica e francesa e com capital em Bonn. No mês seguinte, foi fundada a República Democrática Alemã (RDA), no lado soviético e com capital em Berlim Oriental.


República Federal da Alemanha (RFA) e República Democrática Alemã (RDA)

Na década de 1950, Berlim Ocidental passava por um processo de crescimento econômico, possibilitado pelos recursos recebidos por meio do Plano Marshall. A parte oriental da cidade, no entanto, não recebia a mesma ajuda financeira da União Soviética, sobrecarregada, no período, pelos custos de reconstrução do país. Dessa forma, muitos habitantes da parte leste de Berlim emigravam para a parte ocidental da cidade.

Em agosto de 1961, visando conter esse afluxo de pessoas, o governo da Alemanha Oriental construiu o Muro de Berlim, separando fisicamente as duas partes da cidade. A estrutura era composta de barreiras de concreto de cerca de 155 quilômetros de extensão e mais de trezentas torres de controle. Chamado por muitos de “muro da vergonha”, ele foi um símbolo da divisão do mundo em dois blocos: capitalista e socialista.


Muro de Berlim

O anticomunismo nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, a campanha anticomunista se intensificou na década de 1950, como é possível notar neste trecho do discurso do senador Joseph McCarthy.

“A razão pela qual nós nos encontramos em uma posição de impotência não é porque o nosso único inimigo poderoso potencial enviou homens para invadir nossas costas, mas sim por causa das ações traidoras daqueles que foram muito bem tratados por esta nação. […] Isso é uma verdade evidente no Departamento de Estado. [...] Em minha opinião, o Departamento de Estado, que é um dos departamentos governamentais mais importantes, está completamente infestado de comunistas.”

Discurso do senador Joseph McCarthy em Wheeling, Virgínia Ocidental [20 fev. 1950]. Disponível em <http://mod.lk/pyjyp>. Acesso em 12 fev. 2020. (tradução nossa)

Nos anos de 1953 e 1954, McCarthy presidiu o Comitê de Atividades Antiamericanas do Congresso, período em que conduziu um verdadeiro processo de “caça às bruxas” que ficou conhecido como macarthismo. Cidadãos eram perseguidos por suspeita de serem socialistas, comunistas ou mesmo liberais críticos à política estadunidense. Muitos foram presos, demitidos do emprego, proibidos de trabalhar, além de passarem por interrogatórios, os quais costumavam ser transmitidos pela televisão para todo o país.


Manifestação contra a prisão do roteirista estadunidense Dalton Trumbo (segundo homem à esquerda, à frente). Foto de 1950. Ao se negar a depor na comissão presidida por Joseph McCarthy e delatar os colegas, Trumbo foi condenado a um ano de prisão. Ele e outros nove profissionais da indústria cinematográfica dos Estados Unidos foram integrados à “lista negra” de Hollywood.

Os gulags e a perseguição política soviética

Gulag é a sigla para a expressão russa Glavnoie Upravlenie Laguerei (Administração Geral dos Campos). Os gulags foram criados pelo Império Russo no processo de ocupação da Sibéria, no século XVII. Funcionavam como campos de detenção e de trabalho forçado de criminosos comuns e de opositores do governo czarista.

Após a Revolução Russa e a instalação da ditadura stalinista, esses campos foram mantidos e utilizados como estratégia de controle e repressão política. Neles, os presos estavam sujeitos a longas jornadas de trabalho em minas e indústrias. O trabalho forçado, a tortura, a insalubridade, o frio e a fome levaram muitos prisioneiros à morte. Estima-se que, durante o governo de Stalin (1927-1953), dos 10 milhões de prisioneiros levados aos gulags, cerca de 2 milhões morreram.


Quadro exercícios 01 - Contexto após a Segunda Guerra, definição Guerra Fria, ações anticomunista, ações anticapitalista, características e a Alemanha após 1945.

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