O breve governo de Jânio
Apesar do clima de otimismo no Brasil, o governo JK foi muito criticado. Os gastos para sustentar o crescimento resultaram no aumento da dívida externa e da inflação no país. Além disso, várias denúncias de corrupção recaíram sobre o governo, principalmente envolvendo a construção de Brasília.
O elevado endividamento externo foi o principal legado econômico do governo de JK ao seu sucessor. Na tentativa de controlar a inflação e a dívida, Jânio Quadros adotou uma política econômica de controle dos gastos públicos e negociação da dívida externa. Além disso, abandonou a prática de imprimir dinheiro para saldar os débitos, pois isso desvalorizava a moeda e elevava a inflação.
Foi explorando essas dificuldades do governo JK que o ex-governador de São Paulo, Jânio Quadros, conseguiu ser eleito presidente da república. Durante sua campanha, Jânio se apresentou como um político que governava para o povo, sem compromissos partidários. Utilizando uma vassoura como símbolo de campanha, ele prometeu “varrer” a corrupção do Brasil e acabar com a dívida externa.
Ao assumir o cargo, em janeiro de 1961, Jânio tomou medidas polêmicas. No plano interno, por exemplo, proibiu o uso de biquínis nas praias e de maiôs cavados nos desfiles em concursos de miss. Já no plano externo, visando demonstrar independência em relação aos Estados Unidos, o presidente condecorou o então ministro da Indústria e Comércio de Cuba, Ernesto “Che” Guevara, com a Ordem do Cruzeiro do Sul, restabeleceu relações diplomáticas com a União Soviética e abriu relações comerciais com a China.
Com essas medidas, Jânio desagradou militares e lideranças políticas que apoiavam o seu governo, isolando-se politicamente. Em 25 de agosto, ele renunciou ao mandato, alegando que “forças ocultas” o impediam de governar. Ao contrário do que talvez Jânio esperasse, o Congresso Nacional aceitou o pedido de renúncia e a população não se manifestou.
Charge de Théo satirizando o governo de Jânio Quadros, publicada na revista Careta, em janeiro de 1960.
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