quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

História e o historiador

A História e o historiador


História é a ciência que acompanha os acontecimentos do passado feitos pelos seres humanos, e o trabalho do historiador deve ser realizado de modo crítico, por meio de um suporte teórico e metodológico. A História ocupa-se dos acontecimentos passados e da ação humana no tempo e no espaço.



O historiador tem a função de analisar criticamente os acontecimentos do passado. Com seu trabalho, é possível compreender melhor as civilizações, dos tempos antigos à atualidade. O historiador também tem a importante função de resgatar e preservar a memória dos povos. “Um povo sem memória é um povo sem história.












O que é história? Como o historiador a investiga?


Como a história é escrita?

Na história em quadrinhos apresentada há um breve resumo do trabalho dos historiadores. Como “detetives do passado”, esses profissionais investigam informações sobre acontecimentos históricos e elaboram narrativas para explicar o passado e, sobretudo, o presente. Vamos descobrir um pouco mais sobre o assunto e entender sua importância?


A história já foi escrita e vista de diversas formas. Na Grécia antiga, por exemplo, Heródoto de Halicarnasso (cerca de 485-420 a.C.), conhecido como o “pai da história”, acreditava que a verdadeira história deveria narrar as guerras do presente. No futuro, segundo ele, essa narrativa seria lida como testemunho do passado. 


No século XIX (1801-1900), os historiadores defendiam a existência de uma verdade absoluta sobre o passado. Por exemplo, ao escrever sobre o processo de independência do Brasil, o historiador deveria narrar os acontecimentos tal como eles de fato ocorreram. Em outras palavras, a narrativa histórica deveria ser capaz de reproduzir o passado.


Hoje, os historiadores defendem a ideia de que a história não é um retrato do passado, mas uma interpretação sobre ele. Para alguns historiadores e o governo dos Estados Unidos, por exemplo, a bomba atômica foi lançada sobre o Japão, em agosto de 1945, porque não havia outra maneira de terminar a guerra rapidamente, e uma invasão terrestre no país causaria muito mais mortes. Outros historiadores, em contrapartida, afirmam que o Japão estava prestes a se render e a bomba foi lançada com o objetivo de afirmar o poderio dos Estados Unidos no mundo. 


É importante destacar que nem toda interpretação sobre o passado pode ser aceita, pois a história não é um relato ficcional. Ao investigar a abolição da escravidão, por exemplo, os historiadores examinam leis, jornais, depoimentos, estatísticas e outros documentos da época que podem servir de base para pesquisa. Eles cruzam essas informações e verificam se elas são confiáveis para escrever uma narrativa consistente sobre esse acontecimento. 


Em síntese, a história não é um retrato do passado nem um romance sobre ele. Por meio das pistas examinadas durante a pesquisa, podemos nos aproximar do passado, mas nunca reproduzi-lo.



Acima, imagem da explosão da bomba atômica sobre a cidade japonesa de Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, no final da Segunda Guerra Mundial. Ao lado, homem diante do Museu da Ciência e Tecnologia de Hiroshima, única construção que ficou em pé na cidade depois da explosão.


As fontes da pesquisa histórica 

O historiador, diferentemente de um romancista, elabora uma interpretação dos fatos históricos com base na análise de documentos. Sem esses documentos, a versão defendida por ele não tem validade diante da comunidade científica. Chamamos de documentos ou de fontes históricas todas as pistas relacionadas ao passado que o historiador decidiu estudar. Elas podem ser fontes históricas materiais ou fontes históricas imateriais.


As fontes históricas materiais são visíveis e fáceis de reconhecer: centros históricos com construções antigas, documentos preservados em arquivos, cartórios e paróquias, museus de arte com pinturas de diferentes épocas históricas, objetos antigos ou relíquias preservadas, fotografias de antepassados, acervos de bibliotecas e até mesmo carros velhos.


Mais difíceis de identificar porque não podem ser vistas ou tocadas, as fontes imateriais são abundantes e diversas: valores e normas de comportamento, crenças, línguas, festas tradicionais, modos de fazer um artesanato, preconceitos, noções de justiça, padrões estéticos e até mesmo concepções de vida e morte ou hábitos, como o de poupar dinheiro para o futuro.


Outros exemplos desse tipo de fonte são os relatos orais. Por meio deles, é possível registrar a memória de um indivíduo sobre acontecimentos do passado. Porém, como toda fonte histórica, a memória não pode ser considerada a verdade sobre os fatos. A memória é seletiva e, muitas vezes, as pessoas se esquecem de fatos, omitem ou fantasiam suas lembranças. 


Contudo, nas sociedades ágrafas*, principalmente, a memória das pessoas é uma valiosa fonte de informação para o historiador. Comparando os depoimentos com objetos e práticas que observou, o historiador pode produzir uma interpretação histórica de determinada sociedade.


Ágrafo: termo usado para designar cultura, povo ou língua sem registro escrito.



Indígena da etnia Aparai-Wayana fazendo cesto com fibra de cipó, na aldeia Bona (Apalai), localizada nas Terras Indígenas Parque do Tumucumaque (AP). Foto de 2015. O modo de fazer cestos com fibra de cipó da etnia Aparai-Wayana é transmitido de geração a geração, sendo, dessa forma, uma fonte histórica imaterial. Já o cesto produzido é uma fonte histórica material.


História: um conhecimento interdisciplinar

Para estudar acontecimentos do passado, o historiador não atua só. Ele também depende do trabalho minucioso de outros profissionais; por isso, a história é um campo de conhecimento interdisciplinar*. Vamos entender melhor o que isso significa.


Interdisciplinar: trabalho que integra profissionais de diferentes disciplinas ou áreas do conhecimento, os quais atuam de forma interdependente para resolver um problema comum.


Como vimos, os seres humanos deixam vestígios de sua presença na Terra. Muitos desses vestígios, porém, são de épocas remotas e estão soterrados em locais que foram habitados há milhares de anos por grupos humanos. Para ter acesso a objetos escondidos pelo tempo, o historiador necessita do trabalho do arqueólogo. Ele é o pesquisador que busca essas fontes da cultura material e as estuda.


Geralmente, o trabalho do arqueólogo começa com a demarcação do sítio arqueológico e sua escavação para descobrir vestígios de ocupação humana. O passo seguinte é o estudo dos objetos encontrados: de que materiais foram feitos? Quais técnicas foram empregadas na sua fabricação? De quando datam esses vestígios? Para que serviam? Por exemplo, a presença de ossos de animais próximo a pontas de flecha pode indicar que esses objetos foram usados por um grupo de caçadores; a presença de ossos humanos pode significar que o local era usado para enterrar os mortos; e assim por diante.



Arqueólogos escavando o sítio Bonin, em busca de pistas sobre o povo Jê, no município de Urubici (SC). Foto de 2016.


Para obter essas informações, os arqueólogos recorrem a outros estudiosos. Pesquisadores de outras ciências ajudam a identificar os materiais utilizados na fabricação dos artefatos, as condições naturais da região e como era a vida das espécies que habitavam o local. O estudo dos ossos de animais e de humanos encontrados, por exemplo, é feito por zoólogos e antropólogos. O exame que indica a idade aproximada de um material é feito por cientistas em laboratórios de física e de química


Com as análises desses profissionais, o historiador consegue obter mais informações para embasar e construir uma narrativa sobre o passado. Por isso, o conhecimento histórico se constrói com o auxílio de outras ciências. 


Próxima aula

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