sábado, 6 de janeiro de 2024

Transformações na paisagem amazônica

Transformações na paisagem amazônica


Amazônia e seus primeiros habitantes


As terras que fazem parte do bioma Amazônia estão distribuídas entre Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela, Suriname e as Guianas. A maior parte dessa região está situada no Brasil (59%) e recebe o nome de Amazônia Legal. Ela engloba os estados do Pará, Amazonas, Roraima, Acre, Rondônia e Tocantins, além de parte dos estados do Maranhão, Goiás e Mato Grosso.


O bioma Amazônia abriga a maior bacia hidrográfica do mundo, um terço de toda a madeira tropical do planeta e uma diversidade de plantas e animais. Além disso, na parte brasileira desse bioma reside mais da metade da população indígena do país. Por isso, a preservação da Amazônia não é uma luta apenas ambiental, mas também sociocultural.


Segundo a arqueóloga estadunidense Anna Roosevelt, a ocupação humana comprovadamente mais antiga na Amazônia é de 11.200 anos, que corresponde à idade dos registros encontrados na Caverna da Pedra Pintada, em Monte Ale-gre, no estado do Pará. Os primeiros povoadores amazônicos usavam o interior das cavernas como abrigo e local para praticar sua arte e seus rituais religiosos.


Mas alguns também habitavam abrigos provisórios feitos de madeira e palha, pois mudavam regularmente de lugar.


Os modo de vida dos povos amazônicos


Os registros encontrados no interior das grutas nos mostram alguns aspectos do cotidiano dos povos ama-zônicos. Nas paredes, eles pintavam cenas de animais, pessoas e astros. Além de figuras, desenhavam motivos geométricos abstratos. Também faziam artesana-to. Para produzir instrumentos como facas e lanças, usavam cristal de quartzo e sílex, lascados ou polidos,entre outros materiais.


Registros de cerca de 8 mil anos levam a crer que os grupos humanos da região eram nômades e viviam da caça de pequenos animais, da coleta de frutos e raízes e da pesca. Os moradores da Caverna da Pedra Pintada, por exemplo, eram caçadores-coletores. Alimentavam-se de jutaí (jatobá), pitomba, castanha-do-pará, tucumã e outros frutos. Pescavam peixes, tartarugas, anfíbios e moluscos.


Outras evidências indicam que na mesma época havia grupos humanos vivendo em diferentes partes da Amazonia. Eles nลืo estavam isolados uns dos outros, mas articulados em redes locais e regionais de trocas de produtos, migrações e guerras. Pela grande oferta de pescado e moluscos e pela facilidade do transporte, muitos grupos se estabeleceram às margens do Rio Amazonas e de seus afluentes. Seus rastros podem ser vistos em vários sambaquis da região.


Os antigos indígenas amazônicos desenvolveram diferentes formas de intervir na floresta, dispersando espécies e plantando árvores. A atual floresta amazônica não é "selvagem". Ela foi, de alguma forma, modificada pelos antigos indígenas da região em um processo que levou milhares de anos. O uso contínuo da floresta re-sultou, a partir de 8 mil anos atrás, na domesticação de várias espécies: cacau, castanha-do-pará, mandioca, pupunha, açaí, urucum, entre outras.


Desmatamento da Amazônia brasileira


Em meados do século XX, incentivos do governo a empresas e pessoas interessadas em explorar a Amazônia estimularam atividades que destruíram matas, expulsaram povos tradicionais e multiplicaram os conflitos na região.


A agricultura e a sedentarização 


Entre 4 mil e 3 mil anos atrás, os povos da região amazônica se tornaram mais dependentes da agricultura e iniciaram um processo de sedentarização, o que permitiu a formação de grandes aldeias.


A atividade agrícola era exercida pela família e pelo grupo de parentes próximos.


Não era uma agricultura especializada em uma única planta. Cultivavam diversas espécies na mesma área e, assim, garantiam alimentos variados para o ano todo.


Eles incluíam a mandioca, o milho e a batata-doce, que se somavam aos recursos dos rios e da floresta.


Abrindo roçados com machados de pedra, os antigos indígenas desmataram muito pouco a floresta amazônica se compararmos com a ação da agropecuária comercial dos dias de hoje. Eles preferiam reutilizar as capoeiras e cultivar apenas algumas espécies de plantas.


Não podemos esquecer que os antigos amazônicos não dependiam somente da agricultura, mas praticavam uma economia que combinava caça, pesca, coleta , e artesanato.



Capoeira: área da floresta derrubada com o objetivo de fazer um pequeno cultivo e onde a mata depois começa a crescer.



As sociedades complexas da Amazônia


Segundo a arqueóloga Anna Roosevelt, algumas sociedades amazônicas adotaram o sedentarismo e passaram a viver em grandes aglomerados, com complexas formas de produção e comercialização de alimentos. Construíram estradas, represas, pontes e geoglifos, enormes desenhos feitos no solo, por meio de valas, que provavelmente tinham função ritual. Vários deles podem ser vistos hoje no estado do Acre.


Aquelas sociedades desenvolveram um refinado artesanato em cerâmica com fins rituais e comerciais.


Entre os objetos de cerâmica que produziam havia urnas funerárias, bacias, pratos, tigelas e outras vasilhas de uso cotidiano. As mais antigas cerâmicas da América, com idade aproximada de 6 mil anos, foram encontradas na região entre Santarém e a Ilha de Marajó, no Pará.


A devastação vista do espaço


As queimadas e os desmatamentos na Amazônia são fotografados por satélites artificiais desde os anos 1970. Documentando décadas de destruição, as imagens mostram que o agronegócio é a principal atividade nas áreas desmatadas.


Cultura marajoara


Allha de Marajó, no Pará, é o maior arquipélago fluvial-marítimo do mundo (veja o mapa da página seguinte). Foi ali que surgiu, a partir do século IV d.C., a chamada civilização Marajoara. Por sua localização, a pesca foi uma atividade muito desenvolvida por seus habitantes.

Os Marajoara também construíam, sobre uma área inundável, montes de terra monumentais com dezenas de metros de comprimento e até 12 metros de altura, chamados de tesos pelos atuais moradores da região. Acredita-se que esses montes tinham fins cerimoniais (culto aos antepassados) ou funerários, além de servir de moradia.


Além disso, a civilização Marajoara criou uma tradição de cerâmica de admirável beleza e sofisticação, com decoração de motivos figurativos e abstratos. Muitas pe-ças, como pratos, urnas funerárias, estatuetas e tangas, trazem representações de seres com formas humanas e animais. Para alguns pesquisadores, seria um indício de que aquele povo acreditava no poder do xamã de se transformar em animais.


A complexa cultura Marajoara desapareceu antes da chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500.


Xamã: líder espiritual das comunidades tradicionais da América e da Ásia a quem se atribui o poder de cura, de adivinhação e de comunicação com os espíritos.


O avanço do agronegócio


Para estudar a história do atual desmatamento da Amazônia e sua relação com as atividades econômicas do agronegócio, a profa. dra em geografia Mariana Soares Domingues interpretou imagens feitas por satélite em diferentes anos e fez estes mapas.


Os atuais indígenas da Amazônia


Os povos indígenas, além de desmatar pouco, ainda enriqueciam a floresta com o cultivo de novas espécies. Durante os milhares de anos de convivência com a floresta, não levaram nenhuma planta à extinção. É interessante notar que algumas frutas, cujos vestígios foram encontrados na caverna da Pedra Pintada, datados de 11 mil anos atrás, ainda existem na região e são muito consumidas pelos atuais indígenas e pelos demais povos da floresta.


Afinal, o modo como as populações caboclas e ribeirinhas usam a floresta, reaproveitando capoeiras e cultivando plantas que já existem no local, é bastante parecido com a tradição dos seus antepassados indígenas.


Assim, eles garantem sua subsistência e podem gerar riquezas sem levar à destruição do meio ambiente. A crença de que a floresta e os rios são habitados por seres encantados, que exigem respeito, também contribui para manter o equilíbrio da natureza.


Do outro lado, a exploração mecanizada da floresta por meio das mo-noculturas, o chamado agronegócio, destrói amplas áreas da mata, com toda a sua biodiversidade, provocando um aumento considerável no calor e no risco de incêndios.


Além do agronegócio, a exploração ilegal de madeira e os assentamentos do programa de reforma agrária também ameaçam o futuro da flores-ta. No entanto, nada se compara à abertura de pastos e lavouras de soja, que ocupam grandes extensões de terra e demandam o desmatamento em larga escala.


Documentário


Amazônia Sociedade Anônia (2019)


https://www.youtube.com/watch?v=4Nvaczpq0Js


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