Segundo Reinado (parte 02) - Guerra do Paraguai e seu declínio.
O foco dessa aula é a segunda metade do Governo de Dom Pedro II. Porém, antes de iniciarmos esse assunto, precisamos analisar como era composto o jogo político da época do Segundo Reinado.
Política no Segundo Reinado
- Monarquia Constitucional Parlamentarista;
- Parlamentarismo às avessas;
- Poder Moderador;
- Partido Liberal X partido conservador;
- Sucessão e revezamento na presidente do Conselho de Ministros (equivalente ao primeiro-ministro.
O Segundo Reinado, que durou de 1840 a 1889, foi um período de relativa estabilidade política (na primeira metade do governo - até parte da década de 1870) e grandes transformações no Brasil. A política desse período pode ser caracterizada por um sistema de monarquia constitucional parlamentarista, onde o imperador tinha um papel central na mediação dos conflitos políticos.
Principais Grupos Políticos
1. Partido Liberal (Luzias):
- Características: Defendiam mais autonomia provincial e eram geralmente apoiados pelos fazendeiros de café e pela elite urbana.
- Participação: Os liberais buscavam reformas que descentralizassem o poder e aumentassem a participação política das províncias. Eles alternavam no poder com os conservadores, dependendo do apoio do imperador.
2. Partido Conservador (Saquaremas):
- Características: Defendiam a centralização do poder e eram apoiados pela elite rural e pelos grandes proprietários de terra.
- Participação: Os conservadores eram mais favoráveis à manutenção da ordem e da hierarquia social. Eles também alternavam no poder com os liberais, conforme a vontade do imperador.
Participação dos Grupos Políticos (Parlamentarismo às avessas)
Durante o Segundo Reinado, a política brasileira foi marcada pelo sistema conhecido como "parlamentarismo às avessas". Nesse sistema, o imperador tinha o poder de nomear o presidente do Conselho de Ministros (equivalente ao primeiro-ministro) a partir de uma lista tríplice apresentada pelos partidos. Isso permitia ao imperador manter um equilíbrio entre os interesses dos liberais e conservadores, dissolvendo a Câmara dos Deputados e convocando novas eleições quando necessário.
O Poder Moderador do imperador
O Poder Moderador era uma ferramenta essencial nesse processo, permitindo ao imperador intervir diretamente na política para resolver conflitos e garantir a estabilidade do governo. Essa centralização do poder nas mãos do imperador foi uma característica marcante do Segundo Reinado.
Os partidos liberais e conservadores, apesar de suas diferenças, compartilhavam muitos interesses comuns, como a manutenção da ordem social e a promoção do desenvolvimento econômico. A alternância no poder entre esses grupos ajudou a manter a estabilidade política durante grande parte do Segundo Reinado.
Fascinante como esses grupos políticos moldaram a história do Brasil, não acha?
Fatos Importantes do Segundo Reinado
A segunda metade do governo de Dom Pedro II, que se estendeu de 1850 até 1889, foi marcada por importantes transformações políticas, sociais e econômicas no Brasil.
- Lei de Terras (1850): Esta lei marcou a regulamentação da propriedade fundiária no Brasil, restringindo a aquisição de terras públicas apenas por compra. Isso consolidou o poder dos grandes latifundiários e limitou o acesso à terra para os pequenos produtores.
Leis Abolicionistas - processo longo e gradual em relação ao fim da escravidão no Brasil.
Processo longo e gradual - a elite brasileira não desejava a abdicação. Veja os fatores que justificam essa afirmação:
O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão, com a promulgação da Lei Áurea em 1888. Existem várias razões para essa tardança:
1. Economia Baseada no Trabalho Escravo: A economia brasileira era fortemente dependente do trabalho escravo, especialmente na produção de café, açúcar e outros produtos agrícolas. A abolição da escravidão representaria um grande desafio econômico e social.
2. Resistência política e social: Havia uma forte resistência política e social à abolição da escravidão. Grandes proprietários de terras e outros interesses econômicos influentes temiam a perda de mão de obra barata e a instabilidade que a abolição poderia trazer.
3. Pressão Internacional: Embora a pressão internacional, especialmente de países como o Reino Unido (desejava o fim da escravidão visando o aumentodo do mercado consumidor de seus produtos manufaturados), tenha aumentado, o Brasil demorou a responder a essas pressões devido à sua dependência econômica da escravidão. Um exemplo de pressão da Grã-Bretanha foi a Lei Bill Aberdeen.
4. Movimento Abolicionista: O movimento abolicionista no Brasil ganhou força ao longo do século XIX, mas enfrentou muitas dificuldades e resistências antes de conseguir a abolição completa.
5. Transição Gradual: O Brasil optou por uma abolição gradual, com a Lei Eusébio de Queirós em 1850 que proibiu o tráfico de escravos, a Lei do Ventre Livre em 1871 que declarou livres os filhos de escravas nascidos a partir daquela data e a Lei dos Sexagenários. Essas medidas foram passos importantes, mas a abolição completa só ocorreu em 1888.
A abolição da escravidão no Brasil foi um processo complexo e demorado, influenciado por uma combinação de fatores econômicos, sociais e políticos.
O movimento abolicionista ganhou forças na segunda metade do século XIX
O movimento abolicionista ganhou força durante a segunda metade do Segundo Reinado, resultando na promulgação de várias leis importantes:
- Lei Bill Aberdeen (1845): Esta lei, promulgada pelo Parlamento Britânico, permitia à Marinha Real Britânica apreender navios negreiros e julgar seus tripulantes, pressionando o Brasil a acabar com o tráfico de escravos.
- Lei Eusébio de Queirós (1850): Proibiu o tráfico de escravos para o Brasil, uma medida fundamental que começou a minar a base econômica do sistema escravista.
- Lei do Ventre Livre (1871): Declarou livres todos os filhos de escravas nascidos a partir daquela data.
- Lei dos Sexagenários (1885): Concedeu liberdade a todos os escravos com mais de 60 anos.
- Lei Áurea (1888): Aboliu definitivamente a escravidão no Brasil, assinada pela Princesa Isabel.
Guerra do Paraguai (1864-1870)
O que foi a Guerra do Paraguai?
A Guerra do Paraguai foi um conflito militar entre o Paraguai e a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai). Os principais motivos para a guerra foram disputas territoriais e a ambição do ditador paraguaio, Francisco Solano López, de expandir seu território.
O Paraguai antes da Guerra
Antes da Guerra do Paraguai, a economia do Paraguai era predominantemente agrária, com uma forte dependência da agricultura e da pecuária. O país possuía uma economia florescente, com terras férteis que produziam alimentos e produtos agrícolas para exportação. Além disso, o Paraguai tinha uma indústria emergente, especialmente na produção de charque (carne seca), que era um importante produto de exportação.
A economia paraguaia também se beneficiava do comércio com seus vizinhos, especialmente com o Brasil e a Argentina, através do rio Paraná, que era uma via fluvial crucial para o transporte de mercadorias. No entanto, a economia do Paraguai era relativamente isolada e dependia fortemente do ditador Francisco Solano López, que buscava expandir o território paraguaio para garantir uma saída para o mar e aumentar a influência do país na região.
Principais personagens do conflito:
- Francisco Solano López: Ditador paraguaio e principal causador do conflito.
- Duque de Caxias: Líder militar brasileiro que desempenhou um papel crucial na guerra.
- Bartolomé Mitre: Presidente argentino e líder militar da Tríplice Aliança.
- Venancio Flores: Presidente uruguaio e aliado na guerra.
Desfecho da Guerra do Paraguai
A guerra terminou em 1870 com a derrota do Paraguai, que sofreu grandes perdas humanas e materiais. A Tríplice Aliança venceu o conflito, mas o Brasil enfrentou grandes custos humanos e financeiros.
A guerra teve um impacto devastador na economia paraguaia, arrasando suas terras, destruindo suas indústrias e colapsando sua infraestrutura. O Paraguai saiu do conflito em uma situação financeira precária, enquanto o Brasil emergiu como a maior potência econômica da região.
Impactos da Guerra do Paraguai
- Desgaste militar e econômico: O conflito gerou grande desgaste econômico e militar para o Brasil, contribuindo para a instabilidade política.
- Fortalecimento dos ideais Republicanos: A guerra aumentou o descontentamento entre os militares, que se tornaram uma força política cada vez mais influente e começaram a questionar a monarquia.
Influência e fortalecimento dos ideais republicanos
O desgaste causado pela Guerra do Paraguai e o crescente descontentamento com a monarquia fortaleceram os ideais republicanos. A crise econômica, aliada à abolição da escravatura, que enfraqueceu o apoio das elites rurais ao regime, preparou o terreno para a Proclamação da República em 1889, liderada por Marechal Deodoro da Fonseca.
Dom Pedro II, apesar de ser um monarca amado por muitos, não conseguiu conter os ventos de mudança que varreram o Brasil no final do século XIX, resultando na transição de um regime monárquico para uma república.
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Fascinante como esse período foi repleto de mudanças profundas que moldaram o Brasil moderno, né?
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