terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Antigos habitantes do Brasil (Povo de Lagoa Santa, Luzia e Samabaquis)

Os antigos habitantes do Brasil 

Os ambiente do Brasil pré-histórico



A pré-história brasileira, também conhecida como período pré-cabralino, refere-se à história do Brasil antes da chegada do navegador português Pedro Álvares Cabral em 1500. Este período é dividido em duas eras geológicas principais:


Pleistoceno: Início do povoamento do continente, há pelo menos 12 mil anos ou mais.


Holoceno: De 12 mil anos atrás até a chegada dos colonizadores europeus.


Os primeiros habitantes do Brasil são geralmente divididos em três grupos principais:


Caçadores-coletores:

Viveram em quase todo o território nacional entre 50 mil e 2,5 mil anos atrás. Usavam ferramentas de pedra e se alimentavam de caça, peixes, moluscos e frutos.


Povos agricultores:

Desenvolveram a agricultura e viveram em aldeias.


Povos do litoral:

Conhecidos como povos sambaquis, sobreviviam da pesca e são detectados principalmente no Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo.


A principal fonte de estudo para este período é a arqueologia, que analisa vestígios materiais como fósseis e pinturas rupestres. Um exemplo notável são as pinturas rupestres na Serra da Capivara, no Piauí, que retratam o cotidiano, a guerra, a dança e a caça desses povos antigos.


Existem muitas discussões sobre o início do povoamento do território brasileiro. Até o momento, é aceito pelos cientistas que, há pelo menos 12 mil anos, o território que hoje corresponde ao Brasil era ocupado por pequenos grupos de caçadores e coletores que descendiam de populações que chegaram à América pelo noroeste do continente.


O ambiente encontrado pelos primeiros "brasileiros" era muito diferente do atual: as áreas florestais eram reduzidas, predominava uma vegetação rasteira e o clima era mais seco e frio. Os grupos humanos dividiam o território com preguiças-gigantes, tigres-dentes-de-sabre e gliptodontes, animais da megafauna americana que desapareceram com o fim da era glacial.


Além disso, os primitivos habitantes do Brasil viviam principalmente em habitações a céu aberto ou em abrigos sob rochas e, às vezes, em cavernas. Nos paredões rochosos, costumavam pintar cenas da vida cotidiana e figuras de animais e de pessoas.


A confecção de artefatos de pedra e de anzóis feitos de ossos, além da descoberta de conchas perfuradas, indica que tais povos praticavam a caça, a pesca e a coleta.


Os mais antigos vestígios de agricultura no Brasil datam de aproximadamente 7 mil anos e foram encontrados na região amazônica. Os agricultores do Brasil pré-histórico plantavam milho, algodão e feijão, mas a mandioca era o principal cultivo.


Os povos de Lagoa Santa


No século XX, escavações nas grutas de Lagoa Santa, em Minas Gerais, levaram à descoberta de um crânio feminino de aproximadamente 11.500 anos. Ao examiná-lo, na década de 1990, o pesquisador Walter Neves o nomeou de Luzia. A partir da análise morfológica do crânio foi feita uma reconstituição científica do rosto de Luzia, que revelou traços muito parecidos com os dos atuais africanos e aborígenes australianos.


Como vimos anteriormente, alguns pesquisadores con-cluíram, a partir desses estudos, que teria ocorrido duas levas migratórias diferentes da Ásia em direção à América, ambas pelo Estreito de Bering: uma, mais antiga, de origem não mongoloide, a qual pertenceria Luzia, e outra, mais recente, de origem mongoloide. Esses últimos povoadores seriam os ancestrais dos indígenas americanos.


Novas análises, novas teorias


Contestando a tese de Walter Neves, novas andises

que extraíram o DNA de alguns dos esqueletos humanos mais antigos encontrados na América, como os de Lagoa Santa, apontam que os americanos descendem de um único grupo ancestral.


Divulgados em 2018, os resultados das análises de DNA mostraram que algumas ossadas de Lagoa Santa, por exemplo, têm um código genético relacionado ao da cultura Clovis. Nessa perspectiva, o povo de Luzia nao poderia ter traços africanos nem de aborígenes australia-nos, mas sim feições mongoloides. Portanto, ele poderia ser ancestral dos indígenas que habitam o Brasil atual.


Baseado nesses dados, o estudo levantou a hipótese de que apenas um único grupo migrou pelo Estreito de Bering da Ásia para a America do Norte, onde se dividiu em duas linhagens. Observe detalhes dessa teoria no mapa desta página.



A riqueza arqueológica da Serra da Capivara


O Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, é uma unidade de conservação ambiental do Brasil e patrimônio da humanidade. Na década de 1970, escavações em um de seus sítios arqueológicos, o Boqueirão da Pedra Furada, em São Raimundo Nonato, levaram à descoberta de centenas de artefatos de pedra lascada e pedaços de carvão vegetal. O sítio é um abrigo de paredes rochosas cobertas por mais de mil pinturas e grafismos rupestres.


Os objetos ali encontrados, segundo a arqueóloga Niède Guidon, teriam sido produzidos por grupos humanos há mais de 30 mil anos. Para muitos estudiosos, porém, os objetos de pedra e os pedaços de carvão podem ser resultados do esfacelamento das rochas ou de incêndios florestais. Assim, eles contestam que o território fosse habitado pelo ser humano em um período tão remoto.


Os povos dos sambaquis


Com o degelo, muitos povos americanos se instalaram perto de rios, lagos e mares à procura de alimentos aquáticos. Nesses locais, foram encontrados grandes montes formados do acúmulo de restos orgânicos e de conchas. Essas elevações foram chamadas de sambaquis.


Muitos sambaquis foram encontrados no Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Neles foram achados artefatos, restos de fogueira, adornos e ossos humanos e de animais. Alguns desses montes chegam a atingir 30 metros de altura e

400 metros de comprimento.


É possível que o sambaqui fosse um local preparado para enterrar os mortos e depositar oferendas. Isso explicaria os esqueletos humanos descobertos nesses locais, cada um deles protegido por uma cerca, como se fosse um ritual funerário.


Porém, como em vários sambaquis não foram encontrados sinais de sepulturas, é possível também que esses montes servissem de plataformas sobre as quais se construíam moradias. Ou seja, há várias hipóteses, mas nenhuma certeza.






Próxima aula

Transformações na paisagem amazônica.






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