sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Inglaterra na liderança da economia europeia (inovações na agricultura e os ingleses no tráfico negreiro)

 A Inglaterra na liderança da economia mundial


O poderio da Inglaterra


As viagens marítimas europeias tiveram como resultado a conquista e a colonização do continente americano e a formação de uma rede de comércio que integrou diferentes regiões do planeta em um mercado mundial. A Inglaterra foi um dos reinos europeus que mais se beneficiaram da expansão comercial ocorrida com as viagens atlânticas.


No reinado de Elizabeth I, vimos que os ingleses conquistaram possessões na América e na África, que foram essenciais para a obtenção de matérias-primas e a expansão de seu mercado consumidor. As embarcações inglesas também atuavam no tráfico atlântico de escravizados, que ligava o continente africano à América, gerando lucros significativos para os comerciantes britânicos.


A economia inglesa também foi impulsionada pelos Atos de Navegação, aprovados no governo republicano de Oliver Cromwell, lei que fortaleceu a marinha mercante do país e ajudou a fazer da Inglaterra a maior potência naval do mundo. Além disso, a burguesia consolidou seu poder na política inglesa após as revoluções do século XVII, transformando seus interesses nos principais objetivos do governo inglês: a busca do lucro e o estímulo ao desenvolvimento econômico.


Inovações agrícolas


As transformações nas áreas rurais também impulsionaram o crescimento econômico da Inglaterra. A política dos cercamentos promoveu a expulsão dos camponeses das antigas terras comunais e a migração de grande parte deles para as cidades. Com isso, surgiu nos centros urbanos um grande contingente de mão de obra disponível e barata, que seria, futuramente, usada nas nascentes fábricas inglesas. 


Além disso, os novos proprietários das terras cercadas, visando produzir para um grande mercado, promoveram a modernização da agricultura inglesa. A difusão do sistema trienal de cultivos, por exemplo, permitiu disponibilizar mais alimentos para as ovelhas. Elas forneciam o adubo natural para manter a fertilidade do solo. Outras inovações foram o confinamento do gado, que resultou no aumento de peso do animal, e a aração profunda, que deixava o solo mais bem preparado para o cultivo. 


Essas mudanças possibilitaram o aumento da produção agrícola, necessário para alimentar uma população em constante crescimento, sobretudo nas cidades. Elas também contribuíram para que a Inglaterra conquistasse o comércio mundial, impulsionasse sua primitiva indústria de algodão e promovesse a mecanização da produção têxtil.


Ingleses no tráfico negreiro


A Inglaterra teve uma ampla participação no tráfico negreiro transatlântico, tendo atuado nele tanto de maneira direta como indireta. Além de transportar africanos escravizados em embarcações britânicas, a potência explorava trabalhadores escravizados em suas colônias americanas, abastecia traficantes de outros países com produtos utilizados no escambo de cativos na África e financiava expedições escravistas.


Até 1807, quando o Parlamento britânico proibiu o tráfico negreiro, os ingleses atuaram no tráfico atlântico de escravizados por meio do sistema triangular. Nesse esquema, comerciantes britânicos trocavam na África Ocidental produtos manufaturados, principalmente tecidos de algodão, por escravos. Depois, transportavam esses escravos para as colônias britânicas na América, sobretudo a Jamaica e o sul das treze colônias, onde eram comercializados.


Depois de 1807, a participação dos ingleses no tráfico negreiro continuou de forma indireta, mas não menos lucrativa. Eles se transformaram nos principais fornecedores de artigos industrializados para o escambo de escravizados na África. Armas de fogo e tecidos de algodão eram os artigos mais cobiçados. Casas comerciais britânicas estavam espalhadas pelos principais pontos de desembarque de escravos na América para facilitar as transações comerciais entre britânicos e traficantes europeus, estadunidenses e brasileiros.


Súditos britânicos também financiavam viagens de navios negreiros de outros países; ricos empresários tinham ações em companhias de mineração em Cuba e no Brasil que empregavam trabalhadores escravizados; companhias inglesas forneciam algemas, armas de fogo e pólvora utilizadas pelos traficantes nas arriscadas viagens escravistas pelo Atlântico. Documentos da época fazem referência às boas relações dos comerciantes britânicos com traficantes de escravizados do Rio de Janeiro e da Bahia. 


O amplo envolvimento do capital britânico no tráfico transatlântico era frequentemente denunciado por sociedades antiescravistas inglesas, que cobravam da Coroa e do Parlamento medidas efetivas para punir os envolvidos. Autoridades e traficantes dos Estados Unidos e do Brasil também se queixavam do governo britânico, que perseguia e capturava embarcações escravistas de outros países, mas tolerava a participação dos seus súditos no comércio de africanos escravizados. Os interesses econômicos ingleses pareciam se sobrepor às questões humanitárias.



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