Independência na América espanhola (aula 02) - Os primeiros levantes.
Os primeiros levantes
No final do século XVIII, as condições de vida das pessoas pobres na América espanhola eram precárias, e grande parte da população era obrigada a realizar trabalhos pesados nas lavouras e nas minas para se sustentar. Nesse contexto, surgiram diversas manifestações populares de insatisfação contra o governo espanhol, nas quais reivindicavam-se melhores condições de vida. Essas manifestações, promovidas essencialmente por indígenas e mestiços, tinham um caráter mais social do que político, e foram duramente reprimidas pelas tropas espanholas.
Além da desigualdade social (estudada na aula 01 deste assunto, a América espanhola vivia um outro problema, a exclusão social. O que é a exclusão social?
A OPS define exclusão social como um processo estrutural, multidimensional, que envolve a falta de recursos e oportunidades e a falta de pertencimento como um produto da ruptura dos laços sociais que permitem que os indivíduos integrem uma rede social (OPS, 2003).
Grupos como africanos escravizados, indígenas e mestiços eram vítimas desse processo de exclusão social na América espanhola.
Em 1780, um movimento popular liderado pelo indígena José Gabriel Nogueira, mais conhecido como Tupac Amaru II (1742 - 1781) repercutiu em diversas regiões do Vice-reino do Peru. Ele se dizia descendente de Tupac Amaru I (c. 1545 - 1572), o último soberano inca a enfrentar os conquistadores espanhóis, ainda no século XVI. Por esse motivo, a figura do líder indígena vinha inspirando movimentos em várias regiões da América espanhola contra a dominação metropolitana.
Liderados por Tupac Amaru II, os revolucionários atacaram os corregidores*, saquearam os obrajes** e ocuparam aldeias. No início, esse levante popular teve a participação de alguns criollos que estavam insatisfeitos com o governo espanhol, principalmente por causa do aumento de impostos.
* Corregidores: chefes políticos locais
** Obrajes: oficinas têxteis que exploravam a mão de obra indígena.
Muitos desses criollos, porém, assustados com a radicalização do movimento de independência, decidiram apoiar a Coroa espanhola no combate ao levante, buscando com isso, preservar seus interesses e privilégios. Após vários conflitos, o movimento se desintegrou e seus líderes, incluindo Tupac Amaru II, foram executados.
Tupac Amaru II foi executado
> No contexto dos movimentos da História política, geralmente a elite é conservadora, pois, de maneira egoísta e sem noção unidade, tenta conservar os seus interesses e privilégios. Chapetones e criollos eram indiferentes as desigualdades sociais, exclusão social, pobreza, fome, violência, exploração e outras mazelas nitidamente observadas até os dias de hoje.
> As ideias progressistas (de mudanças) são mais comuns nas camadas mais baixas, em pessoas que não foram alienadas pelo sistema dominante e se incomodam com as desigualdades e injustiças sociais existentes a sua volta.
A participação das elites
À medida que o Estado espanhol se mostrava em franca decadência e os levantes das camadas populares tornavam-se mais frequentes e mais intensos, as elites coloniais passaram então a apoiar a independência de suas colônias como forma de proteger os seus interesses políticos e econômicos. Apesar de lutarem pela liberdade política e econômica das colônias, os membros das elites criollas procuravam manter a estrutura social vigente, ou seja, mesmo com a independência, o objetivo era manter a desigualdade social, a exclusão e as injustiças.
> a elite se aproveitou:
- enfraquecimento da Espanha, após as invasões francesas;
- insatisfação popular, a indignação de parte dos integrantes das classes mais baixas (indígenas e mestiços) que iniciaram os primeiros levantes;
- oportunidade de manter os seus privilégios e aumentar o poder local;
- os ideais iluministas (igualdade, liberdade e fraternidade);
- os exemplos práticos obtidos com as Revoluções Americanas e Francesa (exemplos de lutas contra o absolutismo monárquico e o mercantilismo).
> A elite não queria a independência para a melhoria de vida de todos os cidadão, mas sim, para conservar os privilégios já existentes e ampliação dos seus poderes após a queda do poder metropolitano.
A partir de 1810, iniciaram as insurreições pela independência das colônias, primeiramente nas capitanias da Venezuela e do Chile e nos Vice-reinos do Rio da Prata (que hoje correspondem aos atuais territórios do Paraguai, Uruguai, Argentina e Bolívia). Dos líderes que comandavam os movimentos de independência, dois se destacaram: San Martín (c. 1778 - 1850) e Simón Bolívar (1783 - 1830).
San Martín e as independências
Simon Bolívar e a paz continental
O "bolivarianismo"
Exercícios
01 - No final do século XVIII, como eram as condições de vida das pessoas pobres na América espanhola? Explique:
02 - Em qual contexto, surgiram diversas manifestações populares de insatisfação contra o governo espanhol?
03 - O que as manifestações populares de insatisfação contra o governo espanhol reivindicavam?
04 - O que é exclusão social?
05 - Na sua opinião, hoje ainda existe exclusão social? Justifique a sua resposta:
06 - Na sociedade colonial da América espanhola, quais eram os grupos mais excluídos?
07 - Quem foi Tupac Amaru II?
08 - Liderados por Tupac Amaru II, os revolucionários fizeram:
09 - No contexto histórico da revolta de Tupac Amaru II, como foi a atuação dos criollos?
10 - Informe as principais diferenças entre progressistas (revolucionários) e conservadores:
11 - Como foi o final da Revolta de Tupac Amaru II?
12 - Cite cinco fatores que justificam a participação das elites no processo de independência da América espanhola:
13 - A partir de 1810, quais foram as regiões que iniciaram as insurreições pela independência das colônias?
14 - Informe o nome de dois líderes do processo de independência da América espanhola:
FIM
Próxima aula
A independência do México
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